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C. Ciências Biológicas - 3. Bioquímica - 1. Biologia Molecular
Identificação de enzimas desubiquitinadoras em Trypanosoma cruzi
Roenick Proveti Olmo 1
Roberta Verciano Pereira 1
Enyara Rezende Morais 1
Paulo Marcos da Matta Guedes 1
Marta de Lana 1
Renata Guerra de Sá 1
(1. Universidade Federal de Ouro Preto / UFOP)
INTRODUÇÃO:

A modificação pós-traducional de proteínas dependente de ubiquitina e de outras proteínas similares é um mecanismo regulatório essencial em processos biológicos distintos, tais como controle do ciclo celular, reparo do DNA, ativação da transcrição, transdução de sinal e na via de proteólise intracelular dependente do proteassoma 26S. Esta via de modificação é um processo dinâmico, reversível e controlado pela ação de múltiplas enzimas distintas. A conjugação da ubiquitina e moléculas relacionadas é catalizada pela ação de sucessivas enzimas, chamadas E1, E2 e E3. Resultados recentes sugerem que a desubiquitinação, o reverso desta modificação, regula a degradação e função dos conjugados ubiquitinados. As enzimas desubiquitinadoras (DUBs) catalizam tanto o processamento da ubiquitina como a sua remoção dos conjugados ubiquitinados. Neste trabalho, nós usamos o banco de dados do genoma do Trypanosoma cruzi recentemente completo, disponível em TcruziDB (http://tcruzidb.org/) para realizar uma análise “in silico”, explorando a diversidade das DUBs neste parasito. Também é nosso objetivo determinar o perfil de expressão de quatro genes, supostamente codificadores das DUBs-10, -12, -14 e -15 em formas epimastigotas de T. cruzi I (cepa Colombiana) e T. cruzi II (CL, CL-Brenner, Berenice-62, Berenice-78 e Y).

METODOLOGIA:
Para identificar novos membros da família DUBs de cisteíno-proteases, utilizamos o algoritmo BLAST para triar as entradas nos bancos de dados procurando por seqüências de DNA que codifiquem proteínas similares a membros previamente descritos desta família. A seguir, nós examinamos por RT-PCR semi-quantitativo o padrão de expressão da DUB-10, -12, -14, -15 em formas epimastigotas de T. cruzi I (cepa Colombiana) e T. cruzi II (CL, CL-Brenner, Berenice-62, Berenice-78 e Y) utilizando oligunucleotídeos específicos, desenhados com base nas seqüências recuperadas dos bancos. Como parâmetro de escolha para as sequências, foram utilizadas as que apresentavam a maior ORF predita, com o intuito de obter uma maior cobertura das seqüências de nucleotídeos.
RESULTADOS:
As nossas análises mostraram que no genoma do T. cruzi existem pelo menos 25 DUBs distintas, com o domínio conservado de cisteína (Cys) e histidina, essencial para a catálise. Muitas dessas proteínas foram também anotadas no banco de proteases MEROPS (http://www.merops.ac.uk/) como membros da família C19 de cisteíno-proteases. Nossos resultados sugerem que os níveis de DUB-10 e -12 permaneceram constantes tanto em cepas de T.cruzi I como de II. DUB-14 mostrou um padrão de expressão significativo nas cepas Berenice-78, Colombiana e Y, enquanto que  transcritos de DUB-15, não foram detectados nas cepas de Berenice-62, CL e CL-Brener.
CONCLUSÕES:
Esses resultados mostram evidências da extrema complexidade e diversidade das DUBs em T. cruzi e abrem a possibilidade de explorar a relevância de seus múltiplos componentes na regulação das vias mediadas por ubiquitina neste parasito. Futuras análises por Northern Blot e PCR em tempo real nos permitirão avaliar os níveis de expressão em cepas de T. cruzi I e II, permitindo um melhor entendimento da biologia celular deste parasito.
Instituição de fomento: CNPq, FAPEMIG, FAPESP e UFOP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Trypanosoma cruzi; Ubiquitina; Enzimas desubiquitinadoras.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006