PRODUÇÃO DE EMBRIÕES DE OVINOS DESLANADOS DO
NORDESTE.
Vicente
José de Figueirêdo Freitas
Universidade Estadual do Ceará
Laboratório de Fisiologia e Controle da Reprodução
www.lfcr.uece.br / vjff@uece.br
1. Introdução
O aumento da população mundial
tem resultado em uma demanda crescente de proteína de origem animal,
especialmente oriunda da carne. Neste sentido, a ovinocultura tem demonstrado
um grande potencial para contribuir na minimização deste novo desafio.
No
Nordeste do Brasil, os ovinos, explorados principalmente para produção de carne
e pele, representam uma importante fonte econômica para os produtores rurais.
Estes animais, de uma forma geral, explorados extensivamente, apresentam baixa
produtividade em função das limitações climáticas, da utilização de técnicas
inadequadas de manejo e sobretudo da ausência de um programa de melhoramento
genético definido.
O desempenho reprodutivo de um rebanho está
relacionado com todos os outros componentes responsáveis pelo sucesso da
exploração, exercendo, desta forma, um papel estratégico no incremento da
produtividade. No entanto, a maximização da eficiência reprodutiva de um
rebanho requer planejamentos direcionados para a produção e conservação de
forragens, bem como para os aspectos de natureza sanitária aliados à introdução
de adequadas técnicas de manejo reprodutivo.
A
utilização das diversas biotécnicas disponíveis associadas a programas de
evolução genética tem permitido significativos avanços no aumento da
produtividade animal. Neste particular, está inserida a transferência de
embriões que, a exemplo da inseminação artificial para o macho, tem se constituído
em um excelente instrumento para maximização da utilização de fêmeas de elevado
mérito genético.
2. Aspectos
Técnicos
2.1. Sincronização de estro,
superovulação e fecundação
Os trabalhos iniciais com
transferência de embriões têm ressaltado a importância da sincronia do ciclo
estral entre doadoras e receptora. Para uma melhor eficiência da técnica é
necessário que doadoras e receptoras estejam em estro com uma diferença não
superior a 24 horas (GONZALEZ & OLIVEIRA, 1991). Diversas substâncias são
utilizadas para a sincronização do estro na ovelha, dentre elas, a progesterona
e os progestágenos: acetato de fluorogestona e acetato de medroxiprogesterona (BARIL
et al., 1993).
Os princípios para a superovulação
em ovinos são similares aqueles usados em bovinos. Utiliza-se uma gonadotrofina
com ação folículo-estimulante que pode ser aplicada próximo ao final da fase
lútea do ciclo estral ou a partir das 48 - 24 horas antes do final do
tratamento progestágeno para sincronização do estro (ISHWAR & MEMON, 1996).
Tradicionalmente, dentre as gonadotrofinas usadas para induzir a superovulação,
duas delas têm recebido mais atenção: a gonadotrofina coriônica equina (eCG) e
o hormônio folículo estimulante (FSH). A experiência em nosso laboratório tem
demonstrado a eficiência de preparações de FSH de origem suína (PlusetÒ e FolltropinÒ) em ovelhas da raça Santa
Inês superovuladas por duas vezes consecutivas (CORDEIRO et al., 2003).
A fecundação da doadora pode ser
realizada por monta natural ou inseminação artificial guiada por laparoscopia.
Esta última, muito embora requeira equipe treinada e um maior investimento,
possibilita a utilização de machos melhoradores quase sempre não disponíveis no
local.
2.2. Colheita e avaliação dos
embriões
Os embriões são colhidos mediante
lavagens sucessivas, injetando-se PBS (solução tampão fosfato) nos cornos
uterinos. O fluxo gerado pelas injeções desta solução, possibilita a
recuperação dos embriões mediante o uso de cateter de colheita. A colheita é
realizada geralmente entre o sexto e o sétimo dia após o início do estro (BARIL
et al., 1993) através de uma
laparotomia, quando o trato genital é exteriorizado e pode-se realizar a
contagem de corpos lúteos e a colheita propriamente dita (CORDEIRO et al., 2003).
