FOME E SEGURANÇA ALIMENTAR: QUESTÕES ANTROPOLÓGICAS”

SABER ALIMENTAR INDÍGENA VS A DERIVA BUROCRÁTICA DA POLÍTICA PÚBLICA DE ALIMENTAÇÃO E NUTRIÇÃO PARA OS POVOS INDÍGENAS

 

Alba Lucy Giralda Figueroa (*)

 

Resumo: O trabalho tem como referência etnológica o povo indígena Sateré-Mawé, da fronteira entre o Amazonas e o Pará, para o qual a alimentação é matéria para o reconhecimento e construção identitária. O seu simbolismo se imbrica nas representações relativas à configuração do cosmos, à natureza e constituição de seus componentes e seres que os habitam e às dinâmicas que regem as suas relações. A sabedoria do comer, o “comer escolhido”, constitui um aspecto forte de um xamanismo difuso entre todos os membros de sua sociedade, e um capítulo da medicina praticada por seus especialistas tradicionais. Alheia a essa realidade sociocultural e às perdas provocadas pelas mudanças políticas, econômicas e sociais sofridas pelos povos indígenas, a política pública de alimentação e nutrição para os povos indígenas é ainda uma promessa perdida em um labirinto de complicações burocráticas. O trabalho etnográfico é contrastado com o depoimento crítico sobre o acompanhamento das tentativas de implementar essa política.

 

 

(*) Antropóloga

Ministério da Saúde

alba.figueroa@saude.gov.br