PREVISÕES METEOROLÓGICAS NO BRASIL: COMO SE FAZ? POR QUE MELHORAM TANTO?

 

Maria Gertrudes Alvarez Justi da Silva

Isimar de Azevedo Santos

Sociedade Brasileira de Meteorologia

 

 

A previsão meteorológica é feita a partir da coleta de dados atmosféricos e oceânicos, diariamente, em alguns casos até quatro vezes ao dia, e no mundo inteiro. Estes dados são concentrados em três grandes centros meteorológicos, Washington, Moscou e Melbourne, são processados após passarem por um controle de qualidade sendo em seguida difundidos. No Brasil, há cerca de dez anos, passamos a utilizar esta informação processada, o que resulta em mais qualidade nas previsões do que quando usávamos apenas os dados coletados na América do Sul e sem um bom pré-processamento. Investimentos também foram feitos na obtenção de dados com muita qualidade que, graças ao uso de satélites, podem ser obtidos hoje em pontos remotos e antes inacessíveis.

Na moderna Meteorologia, as previsões são feitas através de modelos numéricos, que são sofisticados programas de computador que assimilam toda a informação meteorológica e integram equações diferenciais parciais que representam basicamente a equação do momento, a equação da energia termodinâmica e a equação da continuidade da massa atmosférica. Com as facilidades da internet, velocidade e acessibilidade, o acesso aos dados pré-processados de forma rápida tem viabilizado as previsões numéricas que são feitas hoje no Brasil.

            Um aspecto essencial relacionado com a melhoria das previsões no Brasil e que pode passar despercebido, é que com o aumento da capacidade computacional e a queda dos custos, tem sido possível as previsões numéricas regionais. Essas previsões são viáveis graças ao aninhamento de grades de alta resolução, e, portanto, bastante detalhadas localmente, às grades de abrangência global. Desse modo, a informação meteorológica da grande escala é transferida para um domínio regional em que as características fisiográficas mais detalhadas podem ser levadas em conta nos chamados modelos de mesoescala. Essa difusão da modelagem de mesoescala tem permitido a formação de um contingente significativo de pesquisadores que aceleram o processo da melhoria da qualidade da previsão meteorológica.

            Cabe destacar o papel primordial do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) através do Centro de Previsões de Tempo e Estudos Climáticos (CPTEC), que trouxe para o Brasil a tecnologia mais avançada em previsão meteorológica através de modelos numéricos e passou a disponibilizar produtos de alta qualidade e confiabilidade tanto para a comunidade científica como para o público em geral.

            Finalmente, universidades como a UFRJ e a USP têm procurado desenvolver soluções de baixo custo que tornam viável a utilização massiva das sofisticadas técnicas de previsão regional, suprindo tanto órgãos públicos quanto empresas privadas com informações meteorológicas, diagnósticas e prognosticas, atendendo a demandas mais específicas ditadas pelo usuário final.