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G. Ciências Humanas - 1. Antropologia - 8. Antropologia |
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EDUCAÇÃO INDIGENISTA ESPECÍFICA E DIFERENCIADA: O ANTROPÓLOGO COMO TÉCNICO |
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Lígia Raquel Rodrigues Soares 1 (autor) ligiarsoares@ig.com.br | Elizabeth Maria Beserra Coelho 2 (orientador) betac@elo.com.br |
| 1. Curso de Ciências Sociais - UFMA | 2. Departamento de Sociologia e Antropologia - UFMA |
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INTRODUÇÃO: A partir da Constituição de 1988, significativas mudanças ocorreram no cenário em relação às políticas indigenistas que passaram a ter um caráter multicultural. Novas políticas de educação indigenista têm sido propostas e documentos oficiais tratam os povos indígenas não mais como uma categoria em vias de extinção, e sim como "grupos étnicos" diferentes que precisam ser respeitados e com direito a manterem (CF, Art.231,1988). Esta pesquisa procurou analisar o lugar do antropólogo nesse novo contexto, procurando perceber como articulam sua formação acadêmica com a implementação de programas educacionais escolares para povos indígenas. |
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METODOLOGIA: A investigação tomou como referência a discussão de Oliveira (2000) sobre o trabalho do antropólogo, referido ao tripé olhar, ouvir e escrever, que marca o fazer antropológico com a "observação participante" e com a "relativização". Ainda como referencial teórico foram utilizadas discussões propostas por Bourdieu (2002) sobre Le Mêtier de sociologue que coloca como prática desse cientista a produção do conhecimento, e o pôr em causa os objetos pré-construídos. Como fontes foram utilizadas entrevistas com antropólogos que fazem parte da Supervisão de Educação Indígena do Maranhão, conversas espontâneas e observações das ações realizadas por esses profissionais durante um ano, na referida Supervisão. |
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RESULTADOS: No Maranhão, mais especificamente na Supervisão de Educação Indígena trabalham três antropólogos que estão envolvidos diretamente com a oferta de conhecimentos escolares para povos indígenas. Observa-se um descompasso entre o ser antropólogo e o ser técnico, pois enquanto o primeiro busca uma reflexão sobre qual o significado da instituição escola para esses povos, já que tal instituição não faz parte da lógica deles, ao segundo cabe implementá-la e fazê-la funcionar segundo leis estabelecidas pelo Estado que propõem , ao mesmo tempo em que atrela estas escolas ao Sistema Nacional de Educação. |
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CONCLUSÕES: Através dessa análise pude perceber o dilema vivido por esses antropólogos, dilema este que consiste em assumir ao mesmo tempo o lugar da produção do conhecimento e da reflexão crítica e o lugar de implementador e condutor dessas escolas em aldeias indígenas. As novas políticas de especificidade e diferenciação requerem a presença do antropólogo na sua execução como o perito da pluralidade cultural que dará legitimidade a essas práticas. Dessa forma, a reflexão e posteriormente a produção de conhecimento que deveria ser executada pelo antropólogo dá espaço ao tecnicismo e a burocracia do Estado. |
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Instituição de fomento: CNPq |
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Trabalho de Iniciação Científica |
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Palavras-chave: Antropólogos; Povos indígenas; Educação Escolar Indigenista. |
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