CIÊNCIA E TELEVISÃO: UMA RELAÇÃO DELICADA
Lacy Varella Barca de Andrade [1]
Resumo
Uma análise das grades de programação das emissoras de televisão
brasileiras que operam em canal aberto e gratuito – divulgadas pelos jornais
impressos todos os dias – demonstra a exigüidade do espaço dedicado à
divulgação científica pelo veículo de comunicação de massa mais popular no país
e que se faz presente em 87,5% das residências.
Em contraposição ao tempo destinado à ciência, diversas
emissoras conferem vastos espaços de sua programação à exibição de programas
religiosos, de diferentes orientações confessionais. A julgar pelo total de
horas de programação, a população brasileira está muito mais exposta a
conteúdos de caráter religioso do que científico.
Curiosamente, os programas jornalísticos e de variedades que
exibem materiais com abordagem científica – geralmente produzidos por emissoras
estrangeiras, especialmente inglesas –, são os que concentram o interesse do
público e, portanto, detêm os maiores índices de audiência.
[1] Jornalista especializada em ciência, autônoma. Doutora pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro com tese na área de divulgação
científica pela televisão.