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G. Ciências Humanas - 7. Educação - 18. Educação
Juventude e Sexualidade Feminina: implicações político-pedagógicas da orientação homossexual nas relações sócio-acadêmicas de estudantes da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT)
Bruna Andrade Irineu 1   (autor)   brunairineu@bol.com.br
Manoel Francisco de Vasconcelos Motta 2   (orientador)   mmotta@cpd.ufmt.br
1. Departamento de Serviço Social, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Programa de Pós-Graduação em Educação, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
Esta pesquisa tem como objetivo investigar as implicações político-pedagógicas da orientação homossexual de jovens universitárias da UFMT, considerando-as no contexto da sua vida acadêmica. A juventude constitui-se um período turbulento de afirmação e de construção da identidade, onde a sociedade exige uma definição de postura e de posicionamento diante dos valores morais e éticos; atualmente tornou-se temática freqüente nos meios de comunicação de massa, na opinião publica e no meio acadêmico, geralmente visto pela ótica do “problema social”, enquanto representantes de uma ameaça de ruptura com a continuidade social, do que como componentes decisivos dos movimentos sociais. A sexualidade, como manifestação afetiva e erótica do ser humano, sofreu através da história manipulação por interesses diversos. No meio educacional, a sexualidade feminina, sempre se centrou nos aspectos da reprodução humana. Durante décadas, o homossexualismo foi visto como sendo ligado ao desvio dos modelos de masculinidade e feminilidade.Com a ascensão dos movimentos sociais na década de 60, o fenômeno começa a tomar novos rumos e adquire mais visibilidade política. Diante da crescente discussão do assunto, e da proporção dos movimentos GLBT (Gays, Lésbicas, Bissexuais e Trangêneros), torna-se relevante o estudo deste tema, como forma de percepção das possíveis implicações político-pedagógicas da orientação homossexual nas relações sócio-acadêmicas das estudantes desta universidade.
METODOLOGIA:
Vinculado ao Projeto “Educação da juventude em Mato Grosso: impasses e perspectivas político-pedagógicas”, do Grupo de Pesquisa: “Educação, Jovens e Democracia”, o presente estudo situa-se na perspectiva qualitativa, e utilizou-se de técnicas como levantamento e estudo bibliográfico e entrevistas semi-estruturadas com jovens homossexuais acadêmicas da UFMT. Inicialmente, foi feito levantamento e estudo bibliográfico a cerca dos seguintes temas: juventude e sexualidade, sexualidade feminina, gênero e homossexualismo, e homossexualismo feminino. Foram realizadas consultas a periódicos e revistas destinadas ao público jovem, bem como consultas aos sites: ggbsite, gonline, glsite e mixbrasil. Com base no estudo da bibliografia foram elaboradas questões para as entrevistas semi-estruturadas visando à caracterização das entrevistadas, bem como valores sócio-culturais, consciência política e questões centralizadas na temática da pesquisa. Em seguida foram selecionados os sujeitos da pesquisa, partindo dos seguintes critérios: sexo feminino, orientação homossexual, faixa etária dos 16 aos 24 anos e ser acadêmica da UFMT. Após a transcrição das entrevistas, estas foram analisadas no intuito de identificar o significado político-pedagógico da orientação homossexual nas relações sócio-acadêmicas dessas estudantes.
RESULTADOS:
Percebe-se diante do levantamento e estudo bibliográfico, e da análise das entrevistas semi-estruturadas que historicamente as diferenças sociais entre mulheres e homens sempre foram muito visíveis, as mulheres sofreram com a discriminação e com as perseguições às que se renunciavam a aceitar a determinação de submissão ao homem ao longo da história. Essas diferenças são reflexos dos fatores culturais, ou seja, espera-se que homens sejam de uma maneira e mulheres sejam de outra, de maneira que sejam comportamentos opostos, isto é, as diferenças de gênero. Percebe-se ainda, que a maior dificuldade enfrentada pelas jovens é no ato de assumir sua orientação à família, que na maioria dos casos, acaba por encarar o fato, ainda como uma doença, e busca no tratamento psicológico e na repressão uma forma de fazer com que a pessoa “volte” a ser heterossexual. Nos círculos de amizade a opção sexual não demonstra tanta importância, e acaba sendo secundária. No meio acadêmico, o assunto é mais discutido, porém dependendo da visão conservadora presente no curso acabam por ser discutidos como um fato social, porém ligado a um fator psicológico. São comuns a discriminação e o preconceito entre os colegas de sala, de curso e até mesmo de professores para com as jovens homossexuais.
CONCLUSÕES:
Diante dos resultados obtidos, percebe-se que nas escolas, acontecem palestras abordando sexualidade, que se resumem em estudar o corpo reprodutivo e estimular a prevenção da gravidez precoce e indesejada. O prazer é assunto pouco discutido, e dissimulado numa linguagem onde o corpo feminino é um espaço sem muitos direitos. A questão da sexualidade feminina sofreu rígidas imposições, que determinaram um padrão comportamental que perdurou séculos, resistindo até mesmo às tentativas revolucionárias de alguns movimentos feministas. Com o movimento feminista e a revolução sexual nos anos 70, os desejos sexuais femininos vieram à tona com força para vencer as repressões impostas pela sociedade patriarcal. Hoje, os meios de comunicação tratam a sexualidade e os desejos sexuais das mulheres como objeto de comercialização sustentado na supervalorização da estética. Diante disso, perceber-se que o preconceito e a discriminação são decorrentes de construtos históricos, que ainda perduram em nossa sociedade. Deste modo, assim como a questão da sexualidade e do prazer feminino, o homossexualismo, como exercício da sexualidade tem uma margem pequena de discussão no meio educacional; e no meio acadêmico, apesar de discutido, ainda é visto de maneira preconceituosa e com discriminação. Embora a universidade seja responsável pela disseminação de conhecimento e pela propagação de idéias, pode-se concluir, que como instituição educativa, ainda não possibilita uma vivência democrática da questão.
Instituição de fomento: CNPq
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Educação; Juventude e Sexualidade Feminina; Orientação Homossexual.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004