O extrativismo vegetal é considerado uma prática de obtenção de
matéria-prima pouco eficiente em relação à qualidade desta, assim como
causadora de degradação ambiental, levando à perdas de material genético. Por
outro lado, o cultivo permite a escolha de matrizes, que
passando pelas etapas de plantio,
manejo, colheita, secagem, armazenamento e extração, facilitam o controle de
qualidade do produto, o que é um dos alicerces do setor produtivo. Este setor
se ressente muito com estes problemas, pois o fato da matéria-prima já chegar à
indústria com a qualidade comprometida, implica em perdas significativas por
parte das empresas, principalmente no Setor de Bioativos. Em muitos casos os produtos oriundos destes
processos industriais são a base para a fabricação de alimentos, fitoterápicos
e fitocosméticos, e requer tanto critério quanto, por exemplo, o setor da
saúde. Através do cultivo com bases sustentáveis, muitas vantagens podem advir
tais como a fixação do homem no campo, a oferta de matéria-prima de qualidade,
a agregação de valor aos produtos oriundos dessa atividade, assim como a
melhoria da condição de vida das populações do interior, evitando desta forma o
êxodo rural em direção às cidades, principalmente as capitais, que já se
encontram com uma população acima do normal. Estudos afirmam que através de
técnicas de cultivo adequadas é possível a oferta de matéria-prima de plantas
medicinais, aromáticas e condimentares de qualidade ao longo do ano. A
matéria-prima assim deve receber avaliação fitoquímica, ou seja, o
acompanhamento das variações químicas que ocorrem ao longo do desenvolvimento
das mesmas, pois alguns dos princípios ativos mais importantes para o setor são derivados do metabolismo
secundário, que está sob a interferência dos fatores bióticos e abióticos. O
cultivo de plantas medicinais no Estado do Amazonas se encontra em estágios
iniciais, existindo uma lacuna neste setor. Considerando toda a riqueza em
espécies com potencial de uso medicinal, aromático e cosmético, se faz mister
que sejam implementadas rapidamente ações visando solucionar esse problema,
pois o extrativismo em si não é capaz de oferecer em quantidade e qualidade
matéria-prima para as indústrias, quer sejam de base familiar, quer sejam de
outro porte. A Embrapa Amazônia Ocidental vem trabalhado atualmente com algumas
espécies medicinais. Entre elas temos a sacaca (Croton cajucara Benth.), a sacaquinha (Croton sacaquinha Croizat), o crajiru (Arrabidaea chica Verlot.), a caapeba (Pothomorphe peltata Miq.), a pimenta de
macacao (Piper aduncum L.). Estes
estudos iniciaram-se na caracterizações botânica, química e genética, avançaram
para a área de métodos de propagação e estamos agora cultivando em campo em
relação às respostas de espaçamento, época de colheita, de plantio, adubação,
secagem, dentre outras, mas com o acompanhamento fitoquímico. Outras espécies
também estão no processo de cultivo, como a unha de gato (Uncaria guianensis e U.
tomentosa) e a caferana (Picrolemma sprucei). A partir
do conhecimento gerado e da viabilização comercial, será implementada a produção
junto a comunidades agrícolas, repassando as tecnologias desenvolvidas, o
fornecimento de mudas e a garantia de compra da produção, fortalecendo desta
forma a cadeia produtiva, promovendo a inclusão social e geração de renda.