64ª Reunião Anual da SBPC
D. Ciências da Saúde - 2. Medicina - 3. Clínica Médica
PNEUMOTÓRAX ESPONTÂNEO COMO MANIFESTAÇÃO PRIMÁRIA DE TUBERCULOSE PULMONAR: RELATO DE CASO
André Luiz de Araújo Mendes 1
Hugo César Martins Lima 1
José Alvaro Amaral Júnior 1
Florenir Glória da Silva Paes 2
Fabrício Martins Valois 3
Maria do Rosário da Silva Ramos Costa 4
1. Centro de Ciências Biológicas e da Saúde, alunos do Curso de Medicina, Universidade Federal do Maranhão (UFMA)
2. Fisioterapeuta do Programa de Assistência ao Paciente Asmático
3. Depto. de Medicina I -UFMA
4. Profa. Dra./Orientadora - Depto. de Medicina I – UFMA
INTRODUÇÃO:
A tuberculose se trata uma doença infecto-contagiosa causada pelo Mycobaterium tuberculosis, bacilo aeróbio restrito, de crescimento e duplicação lentos, capaz de sobreviver e multiplicar no interior de fagócitos. Pode acometer variados órgãos e tecidos, mas a apresentação clínica mais comum é tuberculose pulmonar. O gênero masculino e o grupo etário ente 49-59 anos apresentam maiores taxas de incidência segundo o Ministério da Saúde. Estudos no Brasil apontam para um intervalo de 7 semanas entre o primeiro atendimento e o início do tratamento e um período 10-12 semanas entre o início dos sintomas e o início do tratamento de acordo com a III Diretrizes para Tuberculose da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT, 2009). O pneumotórax se caracteriza pela presença anômala de ar na cavidade pleural. Pode ocorrer em qualquer faixa etária e ter causas variadas, inclusive ser secundário a doença já existente. O presente trabalho tem como objetivo relatar um caso de pneumotórax espontâneo como manifestação primária de infecção por Mycobacterium tuberculosis e discutir sobre a literatura relacionada.
METODOLOGIA:
Estudo transversal, individual, observacional e retrospectivo, realizado através de consulta ao prontuário do paciente.
RESULTADOS:
A. C. J. M., 14 anos, feminino, parda, solteira, estudante, natural e residente em Cururupu-MA. Procurou atendimento em seu município com queixa de dor nas costas e tosse há cerca de 3 meses. Relata que apresentou dor em face dorsal do tórax, relacionada com esforço físico, que melhorava com repouso. Associado a isso, referiu tosse seca. Foi realizado Rx de tórax, que evidenciou uma massa (sic) sendo encaminhada a São Luís para tratamento especializado. Foi atendida no Hospital Universitário Presidente Dutra, onde foram solicitados HC, EAS e Rx de tórax. Negou febre, tosse com expectoração e dispneia. Em relação a antecedentes mórbidos pessoais e familiares, não referiu dados dignos de nota. Ao exame físico, encontrava-se com REG, acianótica, anictérica, normocorada, hidratada e orientada. Quanto ao aparelho respiratório, apresentava MV ausente em HTD. O Rx evidenciou pulmão não expandido e pneumotórax localizado à direita. Foi realizada drenagem torácica em selo d’água. Três meses após ter recebido alta, retornou queixando-se de tosse com expectoração sanguinolenta e palidez cutânea. Foi internada novamente, sendo solicitados baciloscopia para BK e Rx de tórax. O resultado da baciloscopia demonstrou presença de BAAR na amostra examinada (++). Foi iniciado tratamento para TB.
CONCLUSÃO:
Em 20% dos pacientes com pneumotórax espontâneo, o evento está relacionado a uma doença pulmonar subjacente localizada ou generalizada. Dos pacientes que apresentam pneumotórax espontâneo primário, 2 a 3 % subsequentemente desenvolvem tuberculose pulmonar ativa e poderiam já ser portadores de tuberculose ativa não diagnosticada na ocasião do episódio inicial de pneumotórax. No caso desta paciente, não foi levantada a suspeita de tuberculose quando do diagnóstico de pneumotórax, no entanto a paciente podia já ser portadora da doença desde a primeira internação. Isso nos alerta para a necessidade de considerar a tuberculose como hipótese diagnóstica em casos de pneumotórax espontâneo em pacientes imunocompetentes e sem histórico de doença pulmonar prévia.
Palavras-chave: Mycobaterium tuberculosis, Tuberculose Pulmonar, Pneumotórax espontâneo.