José Ricardo Tauile[1]
Os números e sua interpretação
Recente pesquisa realizada por Kupfer, Freitas e Young (Decomposição Estrutural da Variação do Produto e do Emprego entre 1990 e 2001; Relatório de pesquisa para a CEPAL/Divisão de Indústria. IE/UFRJ. mimeo), mostrou dados no mínimo impressionantes, a respeito dos feitos do progresso técnico sobre o emprego no Brasil. A análise estrutural “da variação do emprego no Brasil” mostra que “o emprego total da economia brasileira expandiu-se de 59 milhões para cerca de 64,4 milhões de pessoas, correspondendo a um acréscimo líquido de quase 5 milhões de postos de trabalho, ou seja, 8,4% a mais em relação a 1990. Quando se consideram apenas os 39 setores englobados na análise, esses números modificam-se para 54 milhões, 57,2 milhões e 6%, respectivamente.
No plano setorial houver marcada
diferença no comportamento do emprego entre os setores tradeables e
não-tradeables, como também pode ser observado na Tabela 1. Quatro setores,
todos eles serviços não tradeables, apresentaram geração líquida de empregos:
‘Serviços pessoais e sociais’; ‘Comércio’; ‘Serviços empresariais’ e
‘Transportes e comunicações’. Em conjunto, esses setores foram responsáveis
pela geração de 7,5 milhões de novos empregos, cerca de 40% da base existente
em 1990. ‘Serviços empresariais’ destacou-se como o mais dinâmico,
proporcionando em 2001 uma expansão de emprego de 26,4% em relação a 1991,
embora em termos de contribuição para a geração total de empregos, ‘Serviços
pessoais e sociais’, devido ao seu maior peso, tenha contribuído com 89,5% dos
empregos criados no Brasil no período contra apenas 48,8% de ‘Serviços
empresariais’.
Dentre os setores que eliminaram
empregos, que incluem todos os tradeables (‘Agropecuário’; ‘Indústria de
transformação’ e ‘Mineração’) e ainda ‘Construção civil’; ‘Eletricidade, gás e
água – SIUP’ e ‘Administração pública’, destaca o ramo ‘Agropecuário’ que
apresentou uma contração de 20,2% (3,1 milhões de pessoa), equivalente a uma
perda de 94% do saldo de empregos gerados no período. Em seguida, aparece a
‘Indústria de transformação’ que eliminou pouco mais de 800 mil empregos.
Observe-se que ‘Eletricidade, gás e água – SIUP’ e ‘Mineração’ foram os setores
que apresentaram maior contração proporcional do emprego (35,4% e 25,6%,
respectivamente), mas não contribuíram de forma significativa para variação
total do pessoal ocupado, observada entre 1990 e 2001, em função da pequena
participação desses setores na estrutura do emprego no Brasil. Em conjunto,
esses seis setores empregavam em 2001 cerca de 4,2 milhões de pessoas a menos
que em 1990, uma redução de 12%, correspondente a uma contribuição negativa de
131% na geração líquida de empregos no período.” (Kupfer, Freitas e Young,
2004).
