| G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação | | REPRESSÃO E PALAVRA: UMA (RE)LEITURA DOS "ANOS DE CHUMBO" | | Cláudia Roseane Pereira de Araújo Capistrano 1 (autor) claucapis@bol.com.br | José Evangilmárison Lopes Leite 2 (autor) gilhistoria@bol.com.br | Lúcia de Fátima Vieira da Costa 3 (autor) | José Willington Germano 4 (orientador) |
| 1. Graduanda do Depto. de Seviço Social - UFRN | 2. Graduando do Depto. de História UFRN. | 3. Pós-Graduanda do Depto. de Ciências Sociais UFRN. | 4. Prof. Dr. Do Depto. de Ciências Sociais - UFRN |
| | INTRODUÇÃO: A repercussão do golpe militar, deflagrado no Brasil em 1964, deu-se no Rio Grande do Norte de forma marcante e direta, sobretudo no que se refere à repressão aos movimentos sociais e políticos que se desenvolviam na época. Nesse sentido, a pesquisa, que se encontra em andamento, intitulada Metáforas da Ordem: o Discurso Legítimo sobre a Educação busca analisar a repressão ao movimento de educação e cultura popular conhecido na capital do Estado, Natal, como De Pé no Chão Também se Aprende a Ler (1961-1964). | | METODOLOGIA: Desse modo, tenta-se investigar as acusações presentes em documentos (processos, inquéritos, relatórios) produzidos durante a repressão ao referido movimento, considerado anti-educacional e anti-democrática. O presente trabalho, portanto, visa discutir a versão dos participantes da Campanha que foram indiciados nos anos 60 através de entrevistas semi-estruturadas, realizadas no âmbito da pesquisa, recentemente coletadas. Dentre os participantes foram selecionados dois dirigentes da Campanha: o professor Moacyr de Góes (Secretário de Educação da Prefeitura de Natal 1961-1964) e a professora Mailde Pinto Galvão (Diretora de Documentação e Cultura da Campanha), para participarem das entrevistas. Para efeito de análise, o referencial teórico-metodológico consta de coleta de dados (documentos e entrevistas), transcrição de fitas e análise de material empírico; além de leitura sistemática de autores como Germano, Comblin, Góes e Bandeira, que são a base da análise do material e a compreensão do contexto histórico que marcou os anos 60. | | RESULTADOS: É possível perceber, através dos depoimentos dos entrevistados, que a Campanha De Pé no Chão Também se Aprende a Ler representou um instrumento de libertação e emancipação das camadas populares da sociedade natalense por meio da aquisição da escrita e da leitura, sendo essa aquisição de forma crítica e dialógica, rompendo assim com a educação bancária da época. | | CONCLUSÕES: Os participantes da Campanha viam a educação como sendo um direito de todo o cidadão e dever do Estado. A Campanha De Pé no Chão era voltada, sobretudo, para a valorização da cultura popular e a conscientização do povo, através da aquisição da escrita e da leitura. A educação, nesse sentido, tornaria-se um dos instrumentos que possibilitariam a mudança das estruturas conservadoras da sociedade. Diante desse contexto, os integrantes comprometidos com essa forma de educação, bem como seus familiares, foram perseguidos e torturados pelos chamados guardiães da ordem - defensores da ideologia do Estado de Segurança Nacional - que julgavam as ações dos referidos participantes atentatórias à ordem vigente e a Segurança Nacional. O simples fato de ensinar a ler e a escrever, bem como organizar bibliotecas e possuir certos tipos de livros eram considerados pelos militares formas subversivas e atitudes comunistas. | | Instituição de fomento: CNPq e PPPg/UFRN | | Trabalho de Iniciação Científica | | Palavras-chave: Educação; Ditadura Militar; Repressão. |
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Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004 |