QUESTÕES RELATIVAS ÀS USINAS NUCLEARES

Emico Okuno

Departamento de Física Nuclear

Instituto de Física da Universidade de S. Paulo, SP

 

 

Segundo informação de junho de 2005 da IAEA-PRIS (International Atomic Energy Agency – Power Reactor Information System) há 440 reatores nucleares para geração de energia elétrica em funcionamento no mundo: 104 nos Estados Unidos, 59 na França, 54 no Japão, 31 na Federação Russa, 23 na Inglaterra, 20 na Coréia, 17 no Canadá, 17 na Alemanha, 15 na Índia, 15 na Ucrânia, 10 na Suécia, 9 na China, 9 na Espanha e outros com número decrescente, isto é com países possuindo 2 ou 1 reatores. Em construção, são somente 24, sendo 8 na Índia, 4 na Federação Russa, 3 no Japão, 2 na China, 2 na Ucrânia, 2 no Taiwan,1 na Argentina, 1 no Irã e 1 na România. Segundo a mesma fonte, a grande maioria dos reatores em funcionamento entraram em operação entre 15 e 25 anos atrás. Nos últimos 10 anos a média de reatores construídos no mundo foi menor do que 5 por ano. Os reatores que foram fechados são: 23 nos Estados Unidos, 22 na Inglaterra, 19 na Alemanha, 11 na França, 8 no Canadá, todos os 4 na Itália etc. Nota-se que os países desenvolvidos, com exceção do Japão, estão desativando seus reatores e não construindo nenhum novos em substituição.

Um fato importante a se lembrar, é que os reatores também têm um tempo de vida útil, inicialmente estabelecido como sendo de 40 anos, mas que pode ser prorrogado por mais 20 anos, segundo informações mais recentes. A construção dos reatores Angra 1 e 2 iniciou-se em 1971 e 1976, tendo entrado em operação em 1985 e 2001 respectivamente. O custo da construção do último atingiu a cifra fantástica de US$ 7 bilhões.

Problemas relacionados ao descomissionamento e ao rejeito de alta atividade de reatores não são de conhecimento do público leigo, em geral. O descomissionamento se refere ao desmantelamento total, deixando o local utilizável para outra finalidade. Se, em geral, são gastos 10 anos para a construção e 40 + 20 anos de funcionamento, são necessários para o descomissionamento ao redor de 60 anos. Nessas condições, o custo para descomissionamento chega a ser igual ao da construção, isto é, ao redor de US$ 1 bilhão por reator.

            O combustível dos reatores que deve ser substituído, transforma-se em rejeito de altíssima atividade. A solução para esse rejeito não foi resolvido em lugar nenhum do mundo. A grande maioria guarda seus rejeitos na própria piscina do reator, ou já enterraram no fundo do mar ou em minas antigas de sal ou potássio. O projeto do primeiro e único depósito de rejeito permanente do mundo para armazená-lo durante 10.000 anos foi aprovado em 2002 no governo Bush. Foram 20 anos de estudo que selecionou Yucca Mountain no deserto de Nevada, com gasto de US$ 4 bilhões. A previsão de término da obra é para 2010 com custo estimado em US$ 60 bilhões. Há entretanto clamor do povo quanto ao transporte dos rejeitos de alta atividade de 104 reatores espalhados pelos Estados Unidos de que cada carregamento de rejeito é como se fosse um Chernobyl ambulante. Qualquer acidente pode ser catastrófico, por causa dos efeitos biológicos danosos nos seres vivos que também foram discutidos.