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G. Ciências Humanas - 9. Sociologia -
4. Sociologia do Trabalho
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O GÊNERO/SEXO DO TRABALHO NA CONSTRUÇÃO CIVIL - A VISÃO
DOS ATORES ENVOLVIDOS
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MARIA HELENA
SANTANA CRUZ 1 (autor) helenacruz@uol.com.br
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MACIELA ROCHA
SOUZA 1 (colaborador)
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LUCIANNE ROCHA
LIMA 1 (colaborador)
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ARILMA VIANA DA FONSECA 1 (colaborador)
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1. DEPARTAMENTO DE
SERVIÇO SOCIAL, UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE - UFS
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INTRODUÇÃO:
As transformações
ocorridas no trabalho, condicionadas por processos de globalização,
introdução de inovações tecnológicas e organizacionais, reestruturação e
flexibilização do trabalho, questionam a construção das diferenças e das
desigualdades em contextos particulares determinados. Este estudo sob a
perspectiva de gênero objetivou desvendar as transformações do trabalho e
analisar as representações dos trabalhadores, assim como as possibilidades
abertas para as mulheres no setor tradicionalmente masculino da Construção
Civil.
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METODOLOGIA:
A perspectiva histórica
e opção metodológica “estudo de caso organizacional” mostraram-se
relevantes para captar os impactos macro/micro, objetivo/subjetivo das
mudanças sobre a experiência cotidiana dos trabalhadores. As categorias
teóricas gênero/sexo/trabalho/qualificação orientaram a compreensão do
objeto e análise dos dados. O recorte de gênero se dá ao considerar a
expressão segmentações mediante a divisão social e sexual do trabalho,
identificando-se as barreiras, obstáculos, chances e oportunidades abertas
para as mulheres no acesso e permanência no trabalho, observando-se os
novos perfis profissionais de qualificação e competência exigidos na
indústria da construção civil. Utilizaram-se várias fontes de informação: a
investigação bibliográfica e documental e a investigação de base empírica
para a análise quantitativa e qualitativa do objeto. Três empresas mais
representativas do setor em Sergipe: NORCON, CELI e COSIL, constituíram o
campo empírico da pesquisa, com um universo composto por 2.085 trabalhadores,
93% homens e 7% mulheres, sinalizando a histórica predominância masculina
na construção civil. As estatísticas informam a frágil participação das
mulheres, tomando por base algumas variáveis sócio-econômicas e
profissionais que indicam o desequilíbrio das forças em jogo, por meio das
relações de poder entre homens e mulheres. O acesso aos respondentes
ocorreu mediante a realização de entrevistas semi-estruturadas realizadas
com 45 trabalhadores e membros da gerência.
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RESULTADOS:
Observou-se que a
reestruturação produtiva produziu expressiva mudança na indústria da
construção civil, onde a racionalização possibilita a utilização de 90% de
pré-moldados no processo da construção; da mesma forma, as mudanças
organizacionais colocam demandas de novos perfis de qualificação de seus
trabalhadores (as) para os cargos. Contudo, expressa-se forte assimetria
nas relações de poder entre os trabalhadores. Os atributos de gênero; o
estado civil, o número de filhos, condicionam fortemente a inserção e a permanência
das mulheres no setor de trabalho, isso porque os critérios de recrutamento
favorecem as solteiras, jovens e sem filhos. Mesmo com escolaridade
superior à apresentada pelos homens, as mulheres recebem remuneração
inferior. Nas esferas pública e privada, as mulheres conciliam seu trabalho
com as responsabilidades domésticas. Mesmo contribuindo para o orçamento
familiar, não possuem autonomia na tomada de decisões no espaço doméstico.
As relações sociais criam e recriam relações de poder desvantajosas para as
mulheres, com base na cultura patriarcal, que organiza a divisão social e
sexual do trabalho reforçando a subordinação da mulher. As empresas
adotaram inovações tecnológicas no setor de produtos, e métodos renovadores
na organização do trabalho em equipes integradas, visando obter
produtividade e agilidade na realização das tarefas. A segmentação/divisão
sexual do trabalho por setores, ocupações e qualificações, fortalece o
processo de exclusão.
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CONCLUSÕES:
A participação da mulher
no setor da construção civil, particularmente mostra-se tênue. As relações
sociais criam e recriam relações de poder desvantajosas para as mulheres,
com base na cultura patriarcal, que organiza a divisão social e sexual do
trabalho reforçando a subordinação da mulher na sociedade. A construção da
cidadania plena para as mulheres não pode, portanto, ser pensada sem que
seja inserida na formulação de políticas públicas institucionais com o
propósito central de redistribuir o poder e os bens materiais e simbólicos.
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Instituição de fomento: PIBIC/CNPq/UFS
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Trabalho de Iniciação Científica
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Palavras-chave: GÊNERO; TRABALHO; QUALIFICAÇÃO.
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Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004
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