Histórico da Carcinicultura Marinha: origem, fases e principais espécies
cultivadas
Célia Maria de Souza Sampaio[1]
O cultivo do camarão marinho originou-se no sudoeste
da Ásia, onde pescadores da região aprisionavam pós-larvas, em viveiros
construídos na costa, até estas crescerem. Somente na década de 30 do século XX
essa atividade atingiu novo patamar com a obtenção de desovas e pós-larvas de Penaeus japonicus por um pesquisador
japonês em laboratório. A carcinicultura marinha pode ser dividida em cinco
fases: 1) 1930/1965 – instalação de fazendas de cultivo no Japão. 2) 1965/1975
– expansão de pesquisas na China, Taiwan, França e Estados Unidos. 3) 1975/1985
– cultivo com alto nível de rentabilidade atraindo investidores. 4) 1985/1995 –
surgimento de virose em Taiwan provocando queda de 75% na produção. 5) 1995/2005
– surgimento de virose no Equador, Panamá e Peru também provocando perdas. Atualmente,
as pesquisas enfocam a qualidade da água e o melhoramento genético das espécies
cultivadas visando aumentar sua resistência em cultivos intensivos. Os camarões
marinhos cultivados pertencem à família Penaeidae com duas espécies dominantes,
P. monodon, no Oriente e o Litopenaeus vannamei, no Ocidente. No
Brasil, essa atividade iniciou em 1973, no Rio Grande do Norte, com o “Projeto
Camarão”. No entanto, devido ao insucesso das pesquisas nas áreas de
reprodução, produtividade e resistência a doenças, a iniciativa privada nacional
optou por importar na década de 90 L.
vanammei, cultivada com sucesso no Equador e adaptável às mais variadas
condições ambientais. No Brasil, entre 1997 e 2003, a produção, a área e a
produtividade do camarão marinho cultivado aumentaram 2.527,7%, 294,6% e 540,4%,
respectivamente, colocando nosso país como maior produtor do continente sul
americano. No entanto, a despeito da evolução dessa atividade, responsável pelo
bom desempenho da balança comercial brasileira na área de pescados e pela
elevação do o Brasil à posição de maior produtor do continente, faz-se
necessário repensar esta atividade de maneira que a mesma provoque um menor
impacto possível ao meio ambiente.
[1] Doutora em A, Centro de Aqüicultura da
Universidade Estadual Paulista - CAUNESP, Prof. Adjunto, Centro de Ciências da
Saúde Universidade Estadual do Ceará – UECE.