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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 5. Protozoologia de Parasitos

AVALIAÇÃO DO PADRÃO DE SUSCEPTIBILIDADE AO BENZNIDAZOL EM POPULAÇÕES DO Trypanosoma cruzi SOB INFLUÊNCIA DE DIFERENTES FORMAS DE MANUTENÇÃO EM LABORATÓRIO

Geovam P. Crepalde 1
Fabiane Matos dos Santos  1
Sérgio Caldas  1
Vanja Maria Veloso  2
Marta de Lana  3
Maria Terezinha Bahia  1
(1. Núcleo de Pesquisas Biológicas/ NUPEB/UFOP; 2. Departamento de Parasitologia/ICB/UFMG; 3. Departamento de Analises Clinicas da Escola de Farmácia/DEACL/UFOP)
INTRODUÇÃO:

Apesar da susceptibilidade a quimioterápicos ser considerada uma característica estável do T. cruzi, diversos autores, utilizando diferentes protocolos têm obtido,  in vitro, cepas do T.cruzi resistentes ao benznidazol e ao nifurtimox (Nozaki et al, 1996, Larroque & Barnabé, 1995). Entretanto, estudos comparativos não demonstraram  correlação entre a susceptibilidade a drogas in vitro e in vivo (Neal & Van Bueren, 1988; Ribeiro Rodrigues, 1995). Estudos mais recentes têm demonstrado a indução de resistência e/ou seleção de populações resistentes a diferentes fármacos, após a pressão seletiva de medicamentos anti-T. cruzi (Buckner et al, 1998; Murta & Romanhã, 1998). Por outro lado, Veloso et al. (2001) demonstraram a indução “natural” de resistência ao benznidazol em populações do T. cruzi  isoladas de cães previamente infectados (2 a 10 anos de infecção) com a cepa parental Berenice-78, considerada 100% sensível ao benznidazol (Toledo et al, 1995).Este trabalho propõe determinar o grau de resistência ao benznidazol de populações de T. cruzi obtidas de cães cronicamente infectados com as cepas Berenice-78 e Berenice- 62 do T. cruzi, no momento do isolamento e após a sua manutenção no laboratório sob diferentes formas (sob pressão do benznidazol ou não).

 

METODOLOGIA:

Neste estudo, cinco populações do T. cruzi foram isoladas de cães infectados pelas cepas Berenice-62 (Be-62A e Be-62B) e Berenice-78 (Be-78C, Be-78D e  Be-78E). As populações do T. cruzi foram isoladas após 2 a 10 anos de infecção dos cães e passaram a ser submetidas a diferentes formas de manutenção em laboratório para avaliação da resposta ao Bz: (1) avaliação da susceptibilidade dos isolados ao Bz na primeira passagem sanguínea (PS) em camundongos; (2) manutenção dos isolados que apresentaram resistência ao Bz através de ciclos sucessivos de tratamento (CST) até a verificação da estabilidade do grau de resistência; (3) re-isolamento dos parasitos após a estabilização do grau de resistência ao Bz, e manutenção durante 6 a 12 meses através de PS em camundongos não tratados e em meio de cultura acelular, para avaliação da estabilidade do grau de resistência adquirido anteriormente sob a pressão do benznidazol.

 

RESULTADOS:

Após o isolamento as populações Be-78C, D e  E, e Be-62A e B apresentaram 77,8%, 90%, 80%, 0% e 20% de resistência ao Bz, respectivamente. Por outro lado, todos os isolados atingiram 100% de resistência após sua manutenção através de CST com Bz. Entretanto, o número de CST necessário para a estabilização deste nível de resistência foi variável (2-14 ciclos) entre as diferentes populações do T. cruzi  avaliadas.De forma interessante, quando estas populações foram mantidas em camundongos não tratados e em meio de cultura acelular, foi observada uma nova alteração do padrão de resistência ao Bz. O isolado Be-78C passou a apresentar 100% e 20% de resistência após 12 meses de manutenção em camundongos não tratados e em cultura acelular, respectivamente. Os isolados Be-78D e o Be-62B apresentaram uma leve alteração no índice de resistência após 6 meses de manutenção em camundongos não tratados (90% de resistência).Por outro lado, o isolado Be-78E  apresentou uma alteração mais marcante do nível de resistência ao Bz do após a sua manutenção durante 6 meses em camundongos não tratados, tendo sido observado apenas 60% de resistência ao BZ

 

CONCLUSÕES:
Este trabalho vem demonstrando que diferentes formas de manutenção podem alterar, de forma variável, a estabilidade do perfíl de resistência/susceptibilidade ao Benznidazol, das populações do T. cruzi avaliadas.
Instituição de fomento: CNPq, FAPEMIG, UFOP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Doença de Chagas; Benznidazol; populações de T. cruzi .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006