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D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional
AVALIAÇÃO HISTOPATOLÓGICA DO TRATAMENTO DE ÚLCERAS DE DECÚBITO EM ANIMAIS DE LABORATÓRIO
Simone Cristina Jabuonski 1
Viviane Rostirola Elsner 1
Miriam Salete Wilk Wisniewski 1
Silvane Souza Roman 1
(1. Fisioterapia, Universidade Regional Integrada do Alto Uruguai e das Missões -URI)
INTRODUÇÃO:

A pele é o maior órgão de proteção do corpo e a cicatrização, um processo orgânico de restauração da lesão induzido por agressão local. As úlceras de decúbito (UD) são lesões teciduais isquêmicas produzidas por pressões contínuas sobre o tecido, que causam necrose por interrupção circulatória, deixando-a suscetível à infecções e complicações. Grande parte dos portadores de UD são idosos, acamados, tetraplégicos, ou seja, indivíduos expostos há inatividade de certas regiões ou com perda sensorial, possibilitando, portanto a formação de uma úlcera de pressão e dificultando sua cicatrização. Segundo alguns estudos, a presença destas lesões conduz a um mau prognóstico, pois está associado a um aumento de até quatro vezes nas mortes hospitalares. Sua incidência pode ser reduzida consideravelmente desde que sejam seguidas medidas preventivas. No entanto, alguns serviços as desconhecem e mesmo naqueles que as aplicam, o sistema é ineficaz, elevando, portanto, as taxas de incidência. Na tentativa de cura, várias terapêuticas são utilizadas popularmente, mas escassas são as referências científicas encontradas. Os Triglicerídeos de Cadeia Média (TCM) e o açúcar cristal também são utilizados. Assim foi objetivo deste experimento observar, macroscopicamente, a evolução cicatricial de UD induzidas em animais de laboratório, quando tratadas com TCM.

METODOLOGIA:

Neste experimento foram utilizados quinze ratos machos da linhagem Wistar-Tecpar, fornecidos pelo Biotério da URI, divididos aleatória e probabilisticamente em três grupos amostrais: Controle Positivo ou I, Experimental ou II e Controle Negativo ou III. Os animais foram separados em gaiolas individuais, mantidos com temperatura, umidade e iluminação controlados, acesso a água e comida ad libitum e higienização semanal. As escaras foram induzidas através da fixação de implante metálico. Após surgimento, os animais foram anestesiados com zoletil 50 (intra-muscular), pesados e as lesões medidas com paquímetro, nos sentidos longitudinal e transversal. Na seqüência, higienizaram-se as úlceras com soro fisiológico, aplicando-se seis gotas de TCM em cada lesão no grupo II, e, açúcar cristal, no grupo I. Ambos os tratamentos foram aplicados durante 24 horas, em intervalos de 8 horas. Os animais do grupo III passaram pelos mesmos procedimentos, porém sem tratamento. Após as 24hs, foram eutanasiados com dosagem letal de Zoletil, novamente pesados e medidos. A seguir a área lesada foi coletada para o processamento histológico rotineiro em parafina e os cortes histológicos corados com hematoxilina e eosina para a análise microscópica.  O projeto de pesquisa foi aprovado pelo Comitê de Bioética, sob Parecer No. 093-1/PIA/04. Para análise estatística dos resultados utilizou-se o teste t-estudent para amostras pareadas, considerando resultado significativo quando p< 0,005.

RESULTADOS:

Analisando-se inicialmente a dimensão peso, pré e pós-tratamento, nos três grupos, obtivemos que os grupos III e II apresentaram diferença estatisticamente significativa entre suas médias, pois (t‹4›= 4,947; p= 0,008) e (t(4)= 4,911; p= 0,008), respectivamente. Já o grupo I não apresentou diferença estatisticamente significativa (t(4)= 1,096; p= 0,335). Analisando-se macroscopicamente, as medidas longitudinal (ML) e transversal (MT) pré e pós-tratamento, a fim de se observar o grau de retração cicatricial, obtivemos no grupo III, diferença estatisticamente significativa entre as médias das MT pois (t(4)= 4,805; p=0,09) e diferença estatisticamente limítrofe entre as médias das ML t(4)= 2,863; p= 0,046). Isto fez supor que mesmo sem tratamento, após 24 horas, houve redução da UD. No grupo I, houve diferença estatisticamente significativa entre as médias das MT (t(4)= 5,782; p=0,004) e ML (t(4)= 4,189; p= 0,014). Esses permitem inferir que a aplicação de açúcar cristal contribuiu para a redução destas lesões que se apresentavam avermelhadas e sem a presença de tecido de granulação. No grupo II, foi observado diferença estatisticamente significativa entre as médias das MT (t(4)= 3,770; p=0,020) e ML (t(4)= 5,324; p= 0,006). Com esses pode-se supor que o TCM promoveu a redução da lesão que não continha tecido de granulação e apresentava-se avermelhada e profunda, sugerindo cicatrização gradativa, iniciada nas camadas teciduais mais profundas, a ser comprovada microscopicamente.

CONCLUSÕES:

Úlceras de decúbito instalam-se com freqüência em indivíduos debilitados, o que por si só dificulta a cicatrização. Conhecendo-se qual método permite uma melhor recuperação tecidual da lesão, com indicadores histológicos favoráveis, contribuiria para a eficácia do tratamento. Macroscopicamente, neste experimento, observamos que todas as úlceras de decúbito, tanto as tratadas com açúcar cristal quanto com o Triglicerídeo de Cadeia Média, apresentaram resultados estatisticamente significativos. Porém mesmo sem a aplicação de tratamento, as úlceras de decúbito induzidas regrediram macroscopicamente. Poderia-se então supor que tanto o açúcar cristal, como o Triglicerídeo de Cadeia Média ou mesmo a ausência de tratamento algum, conduz a cicatrização deste tipo de lesão, em animais de laboratório, quando analisadas macroscopicamente. Faz-se agora indispensável, analisar histologicamente as lesões dos diferentes grupos, comparando com os resultados macroscópicos, no intuito de identificar a reparação cicatricial acelerada de forma gradual e eficaz.

Instituição de fomento: URI - Campus Erechim através do PIIC
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Úlcera de Decúbito; Triglicerideo de Cadeia Média; Cicatrização.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006