No Brasil, a cadeia produtiva madeiro-moveleira vem apresentando crescimento considerável nos últimos anos, sendo alvo da atenção de diversos segmentos da área governamental em virtude de suas possibilidades, tanto em termos de geração de divisas, como também na criação de novos empregos. A disponibilidade de matéria-prima e mão-de-obra, além da experiência acumulada nos pólos existentes nas regiões Sul e Sudeste são fatores que contribuem para o crescimento deste setor. Na região Fronteira Noroeste, a indústria de móveis é considerada como uma das mais importantes atividades para a geração de emprego e renda, constituindo-se, aos poucos, como um futuro pólo industrial na produção de móveis no Estado. Algumas indústrias moveleiras já exportam seus produtos para diversos países da América e da Europa. Após muitos investimentos em tecnologia, equipamentos e qualificação de mão-de-obra, o setor vem se transformando. Sendo assim, o setor possibilita iniciativas econômicas nas demais etapas da cadeia, pela sua localização geográfica próxima ao Rio Uruguai, como, por exemplo, o reflorestamento, tanto para fins de preservação ambiental como para uso industrial. Resta saber quais as reais potencialidades e fragilidades desta cadeia na região Fronteira Noroeste. A presente pesquisa objetiva contextualizar a realidade e identificar as perspectivas da cadeia produtiva madeiro-moveleira, buscando reconhecê-la como alternativa para o desenvolvimento da região Fronteira Noroeste/RS.

A metodologia utilizada neste trabalho baseou-se na análise de dados primários, obtidos através de visitas a empresas regionais e entrevistas com empresários do setor e membros da diretoria da Associação das Indústrias Moveleiras da Região Fronteira Noroeste – ASSINMÓVEIS, com o objetivo de identificar os atuais gargalos e futuras oportunidades da cadeia produtiva madeiro-moveleira. Para realização da pesquisa bibliográfica, buscou-se analisar dados secundários, obtidos a partir de sites como Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística/IBGE, Associação Brasileira das Indústrias de Móveis/ABIMÓVEIS, Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul/MOVERGS e também Bancos de Dados disponíveis na Unijuí, além da leitura de livros relacionados ao assunto. Para identificar a matéria-prima existente nesta região, analisou-se o mapa da cobertura vegetal.

Segundo pesquisa realizada com os empresários do ramo moveleiro, os maiores problemas encontrados no setor referem-se à mão-de-obra não qualificada, grandes variações nos preços e distância da matéria-prima. Além disso, o setor não recebe incentivos fiscais e a tributação é muito elevada. Tudo isso ocasiona a falta de valorização do próprio setor. Na região Fronteira Noroeste o uso de madeira maciça para fabricação de móveis vem decrescendo nos últimos anos, em parte, devido às leis ambientais vigentes. Constatou-se também que não há madeira suficiente na região. Além disso, os empresários não demonstram muito interesse em trabalhar com madeira maciça, pois, segundo eles, a madeira exige mais cuidados e é mais difícil de trabalhar do que o MDF(Medium Density Fiberboard). A madeira de reflorestamento, hoje em dia, é apenas usada na fabricação do MDF e de sarafiados. Os resultados preliminares da pesquisa mostram que a matéria-prima mais utilizada na fabricação de móveis é o MDF, devido à agilidade e facilidade de manuseio, custo acessível devido a alta rentabilidade, durabilidade e qualidade em relação a outros materiais. Assim, quase toda matéria-prima é adquirida externamente, deixando de gerar renda e empregos na região, considerando a possibilidade concreta de poder utilizar madeira de reflorestamento local, com beneficiamento local.

Pela análise da realidade, entende-se que para promover o desenvolvimento desta região, faz-se necessário buscar alternativas que aumentem o valor agregado regional, sendo que uma delas é a possibilidade de produção local de matéria-prima para a indústria moveleira através do reflorestamento. No entanto, muitos dos empresários entrevistados não reconhecem essa importância como prioritária, sendo necessárias ações futuras para aprofundamento da temática, a fim de propiciar iniciativas regionais que integrem as demais atividades da cadeia produtiva madeiro-moveleira ao setor industrial.