Estratégias
para o isolamento de princípios ativos de plantas
Paulo
Cezar Vieira
Departamento
de Química, Universidade Federal de São Carlos
Plantas produzem metabólitos
secundários (produtos naturais) os quais desempenham um papel fundamental nas
suas interações de defesa contra predadores e patógenos. Muitos desses produtos
naturais são de grande valor para a agricultura e medicina. Assim, as plantas
podem ser consideradas como uma fonte valiosa de produtos naturais úteis como
fármacos, agroquímicos e outros.
Historicamente, metabólitos
secundários de plantas vêm sendo utilizados pela humanidade como remédio desde
o início de nossa civilização. Nos dias atuais, mesmo com o grande
desenvolvimento de fármacos obtidos por síntese orgânica, eles continuam
desempenhando um papel de destaque na saúde pública. Mais de 25% dos
medicamentos em uso são derivados naturais ou produtos semi-sintéticos de
origem natural. Nos países em desenvolvimento da América Latina, e em
particular no Brasil, a percentagem de utilização de produtos naturais pela
população vem aumentando substancialmente, revelando a importância do
conhecimento da química das plantas utilizadas para estes fins.
Dentro do
contexto de busca de substâncias bioativas de plantas temos estudado a ordem
Rutales com intuito de encontrar substâncias úteis para o tratamento de doenças
tropicais, especialmente chagas e leishmaniose. Algumas espécies vegetais
pertencentes à família Rutaceae, como é o caso de Galipea longiflora e Zanthoxyllum
naranjillo, têm fornecido substâncias de interesse. De G. longiflora vários
alcalóides 2-alquilquinolínicos mostraram potente atividade leishmanicida e
tripanocida. Z. naranjillo forneceu lignanas com atividade tripanocida.
Considerando
o grande potencial da ordem Rutales na produção de substâncias bioativas,
extratos de plantas pertencentes a essa ordem, têm sido testados em diferentes
modelos biológicos para a busca de substâncias bioativas. Alguns desses
extratos e substâncias puras têm mostrado atividade bastante promissora.