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E. Ciências Agrárias - 5. Medicina Veterinária - 3. Medicina Veterinária Preventiva
NÍVEL DE CONHECIMENTO SOBRE LEISHMANIOSE DAS POPULAÇÕES RESIDENTES EM BAIRROS DE CUIABÁ E VÁRZEA GRANDE-MT
Ana Carolina Corrêa Eneias 1   (autor)   anaamagnifica@hotmail.com
Arleana Bom Parto Ferreira de Almeida 1   (autor)   arle_maga@hotmail.com
Chrissie Takemura Iwakura 1   (autor)   chrissie_cti@hotmail.com
Rosangela Pereira Marques 1   (autor)   janinha_rpm@hotmail.com
Sávio Amado 2   (orientador)   s_amado@cpd.ufmt.br
1. Graduando em Medicina Veterinária, FAMEV, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
2. Professor Adjunto CLIMEV, FAMEV, Universidade Federal de Mato Grosso - UFMT
INTRODUÇÃO:
A leishmaniose encontra-se amplamente distribuída no mundo, principalmente em regiões tropicais e subtropicais. Embora seja uma doença predominantemente rural, os registros têm revelado um processo de urbanização desta enfermidade no Brasil. A leishmaniose pode ser encontrada não somente em regiões florestais, com vegetação abundante, propícias à colonização de mamíferos silvestres infectados, como também em regiões desmatadas, com adaptação de vetores e reservatórios a ambientes modificados, em áreas rurais e urbanas. E, onde não têm sido encontrados mamíferos silvestres infectados, os cães domésticos parecem ter papel importante na transmissão extra-florestal.
Nas doenças endêmicas, o conhecimento de sua epidemiologia traz relevantes contribuições, pois, com base nesses conhecimentos, pode-se chegar a um eventual controle das mesmas. Os conceitos, crendices e atitudes da população acerca de determinada endemia, constitui-se, também, em fatores importantes para o seu controle. A literatura tem mostrado que as populações são carentes de informações sobre a leishmaniose.
Este trabalho tem como objetivo identificar o nível de conhecimento da população que vive em áreas positivas para leishmaniose e incorporar uma ação de educação sanitária e de controle da doença.
METODOLOGIA:
Um estudo prospectivo foi realizado no período de fevereiro a março de 2004 em três bairros com histórico de ocorrência de leishmaniose canina, segundo dados obtidos das fichas clínicas dos Hospitais Veterinários (HOVET) da Universidade Federal de Mato Grosso (UFMT) e da Universidade de Cuiabá (UNIC), no município de Cuiabá, Estado de Mato Grosso. Os bairros selecionados para o estudo foram Coophema e Jardim Gramado, em Cuiabá, e Cristo Rei, em Várzea Grande. Os Hospitais Veterinários atendem animais provenientes dessas duas cidades.
O município de Cuiabá, capital do Estado de Mato Grosso, possui Várzea Grande como cidade contígua, apenas separadas pelo rio Cuiabá.
O trabalho de pesquisa foi realizado através de entrevista individual com cada morador, utilizando-se questionário padronizado, no qual constaram dados relativos à identificação, nível de escolaridade e conhecimentos sobre os aspectos epidemiológicos, preventivos e clínicos da leishmaniose.
A população de estudo foi composta de cem indivíduos (correspondente a cem famílias), sendo entrevistados vinte e cinco indivíduos no bairro Coophema, vinte e cinco, no Jardim Gramado e cinqüenta, no Cristo Rei. As residências foram escolhidas aleatoriamente de modo a se abranger todo o bairro.
Procedeu-se a análise de dados, utilizando-se o teste Qui-Quadrado para estabelecer diferenças significativas no nível de conhecimento entre os bairros (p£0,05).
RESULTADOS:
Em Cuiabá, no bairro Coophema, das 275 questões apresentadas, houve acerto de 91 (33,09%) delas, enquanto no bairro Jardim Gramado foram acertadas 77 (28%) das questões indagadas. Em Várzea Grande, no bairro Cristo Rei, das 550 questões, houve acerto de 130 (23,63%). A diferença de proporções entre os bairros estudados foi significativa, estatisticamente.
Questionados sobre a forma de adquirir a doença, a maioria, 44,82%, respondeu não saber, seguidos por 27,58%, que relataram ser a transmissão por meio de um mosquito, sem definir o gênero. Sobre os sintomas em seres humanos, a maior parte, 44,77%, respondeu que eram lesões na pele e, nos animais, 33,94% disseram não saber informar.
Quando questionados sobre a leishmaniose e sua relação com os animais domésticos e quais espécies poderiam transmiti-la, 41,46% das pessoas responderam que o cão pode adquirir e transmitir, enquanto 23,17% disseram ser o gato. Estes dados reforçam o conflito que existe entre a leishmaniose e a raiva, visto esta última ser endêmica em Cuiabá e Várzea Grande, tendo a população um maior conhecimento da mesma.
A grande maioria, 71,37%, respondeu que, no caso seu animal apresentasse algum sintoma, o levaria a um médico veterinário e 47,36% não souberam informar se há tratamento para os animais. De acordo com a pesquisa realizada, 85,96% dos entrevistados concordariam com o sacrifício de seu animal diagnosticado positivamente.
CONCLUSÕES:
Através desta pesquisa foi comprovada que a população dos bairros analisados conhecem muito pouco sobre a leishmaniose, preponderantemente, seus aspectos epidemiológicos, como transmissão, vetores e reservatórios e também seus aspectos clínicos tanto em humanos quanto em animais. Em conseqüência, é imprescindível a conscientização populacional acerca desta doença, sendo essencial a implantação de programas de educação sanitária e profiláticos, para que se possa alertar a população carente sobre os riscos da leishmaniose, não somente nos bairros pesquisados, mas em toda comunidade de Cuiabá e Várzea Grande.
É também de suma importância um melhor diagnóstico dessa enfermidade para que se possa elaborar programas adequados de prevenção.
Instituição de fomento: UFMT
Trabalho de Iniciação Científica
Palavras-chave:  Leishmaniose; HOVET; Medicina Veterinária.

Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004