VIOLÊNCIA
E CRIMINALIDADE: DESAFIOS DA PESQUISA E DA INTERVENÇÃO”.
Theophilos Rifiotis
(Comissão Direitos Humanos
da ABA, UFSC)
A pesquisa no campo da “violência”
e da criminalidade tem sido fortemente marcada pela agenda social. Para compreendermos o estatuto científico
deste campo, seus limites e dilemas, devemos considerar desde logo que a
própria temática da “violência” é um objeto herdado pelas ciências sociais como
“problema social”, ou seja, sem uma teoria específica que possa apoiar o
desenvolvimento de pesquisas científicas.
Há, portanto, uma necessidade de que tal “problema social”, seja
considerado na sua complexidade e traduzido em termos teóricos para ser tratada
como objeto científico, evitando-se assim a simples justaposição da agenda
social e do discurso analítico. Um
processo análogo ocorre com o objeto “crime”, herdado da taxonomia jurídica,
ele encerra a complexidade do evento que tipifica e descreve em termos que
chamaríamos “judicializantes”. Entendemos que estas questões são fundamentais
para a qualificação e desenvolvimento do nosso campo de pesquisa e de
intervenção. Sem um tal distanciamento
crítico fica postulada implicitamente uma exclusividade do discurso de
indignação e da judicialização das relações sociais. É em torno destas questões
que temos procurado, desde meados dos anos 90, qualificar o nosso debate sobre
“violência” e criminalidade.
Consideramos desde o início dos nossos trabalhos que deveríamos
distinguir três tipos de discursos neste campo: um discurso contra a violência, um outro sobre a violência e um discurso da violência, ou seja, a sua qualidade
de expressão social. Nesta apresentação
trataremos das matrizes teóricas fundamentais da perspectiva crítica que temos
procurado desenvolver, refletindo sobre as nossas pesquisas procurando
identificar seus limites e dilemas colocado no plano científico e ético, e para
a promoção da cidadania.