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D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica

ALTERAÇÕES CARDIOVASCULARES EM PACIENTES COM INSUFICIÊNCIA RENAL CRÔNICA TERMINAL

Roberto Henrique Heinisch 1
Joana Afeche Pimenta  1
Liana Miriam Miranda Heinisch  1
(1. Universidade Federal de Santa Catarina)
INTRODUÇÃO:

A prevalência de pacientes mantidos em programa crônico de diálise no Brasil mais que dobrou nos últimos dez anos, alcançando 59.153 pacientes em 2004. A mortalidade desses pacientes permanece elevada, em torno de 20% ao ano, sendo mais da metade por doenças cardiovasculares. Independente do diagnóstico etiológico da nefropatia, o risco de desenvolver doença cardiovascular (DCV) encontra-se aumentado entre os pacientes com insuficiência renal crônica (IRC), devido à maior prevalência dos fatores de risco tradicionais para DCV e à presença dos fatores de risco não tradicionais (relacionados à própria IRC). Assim, medidas intervencionistas visando à prevenção, investigação e tratamento desses fatores de risco, teriam um impacto considerável para prevenir ou retardar a desproporcional morbi-mortalidade cardiovascular que atinge os pacientes com IRC. Este estudo teve como objetivo delinear o perfil clínico-epidemiológico dos pacientes com IRC terminal e identificar as principais doenças cardiovasculares associadas e alguns de seus fatores de risco.

 

METODOLOGIA:

Estudo de casos transversal, descritivo, observacional, não controlado realizado com 30 pacientes, maiores de 15 anos, com insuficiência renal crônica terminal em terapia de reposição renal no setor de diálise de um hospital de ensino. Os dados foram obtidos diretamente com o paciente, através de entrevista, exame clínico e resultados dos exames complementares mais recentes. Foram considerados cardiopatas (grupo I), os pacientes com evidências clínicas ou em exames complementares de síndromes cardiovasculares, e do grupo II, os pacientes com IRC sem cardiopatia.  P<0,05 foi considerado estatisticamente significativo.

RESULTADOS:

A freqüência de cardiopatia foi de 63,3%, a maioria dos pacientes era do sexo masculino (n=16, 53%). 46% dos pacientes tiveram diagnóstico de IRC em fase de uremia, iniciando terapia de reposição renal logo após o diagnóstico. O grupo I era mais idoso do que o grupo II (p<0,01) e tinha níveis séricos de cálcio e potássio mais elevados (p<0,05). Não houve diferença significativa quanto ao valor da taxa de filtração glomerular e hematócrito, tempo de diagnóstico de IRC, diagnóstico etiológico da nefropatia, prevalência de hipertensão arterial sistêmica (HAS) e Diabetes Melito (DM), tempo de diagnóstico de DM e HAS, tempo de diálise ou tipo de diálise utilizada. As alterações cardiovasculares prevalentes foram hipertrofia ventricular esquerda (HVE) (43%), disfunção diastólica (40%), insuficiência cardíaca congestiva (20%), insuficiência coronariana (13%) e arritmias (13%).

CONCLUSÕES:

Pacientes com IRC terminal apresentaram alta freqüência de complicações cardiovasculares. As mais freqüentes encontradas foram HVE e disfunção diastólica. Nesta casuística, os pacientes cardiopatas eram mais idosos do que os pacientes sem cardiopatia.

 
Palavras-chave: insuficiência renal crônica; Doenças Cardiovasculares; Diálise.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006