Fernando de Souza Barros
(IF-UFRJ)
As
questões da diretoria da SBF (11 de
abril de 2005).
Questão
1: Está realmente configurada uma demanda de fornecimento de energia que
justifique o término da Central Nuclear Angra III ?
Ministério
de Minas e Energia (Folha de São Paulo, 23/01/2005): O crescimento econômico
previsto requer a agregação de 3.000 MWe anuais à matriz energética brasileira.
(Participação
atual da geração nuclear ~1,5% à <5% em
5 anos com Angra III).
Argumento favoráveis:
Sexta
reserva mundial de de urânio
Viabilização
econômica do ciclo de combustível nuclear
Planejamento
estratégico
Argumentos contrários:
Contribuição
para domínio tecnológico brasileiro historicamente contestada
Energia
gerada por Angra III ~ R$ 180 / MWh (Estimativa
de Goldenberg em 12/04/05)
(Contratos
de energia atuais ~ R$ 60 / MWh)
Goldenberg,
O Estado de São Paulo, 21/12/ 2004: Governo brasileiro desembolsa US$200 milhões/ano
para manter os reatores nucleares de Angra dos Reis em funcionamento.
Centrais nucleares não são
recomendadas para suprir “picos de demanda”
As instâncias da decisão governamentais: A divisão interna do grupo de trabalho sobre
a conclusão de Angra III
(Minas e Energia (MME), Ciência e Tecnologia (MCT), Meio Ambiente (MMA) e
Planejamento (MP) e Casa Civil
(?).
Questão
2: Dado que várias partes do equipamento para o reator de Angra III foram compradas há vários anos, estão ainda
em condições de serem utilizadas e a parte que falta adquirir permitiria uma
modernização substancial dos sistemas de controle e segurança da usina?
Angra III:
De 1970 a 2010 à + US$ 1,7
bilhões em 5 anos. Um empreeendimento
Equipamentos
comprados (US$ 700 milhões): sistema hidráulico (Exemplos: geradores de vapor,
condensadores, bombas hidráulicas, turbina, geradores diesel.)
Equipamentos
a serem adquiridos e término da obra (US$ 1,7 billhões): Sistema elétrico teria
modernização tecnicamente factível.
Questão
3: Os relatórios de segurança das usinas Angra I e Angra II têm sido
regularmente fornecidos pela CNEN à Agência Internacional de Energia Atômica e
por ela aprovada?
Questão
sem lastro formal.
Questão
4: O relatório de impacto ambiental da Usina Angra III é satisfatório? Se o
for, porque não foi ainda formalmente aprovado por IBAMA?
Aprovação
do Local:
Ato
administrativo da CNEN de 2002
Apreciação
ainda em curso pela IBAMA
O plano de
Emergência de Angra
Armazenamento
de rejeitos
Questão
5: Uma das maiores críticas que se tem feito ao Programa Nuclear Brasileiro é
que a Comissão Nacional de Energia Nuclear concentra a função de órgão
regulador com a de executor do programa, pelo menos parcialmente. Deveria a SBF
exigir a separação dessas atividades, de forma que o órgão regulador tivesse
independência em relação ao Governo, principalmente quanto a indicação de seu
presidente?
Proposta
histórica com apoio abrangente
Órgãos
da CNEN estão certificados para essas funções ?
O parque
nuclear brasileiro:
~2500
instalações nucleares e radioativas do Brasil
~30.000
fontes e geradores de radiação
(medicina
nuclear, industria convencional, industria de alimentos, controle
ambiental, pesquisa acadêmica, ...)
Não esquecer o acidente radioativo
de Goiânia de 13 de setembro de 1987.
Questão 6: Além da implantação de
usinas convencionais, deveria o Programa Nuclear Brasileiro incluir também a
pesquisa no desenvolvimento de fontes avançadas de energia nuclear, incluindo
reatores de Quarta Geração, fusão e outras possibilidades? Que cenários existem
atualmente para o desenvolvimento dessas fontes?
Desenvolvimento
de fontes avançadas de energia requerem planejamentos de longo alcance.
A opção de
pequenos reatores (100 a 300 MWe)
A Fusão
Nuclear: “35 anos à frente” faz algum tempo!