Tabela 1
evolução do pessoal ocupado (po) na economia brasileira (1) entre
1990 e 2001
|
PO 1990 No. |
PO 2001 No. |
Variação
Setorial |
Contribuição
para Variação Total |
||
No |
% |
% |
||||
Setores que criaram empregos |
||||||
Serviços pessoais e sociais |
7.475.500 |
10.381.900 |
2.906.400 |
38,9 |
89,5 |
|
Comércio |
7.778.300 |
10.190.800 |
2.412.500 |
31,0 |
74,3 |
|
Serviços empresariais |
1.324.100 |
2.909.500 |
1.585.400 |
119,7 |
48,8 |
|
Transportes e comunicações |
2.260.900 |
2.856.800 |
595.900 |
26,4 |
18,4 |
|
Sub-total |
18.838.800 |
26.339.000 |
7.500.200 |
39,8 |
231,0% |
|
Setores que eliminaram empregos |
||||||
Agropecuário |
15.246.600 |
12.166.100 |
(3.080.500) |
-20,2 |
-94,9 |
|
Indústria de transformação |
9.261.000 |
8.456.200 |
(804.800) |
-8,7 |
-24,8 |
|
Construção civil |
4.060.800 |
3.923.700 |
(137.100) |
-3,4 |
-4,2 |
|
Eletricidade, gás e água - SIUP |
341.100 |
220.500 |
(120.600) |
-35,4 |
-3,7 |
|
Mineração |
343.400 |
255.400 |
(88.000) |
-25,6 |
-2,7 |
|
Administração pública |
5.899.300 |
5.876.900 |
(22.400) |
-0,4 |
-0,7 |
|
Sub-total |
35.152.200 |
30.898.800 |
(4.253.400) |
-12,1% |
-131,0% |
|
Total (1) |
53.991.000 |
57.237.800 |
3.246.800 |
6,0% |
100,0% |
|
Setores não incluídos na análise |
||||||
Instituições financeiras |
1.005.900 |
744.200 |
(261.700) |
-26,0% |
|
|
Aluguel de imóveis |
313.400 |
248.200 |
(65.200) |
-20,8% |
|
|
Serviços privados não-mercantis |
4.116.100 |
6.191.000 |
2.074.900 |
50,4% |
|
|
5.435.400 |
7.183.400 |
1.748.000 |
32,2% |
|
||
|
|
|
|
|
|
|
Total global |
59.426.400 |
64.421.200 |
4.994.800
|
8,4% |
|
Nota: (1) exclusive setores “Intermediação Financeira”;
“Aluguéis” e “Serviços Privados Não-Mercantis”
Fonte: GIC-IE/UFRJ a partir dos
dados do Sistema de Contas Nacionais do IBGE. Kupfer, D.; Freitas, F. e Young,
C.E.F. (2003). Decomposição estrutural da variação do produto e do emprego
entre 1990 e 2001 – uma estimativa a partir das matrizes insumo-produto.
Relatório de pesquisa para a CEPAL/Divisão de Indústria. IE/UFRJ. mimeo
Quando os autores fazem uma
decomposição estrutural da variação da produção e do emprego da economia
brasileira, de modo a destacar os efeitos atribuíveis à mudança tecnológica[2],
chegam ao impressionante número de 10.763.212 empregos perdidos no período.
Tais “efeito (s) da mudança tecnológica – indica (m) a
variação na ocupação decorrente das mudanças nos processos produtivos que
alteram os coeficientes técnicos de insumo-produto e os valores da produção
médios por trabalhador das diversas atividades produtivas. Refletem, portanto,
modificações na eficiência e na produtividade que, quando positivas, tendem a
implicar menor necessidade de mão-de-obra.”[3]
Os outros efeitos separadamente mostraram que “a expansão da
demanda doméstica respondeu por cerca de 12 milhões de empregos, enquanto as
exportações propiciaram a incorporação de 3,6 milhões de trabalhadores. Do
outro lado da balança, (além da) mudança tecnológica (mudanças nos coeficientes
técnicos de produção em valor e da relação produto-emprego) ... as importações
provocaram a eliminação de 10,7 milhões e 1,6 milhão de ocupações,
respectivamente.”
Tabela 2
Decomposição estrutural da variação do pessoal ocupado (PO) NA ECONOMIA
BRASILEIRA (1) entre 1990 e 2001
Componente |
Variação
do PO 1990-2001 |
Demanda doméstica (2) |
11.969.389 |
Exportações |
3.589.156 |
Penetração de importações |
(1.548.532) |
Mudança tecnológica |
(10.763.212) |
Total |
3.246.800 |
Nota: (1) exclusive setores “Intermediação Financeira”;
“Aluguéis” e “Serviços Privados Não-Mercantis”
(2) inclui o componente Variação de Estoques
Fonte: Kupfer, D.; Freitas, F. e
Young, C.E.F. (2003). Decomposição estrutural da variação do produto e do
emprego entre 1990 e 2001 – uma estimativa a partir das matrizes
insumo-produto. Relatório de pesquisa para a CEPAL/Divisão de Indústria.
