G. Ciências Humanas - 7. Educação - 6. Educação Especial |
|
A INCLUSÃO NO ENSINO SUPERIOR: discursos e representações sobre alunos com necessidades especiais nas IES comunitárias do Rio Grande do Sul |
|
Angelina Menezes Goecks 1, 2 |
Adriana da Silva Thoma 1, 3 |
|
(1. Universidade de Santa Cruz do Sul - UNISC/PROGRUPE; 2. Bolsista PUIC-UNISC/PROGRUPE; 3. Coordenadora da pesquisa) |
|
|
INTRODUÇÃO: |
A Educação Inclusiva tem sido tema de reflexão e ansiedade para educadores e educadoras em todos os níveis de ensino, pois pressupõe mudanças textuais/legais, simbólicas (curriculares, avaliativas etc), de representações sobre os sujeitos a serem incluídos e das identidades de todos os envolvidos no processo. Percebemos também que entre as principais questões que se apresentam diante da inclusão de sujeitos com as chamadas necessidades especiais em todos os níveis de ensino está o problema da formação docente e dos discursos e representações sociais sobre aqueles a serem incluídos. Diante disso, desenvolvemos uma pesquisa que tem como tema a inclusão no ensino superior, tendo como objeto de análise os discursos e representações sobre as alteridades deficientes em Instituições de Ensino Superior (IESs), pois é crescente o número de alunos nomeados “com necessidades especiais” que concluem o ensino fundamental e médio e chegam ao ensino superior, exigindo que sejam tomadas providências para sua efetica participação e acessibilidade, sob pena de entrarmos em um processo que muito bem poderíamos caracterizar como “inclusão excludente”, onde alunos e alunas entram pela porta da frente (via vestibular ou outros processos seletivos), mas de dentro há pouco ou nada a se oferecer. |
|
METODOLOGIA: |
Para viabilizar a pesquisa, durante o ano de 2004 e 2005 foi realizada a coleta de informações através de questionários e entrevistas semi-estruturadas com docentes e técnicos-administrativos das universidades do COMUNG (Consórcio das Universidades Gaúchas: UNISC, UNICRUZ, UNIJUI, UPF, UCS, URCAMP, UCPel, URI, Centro Universitário FEEVALLE e UNIVATES) que tenham ou já tenham tido alunos com necessidades especiais em suas disciplinas e/ou cursos, tendo como objetivo mapear os acadêmicos em situação de inclusão, bem como analisar e problematizar as representações e discursos sobre os sujeitos incluídos, seus direitos, suas demandas e sua presença nessas instituições. Trata-se, portanto, de um estudo qualitativo, mas que também faz uso de estratégias quantitativas, a fim de oferecer um panorama da situação dessas IESs quanto ao número de acadêmicos com necessidades especiais ingressantes, as estratégias utilizadas para garantir sua efetiva participação e acesso ao ensino superior – do processo seletivo à permanência e conclusão acadêmica. A base teórica e metodológica do estudo encontra-se nos Estudos Culturais (com os entendimentos de cultura, representação e outros) e no pensamento de Michel Foucault (com os entendimentos de discurso, poder e resistência). |
|
RESULTADOS: |
Os resultados mostram que as instituições investigadas estão se estruturando para atender estes alunos conforme as demandas que vão aparecendo, porém os discursos que aparecem nas falas destes profissionais apontam para uma cristalização das representações clínicas que narram esses sujeitos como anormais, incompletos, que devem ser corrigidos e normalizados. |
|
CONCLUSÕES: |
Na contemporaneidade já não se questiona se a escola, em seus diferentes níveis de ensino, da Educação Infantil ao Ensino Superior, deve ou não aceitar a matrícula de todos os alunos e alunas, pois esse é um direito constitucional garantido. Porém, as instituições de ensino e os docentes necessitam, para além de uma postura política de aceitação das diferenças, conhecimentos técnicos para saber trabalhar com aquelas relacionadas às necessidades educacionais especiais decorrentes de problemas de aprendizagem, de deficiências mentais, físicas ou sensoriais, de altas habilidades, de síndromes, condutas típicas ou outras. Como contribuição, defendemos que essas condições devem deixar de ser vistas pelos simples entendimentos biológicos e passando a ser problematizadas epistemologicamente. Isso significa inverter aquilo que foi construído como norma, como regime de verdade e como problema habitual, ou seja, significa compreender os discursos e as representações sobre os sujeitos com necessidades especiais como sendo constituídos pelos processos sociais, históricos, econômicos e culturais que regulam e controlam a forma acerca de como são pensados e inventados os corpos e as mentes de cada um. |
|
|
|
Trabalho de Iniciação Científica
|
|
Palavras-chave: Inclusão; Ensino Superior; Edcucação Especial. |
|
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006 |
|