Ciclo Temático – “Ciência de Fronteira”

“ÉTICA NA PESQUISA EM SERES HUMANOS”

Eliane S. Azevêdo

Núcleo de Bioética, Departamento de Ciências Biológicas – UEFS

 

 

            O dilema ético na questão da pesquisa com seres humanos configura-se na percepção da necessidade de fazer avançar o conhecimento cientifico e na consciência moral sobre a necessidade de limites no uso de seres humanos em pesquisa. Decisões e posições no particular devem ser tomadas com responsabilidade moral, destituídas de interesses financeiros, ambição de poder e de prestígio científico.

 A história da produção de conhecimentos usando seres humanos   é tão maculadas de barbáreis, tanto em tempo de guerra quanto em tempo de paz, que sua revisão é mais ilustrativas do não eticamente aceitável  que do moralmente recomendável.  A partir da Segunda Guerra Mundial a, ciência, antes vista como fiel aliada da humanidade, passou a ser alvo de questionamentos, julgamentos e condenações. A criação do Código de Nuremberg materializa esta mudança. A partir desta data inicia-se um novo capítulo na história da ética da pesquisa em seres humanos.

Atualmente, ainda que em descompasso com o próprio avanço da ciência, as questões da ética na pesquisa em seres humanos já encontram, de certo modo, respaldo  nas instituições governamentais de vários países e esboço de uma consciência ética coletiva nessas mesmas sociedades.

Em países em desenvolvimento como o Brasil onde a um só tempo convive-se com questões éticas de ciência de fronteira e com questões éticas advindas do desigual  acesso a bens de educação e de saúde, o uso de pessoas em pesquisa recai, quase exclusivamente,  sobre aquelas que vivem em pobreza e, consequentemente, impedidas do pleno uso das liberdades   individuais para   exercício da autonomia na avaliação de convites para participação como sujeitos de pesquisas.

 


Anais da 56ª Reunião Anual da SBPC - Cuiabá, MT - Julho/2004