64ª Reunião Anual da SBPC |
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 5. Ciências Florestais |
PROPRIEDADES FÍSICAS E MECÂNICAS DE PAINÉIS DE MADEIRA UTILIZADOS NA INDÚSTRIA MOVELEIRA |
Anne Kimberlly Rodrigues de Castro 1 Frederico de Souza 1 Ricardo Faustino Teles 1 |
1. Aluna de Técnico em Móveis, Instituto Federal de Brasília - IFB - Campus Samambaia 2. Prof. Ms./Orientador - Instituto Federal de Brasília - IFB - Campus Samambaia 3. Prof. Ms./Co-orientador - Instituto Federal de Brasília - IFB - Campus Samambaia |
INTRODUÇÃO: |
Os painéis de madeira são materiais que possuem os mais diversos usos, desde usos estruturais na construção civil ao mobiliário em geral. Sendo assim, o conhecimento de suas propriedades físicas e mecânicas auxilia na escolha correta da matéria prima e também indica a qualidade do móvel confeccionado. No Brasil, a diversidade de painéis para a confecção de móveis é grande, entretanto poucos estudos são desenvolvidos para a aplicação destes resultados no mobiliário. Os painéis de madeira podem ser classificados em três grupos: os produzidos a partir de lâminas de madeira, conhecidos como compensados; os fabricado de partículas de madeira, MDP (Medium Density Particleboard) e OSB (Oriented Strand Board); e os feitos a partir das fibras de madeira, como o MDF (Medium Density Fiberboard). O presente estudo teve como objetivo, determinar de forma não destrutiva algumas propriedades físicas e mecânicas de três painéis usados na confecção de móveis. |
METODOLOGIA: |
Selecionou-se um painel comercial de MDF, de MDP e de compensado, pela disponibilidade destes materiais no Laboratório de Produção Moveleira do Instituto Federal de Brasília – IFB, Campus Samambaia. Selecionaram-se apenas as chapas com espessura de 15 mm, avaliando-se a densidade aparente (DA, g/cm³) e o módulo de elasticidade (MOE, kgf/cm²). De cada painel, retiraram-se cinco corpos de prova (CP) com dimensões de 880 x 140 x 15 mm (comprimento x largura x espessura). A densidade foi determinada para cada cp pelo método estereométrico com o auxílio de um paquímetro e pela determinação da massa em balança digital com precisão de 10-2 gramas. Calculou-se o módulo de elasticidade, seguindo-se o recomendado pela norma ASMT-D 4761/2002 onde cada cp foi ensaiado inicialmente em um vão livre de 840 mm (vão 1) e por uma carga central de 50 N, o que induziu cada cp à uma deformação (flecha). Em seguida, os cp foram cortados, reduzindo o vão para 620 mm (vão 2) e depois para 400 mm (vão 3). Ao final, de cada cp foi retirada uma porção para a determinação do teor de umidade (%) na condição do ensaio. Por fim, fez-se uma ANOVA ao nível de 1% de significância por meio do software SPSS v.17, levando-se em consideração a média e o desvio padrão das densidades e dos módulos de elasticidade. |
RESULTADOS: |
A densidade aparente observada para os cp de MDF, MDP e compensado estavam de acordo com a literatura, onde se observou 0,675; 0,637 e 0,561 g/cm³, respectivamente, a um teor de umidade médio de 8,07; 8,54 e 14,22%. Com relação ao MOE, os cp de compensado apresentaram os maiores valores para todos os três vãos, sendo os resultados significativos estatisticamente ao nível de 1%. Esperava-se que, para uma menor densidade, menores valores do MOE fossem observados, mas provavelmente devido à disposição perpendicular entre as lâminas adjacentes e pela continuidade dos tecidos vegetais na lâmina, os valores foram superiores aos cp de MDF e MDP. Sendo assim, observou-se o valor médio de 65.132,14; 59.719,94 e 64.217,34 kgf/cm² para os vãos 1, 2, e 3, respectivamente. Os cp de MDF e MDP não tiveram valores de MOE com diferença estatisticamente significativa nos vãos 1 e 3, mas apresentaram valores superiores a 40.000 kgf/cm² no vão 1 e superiores a 30.000 kgf/cm² no vão 3, para ambos os painéis. Por outro lado no vão 2, o MOE do MDP foi superior ao do MDF, com média de 57.740,44 kgf/cm² e o MDF com 37.620,04 kgf/cm². Acredita-se que na formação do MDP, as partículas mais finas das faces do painel, possam contribuir para o aumento do MOE destes cp em situação de flexão estática. |
CONCLUSÃO: |
A densidade observada para os três tipos de painéis encontra-se de acordo com os estudos relacionados, porém apenas este fator não explica os maiores valores de MOE observados nos cp de compensados, já que estes tiveram os menores valores de densidade. Os maiores valores do MOE observados foram dos cp de painel compensado para os três vãos analisados e os resultados obtidos foram estatisticamente significativos ao nível de 1% de significância. Neste caso, recomenda-se utilizar o painel compensado avaliado como matéria prima na confecção de móveis sujeitos à flexão. A avaliação não destrutiva pode ser utilizada como um método confiável para determinar o módulo de elasticidade em painéis de madeira usados na confecção de móveis, apresentando valores condizentes com a literatura. |
Palavras-chave: painéis, mobiliário, avaliação não destrutiva. |