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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 1. Ética

POR UMA BUROCRACIA COM ÉTICA NA CIÊNCIA E NA UNIVERSIDADE.

Luiz Augusto Normanha Lima 1
Luiz Fabiano Seabra Ferreira 2
(1. PROF. DR. /UNIVERSIDADE ESTADUAL PAULISTA - UNESP- RIO CLARO. SP.; 2. CENTRO UNIVERSITÁRIO UNIMÓDULO – CARAGUATATUBA. SP. )
INTRODUÇÃO:

Em 2002 apresentamos no congresso da SBPC a compreensão da burocracia na Ciência e na Universidade, na visão de alguns docentes. Neste ano, novamente rediscutiremos o assunto propondo uma burocracia ética ou uma ética da burocracia na Ciência e na Universidade. No trabalho sobre significado de burocracia na universidade, o resultado foi o seguinte: As análises revelam que o significado da burocracia na Ciência é uma contradição existente entre uma ação necessária, mas que, da forma como vem sendo praticada, torna-se um empecilho para a dinamização das tarefas que os professores precisam cumprir. Muitas vezes são solicitados dados de forma diferente, em formulários diferentes, pois não há uma unificação do sistema de solicitações de recursos ou para os seus relatórios. Desta forma, a Burocracia é vista na ótica da legalidade, tem um aspecto legal, mas, este, por não ser unificado, torna-se inadequado para responder ao próprio sistema. Tem um aspecto social que caracteriza um tipo de conduta de todos os envolvidos, é o que permanece culturalmente e há ainda o aspecto político que se mistura com o aspecto técnico, principalmente no que diz respeito à seleção, ao ingresso e à continuidade da carreira docente universitária.  A burocracia tornou-se uma contradição, um “mal necessário”, algo que dificulta o próprio sistema. Há um limite na burocracia que não está sendo respeitado, pois não há uma interligação entre as agências de fomento à pesquisa.

METODOLOGIA:

A partir dos resultados acima descritos propomos para funcionários e para mais docentes a seguinte interrogação: qual a compreensão de ética na burocracia da Ciência e da Universidade? Utilizamos A Análise Qualitativa do Fenômeno Situado, neste caso o fenômeno da compreensão do que é ser ético na burocracia da ciência e da universidade. São análises de redução e interpretação fenomenológicas dos discursos de docentes que experienciam a burocracia. É realizada, também, a análise nomotética, procurando chegar às generalidades que se revelam no fenômeno da compreensão de ética da burocracia na ciência e na universidade.

RESULTADOS:

Há sempre uma disputa por dinheiro, bolsas. A falta de ética na burocracia está na pesquisa, muitos têm preconceitos com determinados tipos de pesquisas, isolando-as, na realidade não considerando o pesquisador, que passa a ser ou um indivíduo só, ou um articulador, que com outros passa a negociar a aprovação dos seus projetos, não precisa muito, pois são sempre entre amigos, comparsas, eliminando quem eles não gostam. Os congressos científicos em suas comissões cientificas, também, têm ocorrido falta de ética e aprovação às vezes sem condições científicas, tanto dos que avaliam como dos trabalhos aprovados. O caso da extensão, que é um trabalho de atendimento a comunidade, os pedidos de bolsas para tais projetos é um engodo. Sempre há projetos com dez, quinze, às vezes vinte bolsas e projetos com o mesmo tempo de existência, às vezes até mais, que nunca tiveram bolsa apesar de sempre terem solicitado. A universidade aplica uma avaliação quantitativa em relação aos projetos de extensão, tal avaliação não chega nem perto de analisar a integra ou a existência do projeto, ou seja, quem define o que é extensão e a quem agradar é um número muito pequeno de pessoas, quando a visão de extensão deveria estar concentrada para saber o que a comunidade quer e precisa. A universidade deveria ser um balcão de reinvidicação da comunidade, e não ao contrário, com uma manipulação das verbas para fazerem apenas o que querem ou agradar uma minoria.

CONCLUSÕES:

A burocracia é insustentável quando pensada como uma lógica para a classificação das universidades e suas respectivas linhas de pesquisa, no momento em que áreas ligadas a produções tecnológicas tendem a possuir uma maior facilidade para obter recursos junto a agências de fomento de pesquisa em detrimento de outras áreas de estudos, como por exemplo, a área das ciências humanas. Nesse sentido, a lógica estaria a serviço dos grandes interesses privados (mercado) de pesquisas, ou de como se colocam os resultados de pesquisas na universidade. Desta forma, sendo um mal necessário, faz-se necessário um aprofundamento, uma análise hermenêutica ou etimológico do mal. O filósofo Paul Ricoeur analisa a simbologia do mal entre os gregos e judeu-cristãos, estudando-os comparativamente e criticamente, mostrando os mitos do mal, que são um desafio à filosofia e à teologia, pois envolvem o questionamento das concepções de Deus vigentes no mundo ocidental. O mal diz respeito a uma problemática da liberdade, ou da moral; o homem inventa o bem e o mal. A causa principal do sofrimento é a violência exercida sobre o homem pelo homem. Em verdade, fazer mal é sempre, de modo direto ou indireto, prejudicar outrem, logo, é fazê-lo sofrer. E assim tem sido a burocracia na ciência e na universidade: um “mal necessário”. Frente a essa análise a burocracia passa a ser a ética do mal praticada na universidade e da ciência.

 
Palavras-chave: ÉTICA; BUROCRACIA; UNIVERSIDADE.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006