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C. Ciências Biológicas - 13. Parasitologia - 6. Parasitologia

CARACTERIZAÇÃO DO INFILTRADO INFLAMATÓRIO NA MEDULA ESPINHAL DE CÃES INFECTADOS COM FORMAS TRIPOMASTIGOTAS SANGUÍNEAS OU METACÍCLICAS DO Trypanosoma cruzi

Ana Luiza Cassin Duz 1
Fernanda Barbosa Queiroz 2
Vitor Rodrigues Lima dos Santos 1
Vanja Maria Veloso 1
Washington Luiz Tafuri 1
Cláudia Martins Carneiro 2
(1. Depto de Ciências Biológicas - ICEB - NUPEB - Universidade Federal de Ouro Preto; 2. Depto de Análises Clínicas- EF- NUPEB - Universidade Federal de Ouro Preto)
INTRODUÇÃO:

O Trypanosoma cruzi determina o aparecimento de lesões por mecanismos multifatoriais inerentes ao parasito bem como ao hospedeiro. Recentemente, foi demonstrado que glicoconjugados na superfície das formas tripomastigotas sangüíneas e amastigotas estariam envolvidos na iniciação da inflamação e da resposta imune. As formas tripomastigotas sangüíneas e amastigotas diferem das tripomastigotas metacíclicas e das epimastigotas, uma vez que as duas últimas, aparentemente, não estão envolvidas na iniciação da inflamação, provavelmente devido a diferenças na composição antigênica. Este fato sugere que as formas tripomastigotas metacíclicas poderiam infectar células dos hospedeiros vertebrados de forma mais silenciosa que as tripomastigotas sangüíneas. Posteriormente, tão logo a infecção tenha se instalado, as formas amastigotas e tripomastigotas sangüíneas geradas seriam capazes de causar inflamação. A barreira hemato-encefálica, por ser constituída por um endotélio especializado, faz do sistema nervoso central (SNC) um local privilegiado do ponto de vista imunológico. Neste trabalho foram avaliados o infiltrado inflamatório e a presença de macrófagos/monócitos e parasitos na medula espinhal de cães infectados com formas tripomastigotas sanguíneas ou metacíclicas do T. cruzi.

METODOLOGIA:

Foram utilizados 18 cães jovens, divididos em três grupos de seis animais, com três machos e três fêmeas em cada. Os grupos foram denominados: não-infectado (NI), infectado com formas tripomastigotas metacíclicas (TM) e infectado com formas tripomastigotas sangüíneas (TS).   Inoculou-se 2000 formas tripomastigotas metacíclicas ou sangüíneas da cepa Berenice-78 do Trypanosoma cruzi. Os animais foram necropsiados, a medula espinhal foi fixada em formol tamponado a 10%, pH 7,2, e posteriormente fatiadas, sendo as fatias processadas rotineiramente e incluídas em parafina. Os blocos de parafina foram submetidos a microtomia e de cada bloco foram obtidas quatro cortes seriados com espessura de 3mm. Das quatro lâminas obtidas para o estudo histopatológico, a primeira, foi corada pelo método da Hematoxilina-Eosina para análise rotineira; a segunda, pelo Cresil Violeta, sendo utilizada na contagem dos NG e infiltrados perivasculares (IPV), pois é uma coloração que permite, ainda que no menor aumento, a visualização nítida de qualquer proliferação glial por menor que seja; a terceira e a quarta foram submetidas à reações imuno-histoquímicas, anti-macrófago/monócito e anti-T. cruzi. Estas lâminas foram avaliadas utilizando-se a objetiva de 40X sendo o número de NG, IPV, macrófagos/monócitos e parasitos determinados em 30 campos microscópicos.

RESULTADOS:

A avaliação histopatológica da medula espinhal mostrou a presença de processo inflamatório sob a forma de NG e IPV, distribuídos tanto na substância branca quanto na cinzenta, nos três grupos analisados. Os NG e IPV nos grupos infectados (TM e TS) apresentaram-se constituídos por grande quantidade de células (NG e IPV estruturados) e em maior quantidade quando comparados ao grupo NI (p<0,05). Apenas foram observados parasitos no grupo TS. Os ninhos de amastigotas ou amastigotas isoladas apresentaram-se distribuídos indistintamente nas substâncias branca e cinzenta da medula espinhal, não sendo observada associação do parasitismo tecidual à presença dos NG e IPV. Detectou-se no grupo TM quantidade de macrófagos semelhante à observada no grupo NI, enquanto que no grupo TS o número de macrófagos foi menor que o detectado no grupo NI (p<0,05).Em relação aos monócitos verificou-se maior quantidade no grupo TS quando comparado ao grupo TM (p<0,05).

CONCLUSÕES:

Estes resultados mostram semelhança na formação de NG e IPV nos dois grupos avaliados. Entretanto, na medula espinhal dos cães do grupo TS observou-se menor migração de monócitos, já que eles foram identificados em maior quantidade na luz dos vasos, e conseqüentemente, menor quantidade de macrófagos instalados no tecido nervoso. Estes dados poderiam explicar o encontro de parasitismo tecidual apenas no grupo TS onde houve redução na migração de monócitos e consequentemente de macrófagos, necessários à eliminação do parasito.

Instituição de fomento: Fapemig CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Trypanosoma cruzi; Tripomastigota metacíclica; Tripomastigota sanguínea.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006