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G. Ciências Humanas - 3. Filosofia - 1. Ética
MORAL ENQUANTO INTERPRETAÇÃO
Luciana Scherer 1
Vânia Dutra de Azeredo 2
(1. Aluna de Filosofia e bolsista CNPq. Dpto de Filosofia e Psicologia/UNIJUÍ; 2. Orientadora. Professora Dra. do Dpto de Filosofia e Psicologia/UNIJUÍ)
INTRODUÇÃO:

A pesquisa tem por objetivo analisar a moral enquanto interpretação de acordo com o pensamento de Friedrich Nietzsche. Nesse intuito, parte-se da crítica da moral proposta pelo filósofo alemão que colocou de imediato o valor do valor em questão perguntando sobre suas condições de surgimento, remetendo assim, a idéia de que os valores foram criados, desenvolvidos e transformados sob aspectos da interpretação humana. Nesse sentido, o valor pode ser compreendido como símbolo de uma modificação, idéia esta que vem a ser comprovada com a pesquisa genealógica que anuncia a existência de uma dupla história de bem e mal, trata-se da moral dos senhores e da moral dos escravos, que aparecem em antagonismo pela sua distinta forma de ser e interpretar. Com isso, torna-se possível a exclusão da idéia de uma moral absoluta na qual bem e mal aparecem como máximas universais a favor da idéia de que os valores sofrem alterações conforme a perspectiva que os impõem. Em suma, tendo a moral um caráter interpretativo, foge da avaliação o critério verdadeiro/falso para entrar em questão a expansão da vida, agora a própria vida passa a ser o critério de avaliação para indicar se a postulação de tais valores representa indícios de plenitude e força ou degeneração e fraqueza para a vida do homem, pois o valor da moral se encontra relacionado com a perspectiva a partir da qual ganharam existência.

METODOLOGIA:

A pesquisa se trata de uma investigação de caráter bibliográfico, com ênfase nas obras “Genealogia da Moral” e “Para Além do Bem e do Mal”, de Friedrich Nietzsche, assim como as obras de seus respectivos comentadores. Durante a pesquisa foram elaboradas análises textuais, temáticas, interpretativas e sínteses dos textos.

RESULTADOS:

A pesquisa desenvolvida leva a perceber que compreendendo a moral enquanto interpretação, não se sustenta a tomada de valores como conceitos em si, pois a postulação do valor requer um sujeito que avalia e interpreta segundo uma vontade e um querer que movem. Com isso, Nietzsche promove através da Genealogia da Moral a exclusão de valores estáticos assim como de fenômenos morais, para afirmar a interpretação moral dos fenômenos e o caráter dinâmico do valor, apresentando assim, a perspectiva de distintas morais encontradas no decorrer da história, tendo elas por base diferentes expressões de modos de ser. Dessa forma, a moral é apresentada como sintoma e interpretação, ultrapassando o critério verdadeiro/falso como forma de avaliar para incidir a questão acerca do favorecimento ou não do juízo à vida. Ou seja, sendo a vida a base, o fundamento da investigação de valores, ela por sua vez não pode ser avaliada, sendo ela mesma o critério de avaliações. É nessa visão que se coloca a pergunta pelo valor dos valores; é nesse sentido que podemos avaliar a origem dos valores, e em ultima instância, colocar a perspectiva dos valores nietzschianos além do bem e do mal e apresentar a moral enquanto interpretação.

CONCLUSÕES:

A tomada de valores como conceitos em si possibilitou durante muito tempo a crença em uma moral absoluta na qual bem e mal apareciam como máximas universais, tal idéia causou a decadência da vida do homem uma vez que teve de buscar a realização de ações universais ao invés de afirmar suas singularidades. Frente a isso, Nietzsche utiliza a genealogia para apontar as condições de surgimento dos valores e mostrar diferentes avaliações da moral no decorrer da historia, concebendo-a enquanto sintoma de um certo tipo de homem que interpreta e avalia de acordo com determinada vontade que move, pois uma exaltação ou uma condenação da vida deve ser unicamente considerada como sintoma de uma espécie determinada de vida. Dessa forma, a investigação refuta a moral enquanto conceitos em si para afirmá-la enquanto interpretação.

Instituição de fomento: PIBIC/CNPq
Trabalho de Iniciação Científica  
Palavras-chave: Genealogia; Interpretação; Moral.
Anais da 58ª Reunião Anual da SBPC - Florianópolis, SC - Julho/2006