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C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 3. Ecologia Terrestre
ESTUDO DA INCIDÊNCIA DE CASOS DE DENGUE EM IPATINGA-MG ATRAVÉS DE UM MODELO MATEMÁTICO PARA O CICLO DE VIDA DO MOSQUITO VETOR ENTRE OS ANOS DE 1999 E 2004
Raquel Martins Lana 1
Américo T. Bernardes 2
Romuel F. Machado 2
Carlos F. S. Pinheiro 2
Sérvio Pontes Ribeiro 1
(1. Departamento de Ciências Biológicas/DECBI; 2. Departamento de Física e REDEMAT/DEFIS )
INTRODUÇÃO:
A dengue se tornou uma doença de grande importância epidêmica no Brasil a partir da década de 90 e, apesar de muitos estudos, ainda não existe uma forma eficaz que controle este problema. O Aedes aegypti está junto ao homem há algum tempo e o acompanha pelo mundo, sendo tipicamente urbano. Fatores como o clima influenciam a incidência do A. aegypti, limitando a sua distribuição. A sua densidade populacional é diretamente relacionada com a presença de chuvas, temperatura adequada e umidade podendo alcançar níveis elevados e de importância para fins de transmissão de patógenos. Com esses dados, formas mais eficazes de controle estão sendo testadas pela modelagem matemática. Recentemente, alguns modelos procuraram descrever a dinâmica populacional do vetor e a propagação da dengue. Esses modelos buscavam descrever a evolução de epidemias utilizando variáveis sócio-ambientais; a dinâmica da população do mosquito baseando-se em parâmetros climáticos, feitos constantes no tempo, ou ainda considerando que esses parâmetros pudessem variar no tempo. A partir do modelo introduzido por (Yang et al., 2003), desenvolvemos uma nova abordagem para modelar os dados de incidência de casos de dengue na cidade de Ipatinga-MG, localizada no Vale do Aço, que tem sido vítima de fortes incidências de casos dessa doença, apesar das medidas de combate químico ao mosquito vetor.
METODOLOGIA:
De posse dos dados de incidência mensal de dengue dos anos 1999 a 2004 da cidade de Ipatinga, adquiridos após a submissão de solicitação a Secretaria Estadual de Saúde de Minas Gerais, e dos dados climáticos retirados do site do Sistema de Meteorologia e Recursos Hídricos de Minas Gerais - SIMGE, procedeu-se à análise da correlação(através do programa Origin 6.0) das variáveis climáticas (temperatura, umidade relativa do ar e precipitação acumulada) e o número de casos de dengue. Para uma primeira análise, trabalhamos somente com a temperatura. Para tal, realizamos uma interpolação por spline cúbico dos dados referentes à mesma, expressando-a assim como uma função do tempo. Com isso, podemos expressar as diversas taxas de metamorfose s entre os estágios ovo, larva, pupa e adulto como funções do tempo. Essas taxas entram como parâmetros nas equações diferenciais que modelam a evolução dinâmica das variáveis que fornecem as populações em cada um desses estágios. Essas equações diferenciais foram resolvidas numericamente pelo método de Runge-Kutta de 4a ordem usando o aplicativo Maple 8.0.
RESULTADOS:
Os dados climáticos encontraram forte correlação com o número de casos da doença, pois os picos de ocorrência de dengue eram simultâneos aos picos de umidade, de temperatura e de precipitação, confirmando o que já havia sido proposto para regiões tropicais pela FUNASA e Consoli & Routrat, 1994. Para a aplicabilidade de tal modelo (Yang et al., 2003) foi crucial a análise dos parâmetros do ciclo de vida do mosquito com as variáveis ambientais. Para testar hipóteses de controle, realizamos simulações com uma temperaturas mais baixas que as médias da região estudada, abaixo da qual, os diversos ss assumem valores menores e uma temperatura superior, acima da qual os mesmos assumem valores maiores. Foram calculadas soluções das equações para a temperaturas entre 20 e 29°C e outro calculo com temperaturas entre 25 e 35°C. Tais temperaturas foram relacionadas com a quantidade de ovos, larvas, pupas e adultos. A primeira corresponde a realidade da cidade de Ipatinga, com temperaturas semelhantes. Observa-se que os ovos são em parte responsáveis pelos surtos, pois possuem latência e muitos não morrem quando a temperatura está desfavorável (Yang et al., 2003 e Rotraut & Consoli, 1994). Já a segunda análise, mostra uma extinção em Ipatinga, pois as temperaturas da cidade simulada estão acima do normal. A simulação feita considera Ipatinga como uma cidade fria, sem condições necessárias para sobrevivência do mosquito, por isso o nome.
CONCLUSÕES:
Realizamos simulações de evolução da população de A.E. utilizando um modelo matemática que é uma versão modificada de um proposto recentemente O modelo estudado mostrou-se bastante apropriado para a descrição do caso de Ipatinga, já que foram observado picos na população de adultos, que coincidem com os picos de incidência de dengue. Constatamos também que a temperatura tem um papel decisivo como variável climática, principalmente ao realizar simulações em diferentes temperaturas que mostra claramente a extinção do mosquito quando se esfria Ipatinga.
Instituição de fomento: Universidade Federal de Ouro Preto/PIP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Aedes aegypti; clima; dengue.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006