O gênero Lychnophora (tribo Vernoniaeae, Asteraceae) é distribuído amplamente no Brasil e algumas espécies são popularmente conhecidas como “arnica“, “falsa arnica” ou “arnica da serra”. As espécies são nativas de campos rupestres, ocorrendo nos estados de Minas Gerais, Bahia e Goiás. Na medicina popular, as partes aéreas ou as raízes da planta são colocadas em álcool e utilizadas como antiinflamatória, analgésica e nos reumatismos.  A formação de radicais livres ocorre naturalmente no organismo devido à exposição ao oxigênio molecular. Quando o oxigênio é fornecido em excesso ou sua redução é insuficiente são geradas espécies reativas de oxigênio. Organismos aeróbicos são protegidos contra a toxicidade do oxigênio por mecanismos naturais de defesa e reparo antiradical, mas quando este mecanismo endógeno é inadequado e não conseguem funcionar efetivamente iniciam-se alterações estruturais em macromoléculas como proteínas, ácidos graxos insaturados, ácidos nucléicos e carboidratos. Tais alterações levam ao desenvolvimento de doenças crônicas como câncer, hipertensão, infarto, aterosclerose, reumatismo além de doenças degenerativas do sistema nervoso como Mal de Parkinson, Mal de Alzeimer. Este estudo relata a ação antioxidante dos extratos de L. passerina (Mart. Ex. DC) Gardn, L. staavioides Mart., L. ericoides Gardn. (Mercado), L. pinaster Mart., L. trichocarpha Spreng. e Lychnophoriopsis candelabrum Schultz-bip. R. Luque & n.L. Menezes.

PREPARO DOS EXTRATOS VEGETAIS

As partes aéreas das espécies vegetais foram coletadas em Minas Gerais, secadas em estufa a 35⁰C, pulverizadas e extraídas com etanol, levando a obtenção dos extratos etanólicos que foram utilizados nos testes de atividade antioxidante.

TESTES DE ATIVIDADE ANTIOXIDANTE

Foram preparadas soluções metanólicas dos extratos etanólicos das plantas na concentração de 100 mg/mL para cada extrato. O volume da alíquota a ser transferida para cada tubo de ensaio previamente identificado foi de 0,375 mL. No momento da realização do ensaio, preparou-se uma solução metanólica de DPPH em concentração de 300 mg/mL. Em cada tubo contendo o extrato, adicionou-se 0,750 mL de solução de DPPH, incubou-se por 5 minutos à 30°C e mediu-se a absorbância a 517 nm em um espectrofotômetro. O espectrofotômetro foi ajustado com metanol e foi utilizado como branco uma mistura de 0,750 mL de solução de DPPH e 0,375 mL de metanol. Além do branco, para detecção de prováveis interferências na absorbância por substâncias presentes nos extratos, utilizaram-se controles de todos os extratos em todas as concentrações testadas através de uma mistura de 0,375 mL de solução metanólica dos extratos e 0,750 mL de metanol.

Os extratos etanólicos brutos de todas as espécies testadas apresentaram atividade antioxidante maior que 25 %. Todas as espécies apresentaram atividade de capturar radicais livres na seguinte ordem: L. trichocarpha > L. candelabrum > L. ericoides = L. staavioides > L. passerina > L. pinaster.

Os resultados obtidos indicam que todas as espécies vegetais testadas possuem substâncias com potencial atividade antioxidante. A atividade antioxidante apresentada pode estar relacionada com as atividades antiinflamatória e anti-reumática apresentadas pelas arnicas. Estudos anteriores indicaram a presença de lactonas sesquiterpências e flavonóides nas espécies L. tricocarpha, L. passerina  e L. ericoides;  e de predominância de flavonóides em L. candelabrum e       L. staavioides. Estes metabólitos secundários podem ser os responsáveis pela atividade antioxidante uma vez que existem relatos na literatura deste tipo de atividade para estas classes de compostos. Nós estamos realizando fracionamentos cromatográficos destas plantas para a obtenção dos constituintes químicos puros que posteriormente serão testados.