A classificação embrionária proposta
pela Sociedade Brasileira de Transferência de Embriões (SBTE) estabelece padrões morfológicos para o julgamento dos
embriões, a qual divide-se em sete categorias: mórula, mórula compacta,
blastocisto inicial, blastocisto, blastocisto expandido, blastocisto em
eclosão, blastocisto eclodido.Dentro dos parâmetros descritos, os embriões
recebem uma identificação qualitativa que os classifica nos graus: I
(excelente), II (bom), III (regular), IV (degenerado, morto ou não fecundado).
2.3. Criopreservação
Existem basicamente dois métodos
para a criopreservação de embriões ovinos: a congelação lenta (clássica) e a
vitrificação.
A congelação lenta é um processo físico no qual as células embrionárias são
desidratadas progressivamente através do uso de soluções crioprotetoras,
provocando um decréscimo no ponto de congelação, limitando assim a formação de
cristais de gelo intracelular. O equipamento requerido para a congelação clássica é relativamente
caro, o processo consome maior tempo, as taxas de sobrevivência dependem da
qualidade e do estádio de desenvolvimento dos embriões.
A técnica de vitrificação, no
intuito de criopreservar embriões, é uma
prática recente, de aplicação rápida, e demonstra
ser mais simples e menos onerosa que a congelação clássica (PTAK et al., 1999). O princípio da
vitrificação consiste em submeter os embriões a altas concentrações de
crioprotetores com a finalidade de aumentar a viscosidade dos meios intra e
extracelulares. Neste caso, é possível esfriar rapidamente os embriões,
passando-os do estado líquido ao vitrificado (gelo amorfo) sem a formação de
cristais (OHBOSHI, 1998). Portanto, a maior vantagem da vitrificação é que não
ocorrem os danos físicos aos embriões devido à formação de gelo intra e
extracelular. Além disso, uma vantagem adicional deste método é o seu rápido
tempo de execução pela imersão das palhetas diretamente em nitrogênio líquido,
dispensando o uso de equipamento programável para congelação.
Imediatamente após a
descongelação é indispensável eliminar rapidamente o crioprotetor para a
sobrevivência do embrião. Para isso, as células que apresentam uma elevada
concentração de crioprotetor não devem ser colocadas diretamente em um meio
isotônico. Neste caso, as diferenças de pressão osmótica provocariam uma
entrada muito rápida de água na célula com risco de rompê-la. É preciso
proceder a eliminação progressiva do crioprotetor, de maneira que os fluxos de
saída do crioprotetor e de entrada de água sejam compatíveis com a
permeabilidade da membrana plasmática (BARIL et al., 1993).
A remoção do
crioprotetor e a reidratação do embrião após a descongelação têm sido
facilitada pela adição de sucrose (variando de 1 a 0,25M) na solução de remoção
e, também, pela redução do número de passagens do embrião nesta solução, de
três para uma vez (RAO et al., 1988).
6. Inovulação
Inovulação é um termo
técnico proposto por BEATTY (1951) e consiste na deposição do embrião no útero
da receptora, quer seja pelo ato cirúrgico (laparotomia), semi-cirúrgico
(laparoscopia) ou transcervical. A sobrevivência embrionária pós-inovulação é
influenciada dentre outros fatores, pela condição corporal e taxa de ovulação
das receptoras; pelo número de embriões transferidos por receptora; pelo
estádio de desenvolvimento dos embriões; pelo local de inovulação e pelo
sincronismo entre o estádio fisiológico da doadora com o da receptora.
Ressalta-se que a
transferência de dois embriões por receptora resulta em maior sobrevivência do
que de um ou três embriões e que a assincronia entre o estado fisiológico da
doadora com o da receptora não deve ser superior a 24 horas (ARMSTRONG &
EVANS, 1983; TERVIT et al., 1986;
ASHWORTH, 1995).
3. Conclusões
Os
ovinos deslanados da região Nordeste do Brasil podem ter um incremento em seu
potencial produtivo através da seleção e, a partir deste momento, a escolha de
reprodutores e matrizes superiores irá possibilitar um trabalho de melhoramento
genético mais rápido através do uso da superovulação, conservação e
transferência de embriões.
4. Referências
Bibliográficas
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183p, 1993.
BEATTY, R. A.
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p.995, 1951.
CORDEIRO,
M.F.; LIMA VERDE, J.B.; LOPES JÚNIOR, E.S.; TEIXEIRA, D.I.A.; FARIAS, L.N.; SALLES
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TERVIT, H. R.; GOOLD,
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