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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 12. Ensino de Ciências

PROJETO INTERDISCIPLINAR NO ENSINO MÉDIO: JOVENS DESCOBRINDO A TERCEIRA IDADE

Leandro Duso  1
Renata Ramos Goulart  1
(1. Centro Tecnológico Universidade de Caxias do Sul / CETEC-UCS)
INTRODUÇÃO:

A escola de ensino médio CETEC/UCS tem como princípios norteadores: autonomia e responsabilidade, atitude científica, integração, solidariedade e respeito mútuo. Sua proposta pedagógica contempla a elaboração de projetos interdisciplinares baseados em eixos temáticos. Para a segunda série do ensino médio, esse eixo denomina-se “Quem sou?”, e tem como objetivo ampliar a compreensão do “Eu”, que envolve do fisiológico ao sociológico. Os educadores da Área de Ciências da Natureza, Matemática e suas Tecnologias e Educação Física, preocupados em promover atitudes e vivências de solidariedade desenvolveram o projeto “Jovens Descobrindo a Terceira Idade.”, durante o ano letivo de 2005. Nesse processo, o aprendizado partiu de modelos e linguagens das diversas disciplinas envolvidas, de forma contextualizada, interdisciplinar e vivencial. A escolha do tema surgiu pelos seguintes motivos: Há um número expressivo de jovens convivendo com um contingente crescente de idosos e, as diferenças percebidas entre jovens e eles, devem ser socialmente construídas e não apenas apresentarem-se emanadas de causas biológicas. Desconhece-se como os jovens constroem suas visões sobre o envelhecimento e desenvolvem atitudes e percepções sobre as pessoas idosas. Como os jovens constroem sua visão sobre o envelhecimento, buscando estabelecer relações entre os conteúdos das diferentes disciplinas proporcionando vivências com idosos.

METODOLOGIA:

O projeto foi aplicado em três etapas, seguindo a estrutura curricular trimestral da instituição de ensino. A primeira etapa ocorreu no 1º trimestre do ano letivo e se constituiu em ampliar informações capazes de levar aos estudantes a ter interesse e dar ênfase ao tema proposto. Para tanto, foram realizadas palestras com profissionais de diferentes áreas da saúde. Foi solicitada a realização de um memorial descritivo, individual, que apresentasse a visão de cada jovem sobre o idoso na sociedade, bem como o relato, em grupo, das atividades e conteúdos desenvolvidos. Na segunda etapa foi solicitado aos estudantes que, em grupo, organizassem a construção dos sistemas do corpo humano, sendo um de jovem e de um idoso ressaltando as características próprias de cada fase do desenvolvimento, estabelecendo uma inter-relação em cada aspecto. Na terceira etapa, os estudantes organizaram uma atividade prática quando foram abordados diferentes temas relacionados ao envelhecimento para recepcionar idosos e estudantes do ensino médio da rede pública.

RESULTADOS:

Com relação a  construção da visão de envelhecimento por partes dos jovens observou-se que se estrutura a partir de estereótipos, preconceitos e discriminações da mesma forma que apresentam quanto ao racismo e ao sexismo. No decorrer do processo, durante as abordagens pedagógicas e do relato no memorial descritivo destaca-se uma relevante mudança de percepção sobre o processo de envelhecimento. Houve uma acumulação de conhecimentos e avanços de modos de operar com eles, destacando a organização e vivência organizada para os grupos convidados. Os estudantes relataram ainda uma melhor compreensão dos conteúdos estudados e a relação deles com suas atividades diárias. Percebeu-se nitidamente maior clareza na integração dos conceitos e sua aplicabilidade. A sociabilização desenvolvida entre os grupos de estudantes proporcionou a eles uma melhor percepção das semelhanças e diferenças entre acontecimentos que se relacionam. O fato de os estudantes compartilharem entre si e com os docentes suas dúvidas, angústias, descobertas e sucessos levou à integração entre os educandos participantes e os convidados, tornando-se esse relacionamento um fator facilitador do aprendizado.

CONCLUSÕES:

Não podemos mais acreditar em um ensino que apresente conteúdos isolados, faz-se necessária a integração de conceitos das diferentes disciplinas, de maneira clara e objetiva, com exemplos de vivência no ambiente em que o aluno está inserido. Dessa forma, o aprendizado terá relevância e significado, permitindo aos estudantes buscar soluções para as situações – problema que irão enfrentar. A estratégia de projetos é um caminho promissor para a transformação dos espaços e das relações interpessoais dentro da sala de aula. Envolver alunos em projetos de trabalho e pesquisa significa, permitir-lhes um melhor reconhecimento de si mesmos e do mundo, estabelecendo relações significativas entre os conhecimentos que já têm e os que são investigados, despertando ainda mais a curiosidade por outros. A aula transforma-se numa pesquisa, numa indagação crítica sobre os problemas reais, conseguindo assim atingir os quatros pilares do conhecimento (Aprender a conhecer, Aprender a fazer, Aprender a viver juntos e Aprender a ser). Portanto, o projeto interdisciplinar, aqui apresentado, não é uma recepção passiva de conhecimentos, mas um processo ativo de elaboração e construção. As múltiplas interações entre os estudantes e as atividades desenvolvidas permitiram ampliar o crescimento conceitual através da ação, favorecendo ao máximo a construção de conhecimentos.

Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Terceira Idade; Projeto Interdisciplinar; Ensino Médio.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006