BIOTÉCNICAS DA REPRODUÇÃO ANIMAL - CAPRINOS E OVINOS

 

Nunes, J. F.1; Salgueiro, C. C. de M.2

1Prof. Titular da Universidade Estadual do Ceará – PPGCV; e-mail: ferreiranunes@hotmail.com

2Bolsista DCR-CNPq; e-mail: crismello76@hotmail.com

 

 

A geração de tecnologias, bem como a sua transferência ao setor produtivo, não conseguiu mudar ainda o perfil da cadeia produtiva da caprinovinocultura nordestina. Esforços têm sido efetuados por órgãos governamentais, como a EMBRAPA, Secretarias de Agricultura, Universidades e ações locais junto às prefeituras municipais da região.

A dispersão das tecnologias, bem como da própria cadeia produtiva, e a carência de recursos humanos qualificados em todos os níveis da caprinocultura, parece ser o maior problema com o qual nos deparamos.

A carência de um modelo produtivo para a região, estratificado para a produção de carne, leite e peles através do emprego de tecnologias aplicadas, juntamente com a eleição de raças mais adequadas aos propósitos regionais, poderá solucionar o problema.

A introdução de normas de manejo tecnificado nos sistemas de produção, bem como um programa de melhoramento genético voltado para os anseios dos produtores da região, deverá merecer toda a prioridade.

A criopreservação de sêmen e embriões de animais geneticamente superiores poderá, através de trabalho de controle zootécnico, inseminação artificial e transferência de embriões, aumentar a produtividade ponderal e numérica dos rebanhos.

A avaliação das raças, seguida de congelamento de sêmen e embriões dos melhores animais, bem como a introdução e avaliação de novas raças, será uma das melhores ferramentas tecnológica capaz de modificar o perfil regional de criação.

No tocante às inovações biotecnológicas, a água de coco vem sendo utilizada em várias biotecnologias relacionadas com a reprodução animal. Excelentes resultados têm sido obtidos com a utilização da água de coco em estudos de preservação do sêmen de animais domésticos como caprinos (Freitas, 1988; Salles, 1989; Toniolli, 1989a; Araújo, 1990; Rodrigues et al., 1994; Salgueiro et al., 2003), ovinos (Freitas, 1992; Cruz, 1994; Sousa et al., 1994), suínos (Toniolli, 1989b; Toniolli & Mesquita, 1990), caninos (Montezuma Jr. et al., 1994; Uchoa et al., 2002), peixe de água doce como o Tambaqui (Colossoma macropomum CUVIER) (Farias et al, 1999).

Dentre as alternativas pobres em fosfolipídios, surgiu a água de coco que, através de experimentos “in vitro” e “in vivo”, exibiu um excelente comportamento no que se refere ao vigor e motilidade dos espermatozóides vivos e fertilidade (Nunes, 1986).

A utilização de diluentes pobres em fosfolipídios na biotecnologia de criopreservação do sêmen caprino permite suprimir os processos de lavagem que são submetidos ao sêmen antes de diluí-lo nos diluentes convencionais (Souza & Mies Filho, 1986; Machado, 1991).

Tratando de determinar a fração da água de coco que atua sobre os espermatozóides, Nunes et al. (1994) realizaram o fracionamento da água de coco e observaram uma molécula pertencente ao grupo das auxinas, o ácido 3-indol acético (IAA), substância com ação hormonal estimuladora do crescimento de vegetais, que ativa o metabolismo dos espermatozóides. A presença do IAA pode variar de acordo com o estágio de maturação e da espécie do fruto e conseqüentemente influir nos resultados “in vitro” e “in vivo” do sêmen diluído em diferentes composições da água de coco (Nunes & Salgueiro, 1999).

A introdução do IAA na composição de diluentes convencionais do sêmen de diferentes espécies conferiu aos espermatozóides um incremento de motilidade, aumentando a taxa de fertilidade, além de permitir sua conservação durante períodos mais longos (Cruz, 1994; Nunes et al., 1994).

