TENSÕES E
PRETENSÕES DA PESQUISA E INTERVENÇÃO:
“VIOLÊNCIAS JUVENIS”.
Norma Missae Takeuti (UFRN)
Na temática da violência e
criminalidade, a nossa reflexão focaliza jovens adolescentes das comunidades
pobres dos bairros periféricos das capitais brasileiras, enredados nos
múltiplos registros da violência, envolvendo a sociedade, a comunidade, as
instituições sociais e eles próprios, uns na condição de vítimas e outros na de
agentes do crime. Trata-se de compreender o complexo imaginário social
brasileiro em torno do jovem com ares de “periferia” (física e social)
defrontando-se com os problemas oriundos de sua invalidação, relegação e
violências sociais. O trabalho realizado junto aos jovens de algumas
comunidades pobres possui o enorme desafio que poderíamos chamar de conversão
do olhar social, de desconstrução de conceitos socialmente consolidados e de
desvelamento das fantasias sociais – as quais constituem-se em fonte das estigmatizações,
segregações sociais e, em certos casos, de proscrição social –, de modo a se
estabelecer com os participantes do estudo uma relação na qual eles assumam o
lugar de sujeitos sociais. Lugar este, certamente, a ser garantido no interior
do dispositivo de intervenção sociológica e, ulteriormente, a ser resgatado em
outros espaços sociais. Aborda-se,
outrossim, o processo em que o pesquisador se apreende e aprende na experiência
social de intervenção sociológica que é permeada de tensões permanentes – ao
mesmo tempo em que comporta limites e possibilidades –, particularmente, quando
se trata de penetrar na multiplicidade de dimensões que compõem o vivido dos
indivíduos nas relações de violência na sociedade.