EFEITOS
BIOLÓGICOS E APLICAÇÕES DE FONTES DE RADIAÇÃO NÃO IONIZANTES (INFRAVERMELHA,
ULTRA-VIOLETA, MICROORONDAS, ONDAS CURTAS) EM CIÊNCIAS DA SAÚDE: CARACTERIZAÇÃO
DAS FONTES DE RADIAÇÃO USADAS EM CIÊNCIAS DA SAÚDE E APLICAÇÕES E EFEITOS
Mario
Bernardo-Filho (1,2,3), Adalgisa I. Maiworm (1), Sebastião dos Santos-Filho
(1,3), Scheila Soares (1,3), Camila
Godinho Ribeiro (1) e Cláudia Bandeira (4)
1-Universidade
do Estado do Rio de Janeiro, Instituto de Biologia Roberto Alcantara Gomes,
Departamento de Biofísica e Biometria, Rio de Janeiro, RJ, 20551-030.
2-
Instituto Nacional do Câncer, Coordenadoria de Pesquisa, Rio de Janeiro, RJ,
20230-130
3-
Sociedade Brasileira de Biociências Nucleares – SBBN (www.sbbn.com.br)
4- Faculdade São Miguel, Recife, PE.
E.mail: bernardo@uerj.br
As radiações podem ser classificadas como corpusculares (apresentam
massa) e como eletromagnéticas. Essas últimas podem ser agrupadas segundo
determinados parâmetros, constituindo um espectro eletromagnético e dependendo
da capacidade de promoverem ionização ou não dos principais átomos que
constituem os seres vivos, as mesmas são consideradas ionizantes (raios X e
gama) ou não ionizantes. As radiações ultravioletas (UV), visíveis, infravermelhas
(IV), microondas (MO) e ondas curtas (OC) são exemplos dessas últimas. As
diversas fontes de radiações eletromagnéticas são usadas rotineiramente em
Ciências da Saúde e seus efeitos estão intimamente associados à capacidade de
absorção da energia fotônica pelo meio. No caso de originar uma lesão em um ser
vivo, essa absorção que corresponde ao estágio inicial de uma lesão, que é
conhecido como estágio físico. Os efeitos biológicos das radiações ionizantes,
as radiolesões, estudadas pela Radiobiologia, são conseqüência de ionizações
e/ou excitações atômicas e/ou moleculares. Esses efeitos podem ocorrer por uma
interação direta com uma estrutura alvo (efeito direto) e/ou por uma interação
com o meio no qual se encontra a estrutura alvo, gerando os radicais livres
(efeito indireto). Esses radicais livres seriam os responsáveis pelo efeito
biológico observado. Um radical livre corresponde a um átomo ou uma molécula
que possui um ou mais elétrons não emparelhados, o que lhe assegura uma enorme
reatividade química. As fontes de radiações ionizantes são empregadas
diretamente por especialidades médicas, como a Radiologia, a Radioterapia e a
Medicina Nuclear. Esses empregos visam o diagnóstico e/ou tratamento de doenças
variadas. As radiações não ionizantes, apesar de não terem a capacidade de
ionizar os principais átomos que constituem o sistema biológico, podem
acarretar importantes alterações nos níveis energéticos das moléculas e/ou
átomos quando são absorvidas. Como conseqüência, essas perturbações energéticas
levam a efeitos diversos, como o aumento da energia rotacional, da energia
translacional e da energia vibracional dos componentes moleculares do meio,
tornando-os altamente reativos, podendo gerar fotolesões que são estudadas pela
Fotobiologia. Na medicina e na fisioterapia, essas radiações não ionizantes são
aplicadas em vários procedimentos, visando o restabelecimento das condições
funcionais alteradas por doenças diversas. Muitos efeitos relacionados à
radiação do tipo UV longo (UVA) são dependentes de oxigênio e mediados por
reações de fotooxidação, que conduzem a formação de radicais livres. Outros
efeitos possíveis são os causados pelos comprimentos de onda entre 420 e 480 nm
(luz visível), que são absorvidos pela molécula de bilirrubina, que sofre fotooxidação
e dessa forma é facilmente excretada pela urina. Essa seqüência de eventos
relacionados com as radiações visíveis encontra aplicação clínica no tratamento
de icterícia neonatal. A psoríase e o vitiligo são doenças de etiologias
desconhecidas que podem ser tratadas pela associação de UVA e agentes
fotossensibilizadores, especialmente as psoraleínas. Além dessas doenças,
comprometimentos músculo-esqueléticos, neurológicos, dermatológicos e
reumatológicos têm sido tratados com sucesso por outras fontes de radiação não
ionizante. A utilização das radiações eletromagnéticas não ionizantes em
Ciências da Saúde deve levar em consideração a sensibilidade do paciente frente
à dose e ao tempo de aplicação do recurso físico, existindo um controle
dose-efeito para que se possa atingir o objetivo proposto. A
diatermia por microondas e ondas-curtas é normalmente utilizada quando
determinada região está sendo preparada para a cinesioterapia, por propiciar o
relaxamento músculo-tendíneo. A cromopuntura consiste na aplicação de luz
visível em pontos de acupuntura para o tratamento de desarmonias energéticas
que acarretam doenças ou alterações fisiológicas. Para tanto, é utilizado um
aparelho elétrico denominado bastão cromático, composto por uma fonte de luz
branca dentro de uma fenda onde é colocado o filtro de luz desejado, e um
cristal de quartzo branco por onde a luz é projetada. Os
principais efeitos fisiológicos relacionados com a radiação IV são resultantes
do aquecimento local dos tecidos. Estes efeitos são as alterações no
comportamento metabólico e circulatório, na função nervosa e na atividade
celular. Uma elevação na temperatura resultará num aumento das atividades
metabólicas nos tecidos superficiais devido ao efeito direto do calor nos
processos químicos. Desta forma, foi demonstrado que a radiação IV causa um
aumento no fluxo sanguíneo da região cutânea devido à vasodilatação dos vasos
sanguíneos da pele. Este efeito pode ser mediado pela ação direta do calor
sobre os próprios vasos, ou através da atuação deste calor na inervação nervosa
vasomotora. Níveis elevados de certos metabólitos do sangue, resultantes do
aumento da atividade metabólica em decorrência das temperaturas mais elevadas,
também têm um efeito direto sobre as paredes vasculares, o que estimula a
vasodilatação. Estas alterações não se refletem nos tecidos mais profundos do
corpo. A aplicação desses recursos físicos é de grande relevância, embora, de
modo geral, os mesmos, em Fisioterapia, sejam associados também a procedimentos
de cinesioterapia, visando reabilitar o paciente e oferecer ao mesmo uma melhor
qualidade de vida. É importante ressaltar que a manipulação de fontes de
radiação não ionizantes deva ser realizada dentro de critérios técnicos bem
estabelecidos, objetivando não acarretar problemas tanto para o terapeuta
quanto para o paciente. Desse modo torna-se imprescindível à devida
qualificação dos profissionais envolvidos com esses procedimentos.
Bibliografia
-
Bernardo-Filho M. Palestra “Aplicações das fontes de radiação ionizante em
Ciências da Saúde”, no Simpósio “Aplicações, Riscos e Benefícios das Fontes de
Radiação Ionizante em Ciências da Saúde”, 56ª Reunião Anual da SBPC, Cuiabá,
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dia 05 de agosto de 2004, às 15h 30
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