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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 5. Protozoologia de Parasitos
ALTERAÇÃO NATURAL DA SUSCEPTIBILIDADE AO BENZNIDAZOL EM POPULAÇÕES DO Trypanosoma cruzi MANTIDAS EM DIFERENTES MODELOS EXPERIMENTAIS
Lívia de Figueiredo Diniz  1
Sérgio Caldas  1
Fabiane Matos dos Santos  1
Vanja Maria Veloso  1, 2
Marta de Lana  1, 3
Maria Terezinha Bahia  1
(1. Núcleo de Pesquisas em Ciências Biológicas/ NUPEB/UFOP; 2. Departamento de Parasitologia/ICB/UFMG; 3. Departamento de Analises Clinicas da Escola de Farmácia/DEACL/UFOP)
INTRODUÇÃO:

A existência de cepas do Trypanosoma cruzi que são naturalmente sensíveis ou naturalmente resistentes ao benznidazol (Bz) e ao nifurtimox (Nf) tem sido descrita por vários autores (Filardi & Brener, 1987; Toledo et al., 1997). Este fato pode explicar, pelo menos em parte, diferenças na eficácia do tratamento específico do hospedeiro vertebrado infectado com T.cruzi. Recentemente, Veloso et al (2001) demonstraram a indução de resistência natural ao benznidazol em populações do T. cruzi durante infecção crônica de longa duração (2 a 7 anos) em cães. A partir desse estudo, propõe-se avaliar o grau de susceptibilidade ao benznidazol de outros isolados do T. cruzi obtidos de cães inoculados com cepas susceptíveis a este  fármaco. Será avaliada, também, a estabilidade do fenótipo de resistência adquirido durante a infecção crônica (2 a 10 anos de infecção) através da manutenção destas populações do T. cruzi em passagens sanguíneas sucessivas em camundongos, ou seja, na fase aguda da infecção.

METODOLOGIA:

Camundongos Swiss albinos foram infectados com as populações Be-62 (A e B) e Be-78 (C, D e E) isoladas de cães previamente inoculados com as cepas parentais Berenice 62 e Berenice 78 (2 a 10 anos de infecção), respectivamente. Foi determinado o grau de susceptibilidade ao Bz na primeira passagem sangüínea (PS) em camundongos, e a seguir as populações do T. cruzi foram mantidas através de PS sucessivas em camundongos. A cada cinco PS as populações do T. cruzi eram inoculadas em 16 camundongos para a determinação da susceptibilidade ao benznidazole, avaliação da infectividade, curva de parasitemia e mortalidade. A cura parasitológica foi determinada através do exame de sangue a fresco, reativação da parasitemia pela imunossupressão com ciclofosfamida, hemocultura e ELISA.

RESULTADOS:

Nossos resultados demonstram a indução natural da resistência ao Bz em populações do T. cruzi durante a infecção crônica de cães. Após uma PS em camundongos foi observada 50%, 60%, 90%, 70% e 90% de resistência ao Bz nas populações Be-62 (A e B) e Be-78 (C, D e E), respectivamente. Por outro lado, ao longo da manutenção destes isolados em camundongos foram observadas novas alterações no fenótipo de susceptibilidade ao fármaco, revelando duas tendências: 1- Estabilidade no grau de resistência ao Bz nas populações Be-62 A (50 a 40 % em 60 PS), Be-60 B (60 a 80% em 60 PS), e Be-78 C (90 a 90% em 60 PS) e 2- Redução no grau de resistência ao Bz nas populações Be-78 D (70 a 20% em 60PS) e Be-78 E (90 a 10% em 60 PS). A alteração do grau de resistência ao Bz durante as PS não foi acompanhada de alterações significativas nos outros parâmetros biológicos, ou seja, infectividade, padrão da curva de parasitemia e mortalidade.

CONCLUSÕES:

Estes resultados estão de acordo com a hipótese de que a forma de manutenção do T. cruzi, infecções crônicas de longa duração ou passagens sanguíneas sucessivas durante a fase aguda da infecção, pode influenciar, de forma diferente, a expressão fenotípica de susceptibilidade/resistência ao Bz, bem como a virulência de uma população do parasito.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UFOP
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Doença de Chagas; Benznidazol; populações de T. cruzi .
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006