64ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais |
FENOLOGIA DE Bertholletia excelsa Bonpl. (CASTANHEIRA), Carapa guianensis Aubl. (ANDIROBA) E Copaifera spp. (COPAIBA), NA AMAZÔNIA SUL-OCIDENTAL |
Lilian Maria da Silva Lima 1 Fernanda Lopes da Fonseca 2 Manoel Freire Correia 3 Lucia Helena de Oliveira Wadt 4 Ernestino de Souza Gomes Guarino 5 |
1. Engenheira florestal, bolsista CNPq - Embrapa Acre 2. Engenheira florestal, analista de pesquisa - Embrapa Acre 3. Biólogo, assistente de pesquisa - Embrapa Acre 4. Engenheira florestal, D.Sc. em Genética e Melhoramento de plantas, pesquisadora - Embrapa Acre 5. Engenheiro Florestal, D.Sc. em Botânica, pesquisador - Embrapa Acre |
INTRODUÇÃO: |
Na economia da região Amazônia, os produtos florestais não-madeireiros tem sido cada vez mais valorizados, constituindo uma importante fonte de renda para as populações tradicionais que vivem na floresta. Sabe-se que, para o manejo sustentável de qualquer espécie florestal, é necessário um amplo conhecimento de suas características ecológicas. Com isso, pesquisas sobre ecologia e economia botânica têm sido cada vez mais frequentes. A fenologia é um ramo da ecologia onde se estuda, por um determinado período, os fenômenos periódicos do ciclo de vida de espécies vegetais e suas relações com as condições do ambiente. Sua importância biológica está na influência que essas relações têm a espécie para sua perpetuação frente a mudanças no ambiente, principalmente climáticas. Conhecer a biologia reprodutiva e a fenologia de espécies com interesse econômico é essencial para definição de estratégias sustentáveis de uso e conservação. O presente trabalho teve como objetivo estudar a fenologia de três espécies arbóreas que geram produtos não-madeireiros – Castanheira (Bertholletia excelsa Bonpl.), Andiroba (Carapa guianensis Aubl.) e Copaíba (Copaifera spp.). |
METODOLOGIA: |
O estudo foi realizado na Reserva Florestal da Embrapa Acre, localizada no município de Rio Branco. Para cada espécie foram realizadas diferentes amostragens. Um dos critérios de seleção foi a obrigatoriedade das árvores estarem em plena fase reprodutiva. Para o estudo da fenologia de Andiroba, foram selecionados 105 indivíduos localizados em duas parcelas permanentes, sendo 51 em terra firme e 54 em áreas inundáveis. Para o estudo da fenologia de Castanheira, foram selecionadas 24 árvores e para a Copaíba 15 árvores. As observações fenológicas nas andirobeiras tiveram início em setembro de 2005, nas castanheiras em novembro de 2005 e nas copaíbeiras em março de 2008, se estendendo até 2011 para todas as espécies. As avaliações fenológicas consistiram na coleta de dados semanais sobre os eventos de floração, frutificação e mudança foliar, anotando para cada árvore, a fase do evento fenológico, ou seja, se no inicio, pico ou final. Associados às variáveis dos eventos produtivos foram levados em consideração dados meteorológicos de precipitação (mm) obtidos da estação meteorológica da Universidade Federal do Acre. Para melhor visualização das fenofases, utilizou-se um binóculo. Os dados observados foram anotados em fichas de campo e posteriormente tabulados em planilhas Excel. |
RESULTADOS: |
Andiroba Nos dois primeiros anos de observação o número de andirobeiras que floresceram e frutificaram foi bem menor que nos demais. De 2005 a 2009 a floração teve inicio em outubro, em 2010 e 2011 um maior número de árvores floresceu praticamente todo o ano. A frutificação seguiu o mesmo padrão da floração, com diminuição de árvores frutificando em cada ano. Esses dados indicam que algumas árvores florescem, mas não frutificam. A dispersão dos frutos ocorreu durante o período chuvoso Castanheira Observou-se que as fenofases ocorrem de forma bem padronizada. Mais de 90% das árvores floresceram no período, exceto em 2009, onde 79% floresceram. A floração ocorreu a partir de outubro, com duração de quatro a cinco meses. O pico de floração ocorreu em dezembro. A dispersão dos frutos da castanheira ocorreu a partir de novembro, com duração média de quatro meses e pico em dezembro, coincidindo com a floração. O período de maturação dos frutos é de 14 a 15 meses. Copaíba De forma geral, a floração ocorreu de março a junho (final do período chuvoso) com pico nos meses de abril e maio. Praticamente de 80 a 90% das copaibeiras floresceram no período com exceção do ano de 2010 em que menos de 50% floresceram. A dispersão dos frutos ocorreu de julho a outubro com pico em agosto e setembro. |
CONCLUSÃO: |
• Não há um padrão bem definido para as épocas de floração e frutificação da andiroba. Tal fato pode comprometer o manejo da espécie, já que dificulta o planejamento da safra pelos extrativistas. Por outro lado, indica a necessidade de realizar estudos em longo prazo. • Diferente da adiroba, a castanha-do-brasil apresentou comportamento fenológico bastante previsível e sincronizado, em que a maior parte das árvores floresceu e frutificou todos os anos, sendo que a floração ocorreu no início das chuvas. Isto comprova o potencial da espécie para o manejo não-madeireiro. • A dispersão primária de sementes de copaíba parecer ter grande influência da ação de animais, já que nem todas as árvores que apresentaram frutos em desenvolvimento tiveram registros de dispersão. Neste caso, programas de coleta de sementes de copaíba devem ter estratégias apropriadas, como a coleta dos frutos diretamente na copa das árvores quando estes estiverem próximos à maturidade fisiológica. |
Palavras-chave: frutificação, florescimento, produtos florestais não-madeireiros. |