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C. Ciências Biológicas - 9. Imunologia - 5. Imunologia

O CONTROLE PARCIAL DA INFECÇÃO DE CAMUNDONGOS DEFICIENTES NA SUBUNIDADE P40 DA IL-12 POR Leishmania braziliensis.

Djalma de Souza Lima Junior 1
Eduardo de Almeida Marques da Silva 1
Leda Quércia Vieira 2
Luís Carlos Crocco Afonso 1
(1. Núcleo de Pesquisa em Ciências Biológicas-NUPEB/UFOP; 2. Departamento de Bioquímica e Imunologia-ICB/UFMG)
INTRODUÇÃO:

Leishmania braziliensis é a principal espécie causadora de leishmaniose tegumentar no Brasil.  Esse parasito é responsável não somente pelo aparecimento de lesões cutâneas, mas é também envolvido na maioria dos casos de lesões mucosas. Embora muitos dos aspectos envolvidos na resposta imune a parasitos do gênero Leishmania já tenham sido esclarecidos, poucos destes estudos abordaram o controle da infecção por L. braziliensis, principalmente no modelo murino. Dados de nosso laboratório mostram que camundongos deficientes na subunidade p40 da IL-12 (IL-12p40-/-), quando inoculados com promastigotas de fase estacionária de L. braziliensis, desenvolvem lesão no local da inoculação do parasita. Interessantemente, ao contrário dos animais IL-12p40 -/- infectados com L. major, as lesões provenientes de infecção por L. braziliensis nestes animais, embora não regridam, não se desenvolvem descontroladamente. Este perfil de parasitismo difere do modelo clássico de susceptibilidade à infecção por Leishmania e seu estudo pode esclarecer, pelo menos em parte, os mecanismos envolvidos no desenvolvimento de lesões metastáticas na leishmaniose tegumentar. Assim, avaliamos o perfil de citocinas produzidas no local da infecção original e iniciamos o estudo do processo de controle parcial da infecção, avaliando a participação do IFN-g neste processo. Estes dados poderão esclarecer mecanismos envolvidos na patogenia desta parasitose, em especial, aqueles relacionados com a formação de metástases.

METODOLOGIA:

Camundongos deficientes na subunidade p40 da IL-12 ( IL12p40-/- ) e C57BL/6 foram infectados com parasitos de fase estacionária. Inicialmente os animais foram tratados a partir da primeira ou terceira semana, por 2 e 3 semanas respectivamente, com 1 mg de anticorpo monoclonal anti-IFN-g ( R46A2 ) e IgG de rato como controle, por semana. Os animais foram sacrificados após 4 e 7 semanas de infecção. Nesses períodos foram avaliados a carga parasitária no baço e na lesão por diluição limitante, o curso de infecção através de medidas semanais do desenvolvimento da lesão, a produção de citocinas em culturas de células de baço e linfonodo estimuladas com antígeno particulado de L. braziliensis pela técnica de ELISA e a dosagem de mensagem para citocinas presentes no baço e na lesão (pata) utilizando a técnica de RT-PCR em camundongos não tratados com anticorpo. A análise estatística foi feita utilizando-se o teste de Mann & Whitney para amostras não pareadas e Test t de Student para amostras homogêneas. Para ambos os testes foi adotado o nível de significância p<0,05.

RESULTADOS:

Observamos um maior desenvolvimento da lesão, juntamente com uma maior carga parasitária nos camundongos tratados com anti IFN-g em relação aos tratados com IgG de rato, tanto no baço quanto na lesão, nos dois períodos de sacrifício. Em se tratando das citocinas, a produção de IFN-g nos C57BL/6 tratados com R46A2 quando comparados com os controles, demonstrou-se maior no baço e linfonodo após 6 semanas de infecção e após 4 semanas de infecção maior apenas no linfonodo. Com relação a IL-4, observou-se uma maior produção no baço dos animais controles em ambos os tempos de infecção e no linfonodo após 6 semanas de infecção. A produção de TNF-a nos animais tratados com R46A2 foi menor apenas no baço, após 4 semanas de infecção. Os camundongos IL-12 p40-/- tratados com anti-IFN-g, demonstrou uma maior produção de IL-4 no baço e linfonodo após 6 semanas de infecção. Para o IFN-g e TNF-a, houve uma maior produção no baço e linfonodo respectivamente, após 6 semanas de infecção. Na dosagem de mensagem de citocinas, a expressão de IFN-g dos camundongos IL-12 p40-/- e C57BL/6 infectados, foi maior que os não infectados (controles), somente na pata e para a IL-4 não houve produção superior à dos controles.

CONCLUSÕES:

A partir da análise dos dados, pode-se concluir que os animais tratados com R46A2, apresentaram um aumento na produção de IL-4, demonstrando uma certa regulação da resposta imune, já que a IL-4 está relacionada com a produção de citocinas regulatórias; o aumento na produção de IFN-g se deu provavelmente, à alta carga parasitária com grande apresentação de antígeno. A dosagem de mensagem de citocinas revelou um aumento de IFN-g na pata e inalteração de IL-4, levando assim a um combate eficaz ao parasita. Estes dados demonstraram que, embora fossem capazes de controlar a infecção no sítio de inoculação, tal controle não foi suficiente para impedir a disseminação do parasita pelo organismo. Tal fato sugere que o IFN-g está diretamente relacionado com o controle da infecção no baço e principalmente na lesão, uma vez que a depleção desta citocina levou ao aumento do desenvolvimento de lesão e da carga parasitária tanto no baço quanto na pata e consequente disseminação do parasita pelo organismo.

 

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq, UFOP e UFMG
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Leishmania braziliensis; Citocinas; Interferon-gama.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006