POLÍTICAS DE SAÚDE,
DESIGUALDADE E INTERSETORIALIDADE
INTEGRALIDADE E SAÚDE: UMA
PRÁTICA SOCIAL
Madel Therezinha Luz (UERJ)
A
definição legal diz que “Integralidade é a integração de atos preventivos,
curativos, individuais e coletivos, em cada caso nos diferentes níveis de
complexidade do sistema de saúde”. Contudo no cotidiano dos serviços a
integralidade assume um caráter polissêmico, com diferentes sentidos e usos,
que nas demandas da população podem ser traduzidos por tratamento digno,
respeitoso, com qualidade, acolhimento e vínculo. São sentidos que fundamentam
a idéia de Integralidade que defendemos: um termo plural,
ético e democrático. Com isso buscamos apresentar outra forma de pensa-la, reduzida geralmente
nos documentos à definição legal ou a
definições abstratas.Como construção de prática social, a Integralidade
ganha riqueza e expressão, porque torna-se um valor
que as pessoas defendem, valor que imprimem sua experiência de vida. De outro
lado, é uma forma operacional de superar o agir em política através de modelos
que requerem condições ideais que nunca
se realizam na prática. A Integralidade é, assim, um termo rico e polissêmico
que nos permite interpretar o caráter das relações sociais institucionais,
porque elas existem, em especial, no cotidiano dos sujeitos atuando nas
instituições, onde diferentes saberes e práticas interagem o tempo todo. Quando
essa interação, ainda que repleta de incoerências e contradições, atua num
espaço democrático, reverte-se em
construção coletiva e individual, passando a ser compreendida e aceita pelos
sujeitos, e a Integralidade como noção ganha um significado próprio do contexto
ou experiência particular onde se desenvolve.
Assim
compreendida, a Integralidade é uma construção política e social que se
efetua em dois planos, o sistêmico e o individual. O primeiro está relacionado
com a atenção como política e a rede de serviços de saúde; o segundo liga-se à
questão do cuidado, com a incorporação de novas tecnologias assistenciais que
prestam um atendimento de qualidade ao usuário. Esses planos pavimentam um
conjunto de praticas sociais (institucionais ou não) voltadas a emancipação e autonomia dos sujeitos, tanto no que
concerne o conhecimento, quanto à própria sociedade.
Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004 |