IE/UFRJ. mimeo
“Em termos setoriais, o exercício de
decomposição mostra resultados bastante diversos... chama a atenção a enorme
contribuição negativa da mudança tecnológica na explicação do resultado líquido
da variação de emprego no setor agropecuário”. “Mesmo considerando-se o
excelente desempenho das exportações e da demanda doméstica, como geradores de
empregos diretos e indiretos e, também, o fato de ter sido, proporcionalmente,
um dos menos afetados pela penetração de importações, a dimensão do número de
empregos perdidos em decorrência da mudança tecnológica foi o principal
responsável pelo mau desempenho do emprego no setor. Como o processo de
modernização do campo brasileiro, motivado pelo rápido desenvolvimento do
agro-negócio de exportação, de alta produtividade, está longe de completar-se,
é provável que a agropecuária permaneça como um foco de eliminação de empregos
na economia brasileira, a menos que políticas compensatórias, agrícolas e
agrárias, redefinam espaços para a agricultura familiar e de subsistência”.
“A indústria de transformação arcou com
um ajuste bastante pesado do emprego em conseqüência da liberalização comercial
do começo da década de 90. A transformação produtiva visando responder ao
acirramento da competição nos mercados externo e interno atingiu a maioria dos
setores industriais. Pesquisas comprovam que os graus de modernização
alcançados foram maiores para os setores de commodities industriais (insumos
básicos tais como siderurgia, metalurgia, celulose, petroquímica) e de bens
duráveis de consumo (automobilística, eletroeletrônica) e menores, mas longe de
desprezíveis, para os setores tradicionais (têxtil, vestuário, calçados,
alimentos, mobiliário, etc.). Embora seja difícil determinar com precisão quais
setores industriais já completaram esse processo de ajuste produtivo, é
possível antever que ele esteja próximo do fim. Com isso, no curto e médio
prazos, a indústria de transformação, se não deverá contribuir de modo
significativo para a geração de novos empregos, também não tenderá a eliminar
muitos postos de trabalho durante a expansão esperada para os próximos anos.” (Kupfer,
Freitas e Young. Decomposição Estrutural da Variação do Produto e do Emprego
entre 1990 e 2001; Relatório de pesquisa para a CEPAL/Divisão de Indústria.
IE/UFRJ,2004 mimeo).
Um
diagnóstico em busca da causalidade
Este estudo e a respectiva análise mostram cabalmente os
efeitos deletérios, sobre o emprego, do modelo econômico implantado no Brasil
desde o início dos anos 90. O pior, é que não há perspectiva realista de uma
reversão estrutural e, conseqüentemente, sustentável no longo prazo, deste
quadro. Isto porque o sistema parece viciado e recorrentemente cria condições
mais adversas para as economias que compõem os elos mais fracos do sistema
econômico global. A tendência – inerente - do capitalismo é de produzir e
reproduzir, de maneira mais desdobrada e agravada, polarizações entre centro e
periferia. Assim, por sua vez, as periferias criam suas próprias periferias, as
quais em relação aos centros de decisão do sistema global, são sub-periferias,
ou seja, subnitrato de pó de nada. Nossas favelas e comunidades de baixa renda,
para os economicamente privilegiados que se aboletam nos centros do poder
mundial, não significam quase nada a não ser quando se tornam veículos para o
tráfico de drogas e outras organizações criminosas ou terroristas com
tentáculos internacionais. Por sinal nestas comunidades (como no Complexo do
Alemão, na Maré, na Rocinha ou no Capão Redondo, entre tantas outras) configura-se
caldo fértil para um poder paralelo que fermenta no cotidiano e escapa dos
poderes institucionalmente constituídos no Estado brasileiro, seja nos níveis municipal,
estadual ou mesmo federal. Ali o imposto não é pago e a segurança passa por
outros canais que não os oficialmente constituídos. As crescentes massas
marginalizadas, alimentadas pelos índices recordes de desemprego que têm se
sucedido, desafiam soluções viáveis e sustentáveis para sua (re)incorporação, de
maneira minimamente digna, no sistema econômico.
Os modelos econômicos, baseados na ideologia neo-liberal de
uma globalização “consensuada” por Washington, e sob a égide do capital financeiro
não acenam com qualquer possibilidade de incorporação dessas massas marginais.
Ao contrário, a competitividade necessária para se sobreviver neste ambiente
globalizado/ internacionalizado, implica um aumento de produtividade em grande
parte advindo de modernizações tecnológicas. Isto significa menor incorporação
de trabalho por produto, ou seja, em si não resolverá o problema do emprego.
