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D. Ciências da Saúde - 5. Farmácia - 6. Farmácia

INFLUÊNCIA DO POLIMORFISMO DA APOLIPOPROTEÍNA E SOBRE A EXPRESSÃO GÊNICA E O PERFIL LIPÍDICO SÉRICO EM INDIVÍDUOS HIPERCOLESTEROLÊMICOS TRATADOS COM ATORVASTATINA

 

 

Verônica Simões de Oliveira 1
Maria Alice Vieira Willrich 1
Simone Cohen Sorkin 1
Fabiana Dalla Vecchia 1
Mario Hiroyuki Hirata 1
Rosario Dominguez Crespo Hirata 1
(1. Universidade de São Paulo)
INTRODUÇÃO:

 A apolipoproteína E (apo E) é uma glicoproteína constituinte das lipoproteínas ricas em triglicérides. A apo E participa no transporte e na distribuição de lipídeos e direciona o metabolismo de colesterol e triglicerídeos endógenos (via VLDL) e os oriundos da dieta (via quilomícrons), distribuindo-os para as células dos tecidos periféricos e também para o fígado. O polimorfismo mais comum do gene da apo E (APOE) ocorre no éxon 4 (polimorfismo HhaI) que dá origem a três formas alélicas designadas: E2, E3 e E4, as quais codificam as três isoformas da proteína: apo E2, apo E3 e apo E4, e as combinações possíveis dos três alelos do gene APOE dão origem a seis genótipos diferentes. Estima-se que o polimorfismo da apo E é o responsável por aproximadamente 10% das variações encontradas nas concentrações plasmáticas do colesterol na população em geral. Um tratamento possível para controle da hipercolesterolemia é o uso de medicamentos hipolipemiantes, como as vastatinas. A fim de avaliar o efeito do polimorfismo do gene APOE sobre a resposta farmacológica à atorvastatina, foram avaliados o perfil lipídico e a expressão do mRNA do gene APOE em indivíduos hipercolesterolêmicos e normolipidêmicos.

METODOLOGIA:

 Os indivíduos selecionados foram convidados e assinaram o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido. O protocolo de pesquisa foi aprovado pelos comitês de ética do HU/USP e da FCF/USP. Os indivíduos hipercolesterolêmicos foram orientados a fazer dieta com baixo teor de colesterol e gordura saturada por quatro semanas e os que permaneceram com valores séricos de LDL-C acima de 160 mg/dL foram tratados com atorvastatina (10 mg por dia) durante quatro semanas. Foram coletadas amostras de sangue de 31 indivíduos hipercolesterolêmicos (HC) e 27 normolipidêmicos (NL). Essas amostras foram utilizadas para análise do perfil lipídico, extração de DNA e extração de RNA. A extração de DNA e RNA foi realizada a partir de sangue total periférico, por precipitação salina e TRIZOL, respectivamente. A amplificação da região polimórfica HhaI do gene APOE foi realizada por meio da reação em cadeia pela polimerase (PCR) e a genotipagem foi realizada por análise de fragmentos de restrição com a enzima HhaI (RFLP). A análise da expressão de gênica foi realizada em células mononucleares do sangue periférico. O cDNA foi sintetizado, a partir do RNAm, utilizando-se a enzima transcriptase reversa (RT). O gene da gliceraldeído 3-fosfato-desidrogenase (GAPD) foi utilizado como controle endógeno. Os ensaio de PCR-duplex utilizando cDNA dos genes APOE e GAPD foram realizados e a partir disso foi realizada a análise densitométrica das bandas obtidas para quantificação relativa da expressão gênica.

RESULTADOS:

 No grupo HC, a freqüência dos genótipos E3/E3 e E3/E4 foram 74,2% e 25,8%, respectivamente. No grupo NL, 14,8% tinham genótipo E2/E3; 59,3%, E3/E3; 18,5% E3/E4 e 7,4% E4/E4.. No grupo NL não foram observadas diferenças nos lipídeos séricos entre os portadores dos genótipos E3/E3 e E3/E4. No grupo HC, observou-se a tendência de concentrações maiores de colesterol total nos portadores de E3/E4 quando comparado com o E3/E3, no período basal (p=0,088). Os pacientes HC com genótipo E3/E4 apresentaram concentrações basais de apolipoproteína B (apo B) sérica (164,7 ± 20,0 mg/dL) mais elevadas que os portadores do genótipo E3/E3 (134,6 ± 24,4 mg/dL, p=0,004). Após o tratamento com atorvastatina, houve redução significativa da concentração sérica de colesterol total, LDL-colesterol e apo B (p < 0,05) que foi independente do genótipo APOE. Observou-se aumento significativo de apolipoproteína AI (apo AI) sérica após o tratamento apenas para os indivíduos com genótipo E3/E3. A expressão basal de mRNA do gene APOE em células mononucleares do sangue periférico de portadores do genótipo E3/E3 foi similar a dos portadores do genótipo E3/E4, em ambos os grupos HC e NL. Não foram observadas diferenças na expressão gênica antes e após o tratamento com atorvastatina. Também não foi observada relação entre o polimorfismo APOE e a expressão gênica após o tratamento.

CONCLUSÕES:

 O polimorfismo do gene APOE está associado com variações nas concentrações de apo B sérica basal e de apo AI sérica pós-tratamento com atorvastatina. A expressão do mRNA do gene APOE não foi influenciada pelo polimorfismo genético e pelo tratamento com atorvastatina.

Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: apolipoproteína E; atorvastatina; polimorfismo.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006