64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 10. Comunicação - 1. Comunicação Digital
DIVULGAÇÃO CIENTÍFICA E MÍDIA DIGITAL: ESTUDO COMPARATIVO ENTRE A FAPEAM E FAPESP
Ulysses do Nascimento Varela 1
Cristiane de Lima Barbosa 2
Luiza Elayne Corrêa Azevedo 3
1. Meste pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM/UFAM)
2. Meste pelo Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM/UFAM)
3. Professora Doutora/Orientadora - Programa de Pós-Graduação em Ciências da Comunicação (PPGCCOM/UFAM)
INTRODUÇÃO:
O jornalismo científico se configura como tema relevante, pois demonstra o incremento da informação jornalística por meio de notícias e artigos sobre ciência, tecnologia e inovação na mídia. A divulgação científica assume um importante papel na sociedade e os meios de comunicação estão diretamente ligados ao desenvolvimento das Tecnologias da Informação e Comunicação – TICs, que fazem chegar à sociedade um grande número de informações. Entendemos ser importante acompanhar esse processo para averiguar se a divulgação científica atinge seu objetivo e em que grau isso ocorre no Amazonas. Buscamos compreender a transição entre a divulgação e o jornalismo científico que requer atenção e cuidados na elaboração de textos, e identificar, por meio dos sites da Fapeam e Fapesp, a presença de características ou parâmetros que possam definir notícias como jornalismo científico, e assim compreender de que forma os meios digitais tratam os textos voltados à cobertura de ciência. O trabalho mostrou-se relevante por viabilizar diagnósticos que servirão de base para futuros acompanhamentos sobre o processo evolutivo da divulgação da ciência, além de contribuir para a compreensão do papel dos jornalistas na construção do jornalismo, da ciência e da internet.
METODOLOGIA:
Para identificar e caracterizar a formulação das notícias produzidas pela Fapeam e Fapesp aplicamos a metodologia de análise de conteúdo baseada em Bardin (1979). A análise de conteúdo ateve-se a função heurística, que visa a enriquecer a pesquisa exploratória, aumentando a propensão à descoberta e ao surgimento de hipóteses quando se examinam mensagens pouco exploradas anteriormente e a função de administração da prova, para a verificação de hipóteses apresentadas sob a forma de questões ou de afirmações provisórias, partindo do suporte linguístico escrito direcionado à comunicação de massa, no caso a internet. O processo de explicitação, sistematização do conteúdo das mensagens, publicadas durante o mês de agosto de 2010, se deu a partir de pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados obtidos e interpretação com operações estatísticas e comparativas. A fase de exploração a categorização se deu a partir de um processo estruturalista de inventário, classificação e organização das unidades para interpretação e análise do grau de ocorrência. Adotamos como parâmetro os critérios de construção do jornalismo científico enumerados no Guia Prático de Divulgação Científica (MALAVOY, 2005), que traz algumas definições sobre a tarefa de divulgar a atividade científica.
RESULTADOS:
As características sugeridas por Malavoy ocorrem nas 24 reportagens da Fapeam, 100%, sendo que, 71% adotam mais que 50% das características. No site da Fapesp das 36 reportagens, 100% apresentam as características, sendo que, 94% das reportagens adotam mais de 50% das características. Nas duas instituições há preocupação quanto ao processo de elaboração dos textos. Destaca-se a presença de objetividade para chamar a atenção do leitor, a abertura, capaz de introduzir o assunto nas primeiras linhas do texto e a conclusão para causar impacto. Quanto aos princípios estilísticos (voz ativa, frases, enumeração, verbos, exemplificação e citação, etc.), estes estão presentes e são necessários, para fazer com que o texto em jornalismo científico seja conciso e alcance o seu objetivo, que é aproximar a ciência e a sociedade. Merecem destaque as baixas ocorrências nos dois sites quanto ao ato de associar, exemplificar, fazer analogias, usar metáforas e quantificar, para esclarecer o assunto ao leitor, não eliminando a incompreensão sobre o assunto abordado. O jornalismo científico requer cuidados especiais no que diz respeito às informações adicionais, com destaque para os títulos e subtítulos do texto e a necessidade obrigatória, no caso da internet, do uso de imagens.
CONCLUSÃO:
O jornalismo científico é um campo que vem se destacando nos últimos anos. Basta uma busca por notícias nos jornais impressos, televisivos e meios digitais para encontrarmos notícias que destacam os feitos científicos em diversas áreas do conhecimento. Tanta visibilidade nos fez refletir sobre o processo produtivo do jornalismo científico na internet. O contato com este tema nos proporcionou conhecer um pouco sobre a realidade do jornalismo científico praticado em Manaus por meio do site da Fapeam, ao mesmo tempo em que podemos traçar um comparativo sobre o mesmo trabalho realizado pela Fapesp. Com base na fundamentação teórica e sob a perspectiva da análise do conteúdo, nos propomos a identificar e caracterizar a formulação do texto científico veiculado na internet, e, como resultado deste trabalho identificamos o grau de compromisso dos textos com o jornalismo científico. De fato, pela quantidade, abordagem e similaridade de temas e a própria construção dos textos a partir das orientações e características sugeridas por Malavoy, hoje podemos afirmar que existe sim a produção do jornalismo científico em Manaus, em particular pelo site da Fapeam, sendo possível conhecer o grau de ocorrências das características sugeridas por Malavoy nos dois sites pesquisados.
Palavras-chave: Jornalismo Científico, Internet, Divulgação cientifica.