Mesmo considerando os efeitos indiretos sobre a renda
agregada que um aumento das exportações possa trazer, o “coeficiente de
arraste” para o nível de emprego em geral também é incerto e de eficácia
questionável por seu efeito concentrador de renda. Ademais, quando se delineiam
quais tipos de postos de trabalho estariam sendo criados nesta hipótese, a
partir de uma projeção para o futuro, do comportamento recente do mercado de
trabalho, não se deve esperar a geração de muitos postos de trabalho qualificados,
portadores de grande valor adicionado. A abrupta e descuidada abertura da
economia brasileira nos anos 90, que significou tanto um grande número de
falências de empresas de capital nacional, bem como a venda para o exterior de
um significativo número de grande e bem sucedidas empresas também de capital
nacional, casada com o processo de privatização de grandes empresas estatais,
fez com que se reduzissem ainda mais as oportunidades de criação de empregos
dedicados a atividades de concepção criativa (projetos, designer, pesquisas,
etc.), isto é, aquelas que mais adicionam valor aos produtos. As empresas
estrangeiras que para cá vieram, adquirindo empresas locais, não têm por que duplicar
atividades desta ordem (como em projetos e pesquisas) quando já as tem
estabelecidas no exterior junto às suas matrizes. Se é que se pode segmentar e
hierarquizar atividades deste tipo atividades de pesquisa localmente ficam
restritas a adaptações ambientais como, por exemplo, climatização de aparelhos
e dispositivos eletrônicos.
Em suma, participar do mercado globalizado tal como se
apresenta hoje, de um lado implica priorizar desempenhos financeiros que
signifiquem uma redenção do (ou uma rendição ao) poder monetário internacional.
De outro lado, no que tange à economia real e tendo em vista as vantagens
comparativas dinâmicas dos países líderes da economia mundial, os diferenciais
de competitividade só tendem a se agravar. Cabe realçar que é atual como nunca, a percepção que a escola
cepalina tinha da deteriorização dos termos de troca, ainda que concebida de
forma um pouco diferente, entre os países do centro dedicados a atividades que
realimentam os dinamismos de suas economias, e os países da periferia dedicados
a atividades sujas, pouco dinâmicas, que ainda vivem de vantagens comparativas
estáticas, tais como o uso super exploratório de mão-de-obra barata ou a
dilapidação de recursos naturais e ambientais locais.
Perspectivas:
Otimismo? Onde está o otimismo?
Nos termos atuais bem suceder na inserção internacional provavelmente
trará benefícios agregados para a economia brasileira. Todavia, não há qualquer
garantia de que os problemas sociais internos, imbricados com a marginalização
econômica de grandes massas populacionais, serão com isso resolvidos, muito
pelo contrário. Eventuais melhorias neste aspecto, no curto prazo,
provavelmente implicaria mutatis mutandis
o acirramento, no longo prazo, das contradições que hoje já assolam nosso país.
Ademais o sucesso da inclusão internacional nestes termos se, de um lado implicaria
uma melhora das condições do país em relação a países em estágios de
desenvolvimento próximo ao nosso, em absoluto garantiria uma diminuição dos
hiatos (tecnológico e econômico) existentes em relação à nação hegemônica. É
ela, juntamente com os demais países que compõem o chamado primeiro mundo, que
tem ditado as regras do jogo da economia globalizada e dela não devemos esperar
qualquer generoso beneplácito que nos outorgue uma inserção melhor e mais
dinâmica na divisão internacional do trabalho e na divisão internacional do
capital.
A saída está em se descobrir o pulo do gato. Soluções para
os graves problemas do estado de coisas que, conjuntamente, por sua lógica
própria, e referenciada na construção do bem estr da nação brasileira,
signifique a ocorrência de sinergias sintonizadas com o advento desta nova era,
que se inicia em nossa contemporaneidade[4].
A era da informação, decorrente da revolução tecnológica que ora vivenciamos atinge
sociedades de maneira distinta, dependendo de como sua economia apreende e
incorpora a nova base técnica. Pode-se apenas usar as novas tecnologias, e isto
significará um determinado perfil, mais operativo, da força de trabalho
empregável. Pode-se produzi-las, significando porquanto a criação de novos
postos de trabalho algo mais qualificados. E pode-se almejar também, ter a
capacidade de projetar tais produtos – bens de consumo, ou bens de produção -
que configuram a revolução da informação. O perfil dos postos de trabalho aí
criados já é mais elevado e valorizado em qualquer cenário e escopo de
abrangência (local, regional, nacional ou internacional) do mercado almejado[5].