Questão
7: Os procedimentos de disposição de resíduos radioativos conduzidos pela
Eletronuclear, sob a supervisão da CNEN é adequado? Que recomendação deve a SBF
fazer quanto a um programa de processamento e armazenamento definitivo de
resíduos radioativos de alto nível de radioatividade ?
Uma Agenda
permanente que novamente requer planejamento de longo alcance
Os desdobramentos políticos da localização
do depósito definitivo.
Questão
8: Que perspectivas há de solucionar a crise administrativo - financeira que a
Eletronuclear enfrenta atualmente?
Dívida: ~2
bilhões (euros, reais e dólares (Pinguelli Rosa, 2005).
Como
atrair capital privado?
A relação
funcional Eletronuclear & Furnas
As tarifas
Atenção:
Energia da termoelétrica Macaé Merchant sem demanda!
Questão
9: Deveria a indicação do presidente do órgão regulador das atividades
nucleares não ser feita diretamente pelo Presidente da Republica, mas sim pelo
Congresso, com mandato não coincidente com o deste, de forma a garantir
independência política e qualidade técnica?
A divisão
constitucional dos poderes executivo e legislativo
As questões
trabalhistas!
Questão
10: Que mecanismos poderiam ser estabelecidos para uma devida participação da
comunidade científica brasileira no controle das atividades nucleares, de forma
a garantir sua utilização apenas para fins pacíficos?
A distinção
necessária entre assessorias e participação em órgãos regulatórios
questões complementares e Outras questões:
O Conselho de Segurança e a
Agência Internacional (Nações Unidas)
Parcerias internacionais
Brasil e os Tratados
Internacionais
Tratado
de Não Proliferação de Armas Nucleares.
Tratado
de Tlatelolco
Tratado
bilateral com a Argentina
(ABACC
– Agência Brasileira Argentina de Controle de Materiais Nucleares)
Protocolo
Adicional ao TNP
Uma projeção nacional (até 2035)- Estudo divulgado por “Economia
& Energia” – Abril de 2005)
Energia
nuclear para regulação do sistema
Crescimento
econômico brasileiro à taxa de 4% à 5% anuais
Potência instalada em 2035
Hidroelétrica 270
GW
Térmicas
Convencionais 90 GW
Nuclear
36 GW
28
centrais nucleares de 1,3 GW (28 Angra III)
8
centrais nucleares para complementação do sistema
20
centrais nucleares para regulação
Uma projeção global (até 2050): Uma visão pró-nuclear ecológica: “O
Futuro da Energia Nuclear”
Estudo do MIT (Julho de 2003): A
opção nuclear para redução global de gases de efeito estufa (CO2)
2003: 17% do consumo mundial de eletricidade é de origem nuclear.
~ 366
reatores de porte equivalente a Angra III
A
emissão de GHG (em carvão equivalente) ~ 6.500 milhões de toneladas.
2050 – Estudo interdisciplinar do
MIT:
1000 a 1500 centrais nucleares à ~1000 GWe
Eliminação
da queima de 1.800 milhões de toneladas de carvão equivalente
A
expectativa é de uma queima global ~ 13.000 milhões de toneladas.
As barreiras previstas pelo estudo
do MIT:
Custo:
Necessidade de um mecanismo para igualar tarifas
Segurança:
Além da operação dos reatores
Proliferação:
Combustível sem reciclagem
Rejeito
radioativo: Armazenamento indefinido
Uma projeção de investimentos privados (2010): Estudo de Amory
Lovins (Montain Institute News Letter) Ver gráfico abaixo. Notar que os dados
foram coletados em sete agências ou empresas do setor.
José
Leite Lopes: Crescimento para que? Para quem?
Planejamento
como fonte de energia
Gráfico de Amory Lovins (Montain Institute News
Letter, 2005)
Fontes dos dados do gráfico:
EWEA: European Wind Energy Assoiciatio
IEA: International Energy Agency (24 países)
WADE: World Alliance for Decentralized Energy
Navigant: Empresa de consultoria
WNA: World Nuclear Association
WEC: World Energy Council
PV Industry: indústria de elementos
foto-voltáicos