A PÓS-GRADUAÇÃO BRASILEIRA NO ÂMBITO DA REFORMA UNIVERSITÁRIA

 

Mariluce Bittar

Universidade Católica Dom Bosco

 

 

Nesta conferência procurar-se-á analisar a pós-graduação em educação no Brasil, com ênfase para os desafios enfrentados pelos programas da região centro-oeste, no âmbito da reforma do Estado e da reforma da universidade brasileira. Embora a análise delimite-se nos marcos da pós-graduação, é necessário refletir que esse nível de ensino não se desenvolve à parte do sistema educacional. A análise da política de pós-graduação brasileira deve estar articulada à compreensão das políticas educacionais implementadas pelo estado neoliberal, cujas características indicam forte expansão do setor privado em detrimento do setor público. Uma política de pós-graduação no Brasil deve levar em consideração o papel social que os programas assumem no interior do país, no fomento à produção científica e no desenvolvimento da ciência e da tecnologia. Para isso, há necessidade de se rever a concepção de programa de mestrado da CAPES, vez que se anuncia, em documentos oficiais, uma tendência a encarar esse nível da pós-graduação apenas como uma etapa para se atingir o doutorado. A pós-graduação, nessa perspectiva, está sujeita às exigências do modelo neoliberal, e nesse caso, as ciências humanas são as que mais sofrem com o impacto dessa política, pois os resultados das pesquisas desenvolvidas no âmbito dessa área, não podem ser transformados em produtos de interesse do mercado. Mantida a política de financiamento para a área das ciências humanas (bolsas para mestrandos e doutorandos, recursos para projetos de pesquisa, fomento aos grupos de pesquisa, entre outros), dos últimos governos, colocar-se-á em risco o papel da educação no processo de desenvolvimento humano e científico do país.

 


Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004