DENOMINAÇÕES: A PRODUÇÃO NOS JORNAIS DE PERNAMBUCO NA NEOLOGIA/TERMINOLOGIA BÉLICA DO NOTICIÁRIO INTERNACIONAL.

 

 

Nelly Carvalho (Orientadora-UFPE)

Mariana Reis (bolsista PIBIC)

Palavras-chave: criações lexicais;adoções;termos bélicos; Guerra do Iraque; ruídos de comunicação.

Os usos da linguagem são marcadores sociais como também marcadores geográficos. A cobertura jornalística da Guerra do Iraque, em 2003, trouxe à tona expressões e palavras diversas daquelas pertencentes ao do nosso vocabulário ocidental, revelando-nos outras realidades e complexidades relacionadas com a realidade da guerra no Oriente Médio. Mas até que ponto esse novo léxico facilitou ou dificultou nossa compreensão das informações relacionadas à guerra? Tal uso da linguagem gerou um retrato fiel daquela sociedade/realidade? Obviamente esse caráter de análise mais amplo não convém ser exposto aqui, nem constitui nosso objeto de análise;nós nos deteremos, portanto, unicamente na questão neológica/terminológica no texto jornalístico da cobertura da guerra, verificando se tal poderia constituir um ruído de comunicação.

É através do jornalismo que os discursos e as terminologias dos mais diversos contextos são “vulgarizados”, repassados, de modo acessível, para a sociedade. Como bem já havia observado Carvalho, é na imprensa que se percebe mais facilmente as conseqüências das inovações lingüísticas, “pela quantidade de novos itens lexicais que entram na língua comum”. Tais inovações e renovações provêm das transformações da sociedade e do resultado da crescente influência da ciência e da tecnologia. Ressaltamos a importância da imprensa escrita na incorporação  desses neologismos no repertório da sociedade: é a partir do registro escrito que a palavra, antes restrita a determinados campos do saber, passa a existir num universo mais amplo e democrático, o dos leitores de jornais.

A escolha da análise dos neologismos na cobertura da guerra EUA x Iraque deveu-se ao fato de tal conjuntura afetar a situação política e econômica tanto das nações envolvidas quanto das demais, levando à adoção de novas formas de expressão para descrever a situação vivenciada.  No contexto da Guerra do Iraque, o neologismo surge da necessidade de nomear e especificar realidades restritas, divergentes dos usados em outros contextos de guerra. São, em geral, além de termos pertencentes a um vocabulário bélico, estrangeirismos árabes e anglo-americanos ou nomenclaturas referentes a religiões da região do Golfo Pérsico, sobretudo o islamismo. 

O estudo das alterações lexicais e semânticas a partir do noticiário internacional da imprensa pernambucana (jornais Diário de Pernambuco, Folha de Pernambuco e Jornal do Commercio) dividiu-se em duas fases: a primeira, referente a abril de 2003, aborda o estopim e o auge dos ataques norte-americano no Iraque; a outra considera a retomada do tema e os questionamentos do pós-guerra e é relativa à análise dos jornais principalmente a partir de agosto de 2003.Como podemos analisar, é a primeira fase que apresenta uma amostragem mais enriquecedora  quanto aos neologismos.