Vários pesquisadores têm demonstrado que a água de coco, além de apresentar resultados satisfatórios na criopreservação do sêmen de caprinos, de ovinos e suínos, pode ser utilizada com êxito na criopreservação de embriões murídeos (Blume & Marques Jr., 1994), no cultivo de embriões murídeos no estágio de uma célula e mantém a integridade das células depois da congelação-descongelação de embriões de ratas. Esses efeitos podem ser devidos à rica composição em açúcares, aminoácidos, proteínas, etc., presentes na água de coco.

A vulgarização do uso da água de coco está limitada, em primeiro lugar, à inexistência de padronização de insumo tão importante. Uma revisão bibliográfica sugere ter havido usos inadequados. Uma série de fatores como variedade, tipo de cultivar, idade, sanidade e fatores ambientais, influenciam substancialmente sua complexa composição. Sua labilidade tem, inclusive, dificultado os esforços de inúmeros pesquisadores, muitos deles ligados à industrialização, de obter na prateleira, a água de coco “in natura”, sob forma estável e duradoura.

Desde 1997 iniciou-se um estudo que levou à padronização do fruto que seria o ideal para a utilização em processos biotecnológicos. Uma vez selecionado o fruto ideal, buscou-se a estabilização da água de coco, fato logrado no início de 2002.

Com base nos primeiros resultados obtidos com a água de coco “in natura”, a padronização e estabilização da água de coco na forma de pó (ACP), em não perdendo suas características físico-químicas, garante a simplificação de sua utilização, podendo representar uma alternativa para a difusão de várias biotecnologias. Tal fato propiciou a padronização dos meios de conservação até então em estudo, não só para sêmen como para outros tipos celulares.

A invenção está baseada na padronização e estabilização da água de coco na forma de pó (ACP) e na subseqüente formulação dos meios de conservação, onde são acrescentados aditivos específicos, dependendo do tipo de material biológico a ser conservado. Referidos meios poderão ser utilizados para a conservação celular de todas as espécies animais, incluindo o homem.

Características e vantagens da ACP:

 

Perspectivas da ACP:

 

Conclusão:

Com base nos primeiros resultados obtidos com a água de coco “in natura”, a padronização e a estabilização da água de coco na forma de pó (ACP), em não perdendo as suas características físico-químicas, garante a simplificação de sua utilização, podendo apresentar uma alternativa para a difusão de várias biotecnologias. Tal fato propiciou a padronização dos meios de conservação até então em estudo, não só para sêmen como também para outros tipos celulares.

 

Referências Bibliográficas

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CRUZ, J. F. Conservação e fertilidade do sêmen ovino mantido à temperatura de +4ºC por um período de 48 horas diluído em frações ativas da água de coco. Fortaleza, 1994. Tese (Mestrado em Produção e Reprodução de Pequenos Ruminantes da Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1994).

FARIAS, J. O., NUNES, J. F., CARVALHO, M. A. M., et al. Avaliação “in vitro” e “in vivo” do sêmen de Tambaqui (Colossoma macropomum CUVIER) conservado à temperatura ambiente e criopreservado em água de coco. Rev. Cient. Prod. Anim., v.1, n.1, p.44-58, 1999.

FREITAS, V. J. F. Sincronização do ciclo estral e fertilidade de cabras submetidas a dois níveis de gonadotrofina coriônica (eCG) inseminadas artificialmente. Fortaleza, 1988. Monografia (Especialização em Produção e Reprodução de Pequenos Ruminantes da Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1988).

FREITAS, V. J. F. Parâmetros andrológicos e avaliação "in vitro" do sêmen de ovinos deslanados criados na região litorânea do Nordeste brasileiro em estação seca e chuvosa. Fortaleza, 1992. Tese (Mestrado em Produção e Reprodução de Pequenos Ruminantes da Universidade Estadual do Ceará - UECE, 1992).

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