Num dos extremos, produz-se fenômenos como a exclusão
digital, o que faz prever um futuro desastroso para tais sociedades,
especialmente quando se consideram ambientes mercantis internacionalizados. No
outro extremo, é possível pensar (e por que não sonhar?) no direcionamento das
atividades mais valorizadas, no sentido da construção de uma nova realidade,
mais justa e de maior bem estar coletivo, para o Brasil contemporâneo. Para
isso dois pressupostos se fazem necessários. Uma é tomar essa era da inteligência
de uma forma mais ampla em termos de organização social da produção (menos
“dura” e mais “soft”) e incorporar o conceito de inteligência social. Em que
medida a identificação de interesses mínimos comuns aos agentes que compõem uma
comunidade, pode alavancar empreendimentos chancelados por associações entre
agentes produtivos e sociais, de modo que se possam auferir benefícios máximos
comuns para este conjunto de atores[6].
O outro pressuposto é que não se deve esperar que o mercado
sozinho dê conta de corrigir as graves ou mesmo catastróficas distorções que
seu funcionamento ao longo da era moderna acabou por propiciar. Valores não
mercantis devem crescentemente condicionar o processo de legitimação das
atividades econômicas. Moedas sociais devem consubstanciar crescentemente a
recompensa pelo engajamento dos cidadãos em atividades ligadas à construção de
um bem estar novo, e melhor distribuído, para a sociedade brasileira contemporânea.
É certo que uma das principais fronteiras da acumulação
contemporânea está no que se pode conceituar grosseiramente como economia da
saúde. Cada vez mais recursos e atividades ligadas à saúde, individual e
coletiva, das populações mundiais ocuparão espaços cada vez mais importantes e
valorizados nas economias contemporâneas. Por seus preciosos recursos “bio-ambientais”,
parece haver uma trilha quase que natural a seguir, para que Brasil possa ainda
inserir-se de maneira mais valorizada, por quaisquer referenciais, na economia
globalizada.
De qualquer modo, sob qualquer forma, o fundamental é que se
garanta que a questão da inteligência, não apenas em sentido estrito, mas
também de cunho social, seja tratada de maneira estratégica como prioridade
nacional. O grande desafio é fazer vingar isso na contemporaneidade através da
construção e difusão de uma cultura de legitimidade democrática dos processos
de tomada de decisão. É esta legitimidade que forjará a sustentabilidade dos
projetos e modelos apresentados no longo prazo. Repito minha sugestão de um
mote próprio pra os novos tempos. A inteligência é nossa!
[1] Professor titular do Instituto de Economia da UFRJ
[2] Além dos efeitos da demanda doméstica, das exportações e das importações.
[3] “Tal como nos exercícios de estática comparativa anteriores, o efeito é inferido a partir da comparação do número de ocupações correspondentes a valor da produção da economia brasileira em 2001 com os coeficientes técnicos de 1990 e vice-versa. Cabe observar que estimativas em matriz insumo-produto não conseguem captar adequadamente os efeitos sobre o emprego, em geral positivos, da introdução de inovações tecnológicas de produto, isto é, os empregos que normalmente são gerados por novas atividades produtivos decorrentes do surgimentos de novos produtos.”
[4] Ver Tauile, J. R., “Globalização, Tecnologias de Informação e Inteligência Social: uma reflexão sobre as possibilidades deste país”, in Proposta n.72, março / maio de 1997.
[5] Para melhor compreender as diferentes formas possíveis de difusão tecnológica em uma economia, ver Tauile, J.R. , “Contrato Social e Base Técnica” in, Estratégias Empresariais na Indústria Brasileira, Castro, A., Possas, M. e Proença, A, Orgs, Forense Universitária, 1996 e Tauile, J. R. , Para (Re)Construir o Brasil Contemporâneo, Contraponto Editora, 2001.
[6] Para facilitar a didática, costumo dizer que este é
uma espécie de mmc/mdc (mínimo múltiplo comum/máximo divisor comum) da
contemporaneidade.
Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004 |