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C. Ciências Biológicas - 6. Farmacologia - 2. Farmacologia Clínica | ||
ANÁLISE DE PRESCRIÇÃO PEDIÁTRICA: POSOLOGIA E VIAS DE ADMINISTRAÇÃO | ||
Daniel Merighi Iftoda 1 (dmiftoda@unimep.br), Maria Ondina Paganelli 2, Luiz Madaleno Franco 2, Yoko Oshima Franco 2, Marco Aurélio de Carvalho 3, Maria Izalina Ferreira Alves 2, Marco Vinícius Chaud 2, Luciane Cruz Lopes 2 e Manoel Roberto da Cruz Santos 2 | ||
(1. Graduando do Curso de Farmácia, Fac. de Ciências da Saúde - UNIMEP; 2. Prof. (a) do Curso de Farmácia, Fac. de Ciências da Saúde - UNIMEP; 3. Médico Chefe da Pediatria – Hospital Fornecedores de Cana de Piracicaba -HFCP) | ||
INTRODUÇÃO:
Pouco se conhece sobre os fatores biofarmacêuticos que interferem na biodisponibilidade de medicamentos e das conseqüências do seu uso em crianças. Como não há estudos clínicos nesta faixa etária, a maioria dos fármacos é prescrita empiricamente e a dose terapêutica é, freqüentemente, estabelecida através da massa corporal. Esses fatores levam a numerosos erros de prescrição. Alguns estudos apontam os antibióticos como sendo a principal classe de medicamentos prescritos erroneamente em pediatria. e uma das prováveis fontes de dúvida no cálculo da dose é a forma como se expressa a posologia usual, onde 29,5% dos erros cometidos estão relacionados com essa interpretação equivocada. Em pesquisa realizada por este grupo sobre o perfil farmacoepidemiológico de uma Enfermaria Pediátrica, observou-se que os medicamentos do sistema respiratório e antiinfecciosos, para uso sistêmico, foram administrados em 29,94 e 20,86% dos pacientes estudados, respectivamente. Neste contexto, o presente estudo pretende analisar a posologia destes fármacos, avaliando também a necessidade da via de administração endovenosa em pacientes com dieta oral. Espera-se que, a partir de uma análise crítica dos dados encontrados, seja possível fornecer aos médicos elementos que orientem numa prescrição cada vez mais racional, visando uma maior comodidade posológica, pela administração de doses mais eficazes, menos tóxicas e por via de administração mais confortável no paciente pediátrico hospitalizado. |
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METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido durante um período de 120 dias na Enfermaria Pediátrica do Hospital dos Fornecedores de Cana de Piracicaba (HFCP)-SP, considerado um hospital filantrópico de grande porte com 200 leitos, sendo 35 deles para uso na clínica de pediatria, que destina 60% dos leitos ao SUS e 40% aos fornecedores de cana e conveniados. O presente estudo teve como critérios de inclusão a concordância à assinatura do termo de consentimento livre e esclarecido e a prescrição de ao menos um medicamento antimicrobiano ou do trato respiratório durante o período de internação. Para a coleta de dados utilizou-se um questionário estruturado com as seguintes informações: identificação do paciente, hipótese diagnóstica, convênio, posologia, e via de administração dos medicamentos antimicrobianos e do trato respiratório, horário da administração, dieta e procedimentos médicos e de enfermagem. A posologia foi avaliada comparando-se a indicação na literatura com a prescrita, e sua relação com o peso da criança e gravidade do quadro clínico. A justificativa para indicação e manutenção da via endovenosa, principalmente quando o paciente estava recebendo dieta por via oral, foi discutida com a equipe médica. |
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RESULTADOS:
Foram selecionados 136 voluntários dos 231 pacientes pediátricos que concordaram em participar da pesquisa. Através da aplicação do teste Qui-Quadrado de Pearson (χ2), verificou-se uma correlação entre o diagnóstico e a faixa etária (p ≤ 0,05); ou seja, amigdalites, gastroenterocolites aguda e pneumonias atingem mais os lactentes, enquanto tratamentos cirúrgicos são mais comuns nos adolescentes. Em 97,06% dos voluntários foi prescrito ao menos um antimicrobiano durante o período de internação, como a ampicilina (27,5%), seguido da cefalotina (18,1%) e da amicacina (9,3%); os medicamentos do trato respiratório mais prescritos foram o fenoterol e o ipratrópio (21,3% cada), seguido da hidrocortisona (14,9%) e do salbutamol (12,2%). Com relação às doses administradas houve evidências de uso abaixo do mínimo e acima do máximo recomendado para alguns fármacos, destacando-se o uso do ipratrópio, com 42,5% das doses acima da máxima recomendada, e a hidrocortisona, com 35,71% das doses abaixo da mínima e 32,14% das doses acima da máxima recomendada. Quanto à avaliação das vias de administração, o presente trabalho constatou que em 70,59% dos voluntários foram administrados medicamentos pela via endovenosa durante todo período de internação, porém em 93,75% dos casos foi prescrita dieta pela via oral. |
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CONCLUSÕES:
Os “erros” de prescrição de antimicrobianos descritos em literatura não se configuraram na realidade do HFCP, porém no período avaliado o uso de antimicrobianos foi elevado (97,06%). Dos medicamentos avaliados destaca-se os erros posológicos cometidos na prescrição do ipratrópio e da hidrocortisona. A via de administração mais utilizada é a endovenosa. Observou-se que a principal justificativa para a mudança na via de administração, de endovenosa para via oral ou intramuscular, foi pela perda do acesso venoso. Esse índice é maior em lactentes principalmente nos dias que antecipam a alta hospitalar, possibilitando correlacionar tal procedimento com a possibilidade de terapia seqüencial e melhora do quadro clínico do paciente. Embora alguns fatores como gravidade da doença, vômito, grau de desidratação e necessidade de manter acesso venoso rápido, influencie os médicos na escolha da via endovenosa para administração de medicamentos, cabe à equipe clínica avaliar a possibilidade de antecipar a mudança na via de administração, de endovenoso para via oral, visto que, além da via endovenosa se tratar de um procedimento oneroso, é também traumático e doloroso ao paciente pediátrico. Tomando esse resultado é possível questionar a utilização da via endovenosa, em pacientes que recebem dieta pela via oral e que, portanto teriam condições de receber também o medicamento pela mesma via. |
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Instituição de fomento: FAP - UNIMEP | ||
Trabalho de Iniciação Científica | ||
Palavras-chave: antimicrobianos; farmacoepidemiologia; dosagem pediátrica. | ||
Anais da 57ª Reunião Anual da SBPC - Fortaleza, CE - Julho/2005 |