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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
O DIÁRIO DE BORDO COMO INSTRUMENTO DE APRENDIZAGEM E AVALIAÇÃO NO PROCESSO DE EDUCAÇÃO PELA ARTE
Maria Inês Moron Pannunzio 1 (mmoron@uol.com.br), Marcos Rizolli 2, Norberto Stori 2 e Petra Sanchez Sanchez 2
(1. Instituto Manchester Paulista de Ensino Superior - IMAPES; 2. Pós-Graduação em Educação, Cultura e Arte, Universidade Presbiterian Mackenzie -)
INTRODUÇÃO:
Em meados do século XX ocorreu a separação entre ciências humanas e ciências exatas, e a conseqüente dicotomia entre sujeito e objeto. Hoje, contudo, entende-se que, para educar, é preciso, mais que unir, globalizar. O relatório da Unesco, a propósito, fala que a tarefa da educação será “ajudar a compreender o mundo, o outro e a si mesmo”. Assim, ao ter como objeto de pesquisa o Diário de Bordo, instrumento do processo de aprendizagem e de avaliação, busca-se fundamentar que o acesso ao conhecimento mediado pela arte proporciona novas possibilidades, desenvolve a auto-estima e amplia a percepção do mundo e da vida. A visão moderna de aprendizagem recomenda uma avaliação integrada do conhecimento, cujos resultados mostrem que os educandos estão em condições de aplicar, em situações reais de sua vida, aquilo que aprenderam; daí a importância de técnicas diversificadas como o Diário de Bordo, que, além de dar aos professores elementos para planejar suas ações e intervenções na prática cotidiana, faz com que cada aluno use de criatividade, reflita sobre o que realizou e enfrente desafios. A contribuição deste trabalho, portanto, consiste em conscientizar e sensibilizar – professores e alunos – quanto à importância da educação pela arte, no sentido de repensar todo o processo de ensino-aprendizagem e viabilizar a formação de sujeitos que não apenas se construam e construam conhecimentos, mas que se tornem seres sensíveis e compromissados com a vida.
METODOLOGIA:
Neste nosso trabalho, a pesquisa de campo caracterizou-se por um estudo de caso elaborado mediante uma abordagem metodológica qualitativa, que tem, segundo CHIZZOTTI (2003), como ponto de partida, a realidade e a sua compreensão. A partir da problemática pesquisada, procedemos à análise de conteúdo proposto por BARDIN (1977) como método de tratamento e análise de informações. A pesquisa foi desenvolvida com alunos do Curso de Mestrado em Educação, Arte e História da Cultura, da Universidade Presbiteriana Mackenzie, em São Paulo, cuja proposta interdisciplinar viabiliza trocas extremamente significativas. Esses alunos eram profissionais de diferentes áreas – design, psicólogo, cantora, arquiteta, artista plástica, administrador e alguns professores. O instrumento utilizado para obtenção dos dados, foi o questionário, que caracterizou-se por apresentar 14 questões abertas e foi enviado a 32 alunos, dos quais apenas 15 participaram da pesquisa. As questões foram elaboradas de modo a suscitar a reflexão sobre o significado e a importância do Diário de Bordo, isto é, o sentido da própria produção e da mesma na vida. Após a coleta de dados, leitura e classificação das respostas dos alunos, foi feita a análise de conteúdo conforme o referencial teórico utilizado.
RESULTADOS:
Os resultados demonstraram que os entrevistados compartilham da percepção de que, ao elaborar o Diário de Bordo, o processo criativo é vivenciado e a construção de conhecimentos atestada. Em quase todas as respostas, a porcentagem foi superior ou muito superior aos cinqüenta por cento, no sentido da importância da construção de conhecimentos, do envolvimento com arte, do prazer, do entusiasmo e do compromisso viabilizados pela experiência de fazer o Diário de Bordo. Mesmo quando constatamos alguns questionamentos ou críticas negativas quanto à sua utilização, esses são em número muito pequeno e restrito apenas a algumas questões. Nesse sentido, reiteramos a importância do Diário de Bordo, desde que algumas atitudes sejam tomadas, como por exemplo: explicitação dos seus objetivos, e que a angústia que permeia o início do processo é inerente à proposta de um trabalho aberto, no qual a criatividade é sempre necessária. A análise de conteúdos nos mostra o valor desse instrumento no processo avaliatório; e mais, aponta para a sua importância no processo de construção de conhecimentos e do envolvimento com arte.
CONCLUSÕES:
Se considerarmos que esta análise tinha como escopo reconhecer o Diário de Bordo como instrumento de aprendizagem e de avaliação, concluímos que ele deve ser inerente a todo o processo de aprendizagem, viabilizando o aprender fazendo. O importante é criar disponibilidade intelectual e afetiva para gerar uma nova cultura na sociedade, que percebe e valoriza a arte na educação e reconhece a extrema interdependência entre uma e outra. O Diário de Bordo, ainda, acompanha os diferentes caminhos que o aluno percorre para realizar suas diferentes aprendizagens, ou seja: mobiliza recursos, ativa esquemas e toma decisões. Sendo assim, é uma avaliação processual, inclusiva e acolhedora; portanto, uma avaliação formativa, pois ajuda o aluno a aprender e a se desenvolver a partir de um projeto educativo. Para efetivar uma proposta de educação pela arte, é necessário que haja compromisso, sensibilidade e abertura para as aprendizagens significativas. Uma das formas eficientes de concretizar essa proposta é, certamente, com a educação estética e a utilização do Diário de Bordo, o qual, enfim, impõe-se como uma nova perspectiva em educação, se considerarmos não só as vivências possibilitadas por ele ao submeter o aluno a um “estado de arte”, mas também a sua pertinência em relação aos novos valores educacionais, na medida em que valoriza a arte na educação, tornando-se um dispositivo de aprendizagem e de avaliação.
Palavras-chave:  Diário de Bordo; Aprendizagem e avaliação; Educação pela Arte.
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005