64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 5. Ecologia - 4. Ecologia
AVALIACAO DO USO DA TERRA SOBRE A PAISAGEM DA SUB-BACIA DO ZUTIUA, MARANHÃO.
Fabrícia de Lima Brito 1
Larissa Nascimento Barreto 2
Milton Cézar Ribeiro 3
Maria Patrícia Lima de Brito 1
1. Instituto Federal do Maranhão – Campus Centro Histórico
2. Profa. Dra./Orientadora – Departamento de Oceanografia e Limnologia - UFMA
3. Universidade Estadual Paulista – Campus Rio Claro
INTRODUÇÃO:
O aumento das pressões sobre os recursos naturais em todo o planeta tem levando a uma ampla conversão de florestas em áreas de uso da terra (METZGER, 2001, 2006) no Brasil. Esta fragmentação tem modificado a paisagem trazendo conseqüências a distribuição de habitats e influenciando fortemente as comunidades e os processos ecológicos que neles acontecem (ex. SILVA & ROSSA-FERES, 2007). No Maranhão, especialmente na Amazônia Brasileira este conhecimento é escasso ou quase nulo. Daí a necessidade de desenvolver estudos que foquem a composição espacial da paisagem para a tomada de decisão sobre o planejamento territorial da região e a análise da influência dessa paisagem sobre a biodiversidade e ecossistemas. Este plano de trabalho faz parte de um projeto maior intitulado ‘Bacia do Pindaré: Ferramentas para conservação e manejo integrado dos recursos naturais, Maranhão, Brasil’, apoiado pelo programa Capes-Wageningen e visa avaliar a configuração espacial da paisagem pra fins de planejamento territorial e propor medidas de conservação e planejamento territorial pra dar subsídios à sustentabilidade da região estudada.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido na região do Médio Pindaré, Bacia do rio Pindaré, Sub-bacia do Zutiua, Maranhão. A sub-bacia do Zutiua compreende 11 municípios com área total de 991.421,98 ha, tendo o município de Tufilândia contribuindo com 2,1% do território. A região sofre constantemente com a evolução dos empreendimentos industriais, expansão das fazendas de gado, influência da Estrada de Ferro Carajás da empresa Vale e da utilização constante da população local. As unidades de análise utilizadas foram delimitadas por um polígono de raio de 500 m ao redor de cada ponto amostral. Foram calculados a partir de mapa do Google-earth – 2 m de resolução: a porcentagem de floresta do raio, o valor de integridade do habitat do raio (utilizando a fórmula: INTEGHAB é igual a área de cada classe multiplicada pela nota de integridade e divididos pela soma da área da micro-paisagem), distâncias da lagoa mais próxima de cada ponto e do Lago de maior porte da região (Lago do Zutiua) e a distância da área de pastagem para cada ponto amostral. As imagens foram georeferenciadas utilizando o software ArcGis 9.3, tendo como referencia uma imagem Landsat, ano 2009.
RESULTADOS:
Foram definidas 7 classes de cobertura: água, pasto, pasto+Herbáceas/arbustivas, área lodosa/areia, floresta pioneira/inicial, floresta inicial e floresta média. Em todos os pontos amostrais a porcentagem de floresta não ultrapassou os 60% (Ponto 1 com a menor (31%) e o Ponto 2 com a maior (59%), os pontos 3, 5, 7 e 8 apresentaram respectivamente 54%, 55%, 53% e 49% de floresta. Todos os pontos sofrem com a perda de florestas, estando fragmentados pode-se esperar a perda de biodiversidade local e ecossistemas básicos. O Ponto 1 apresentou a menor integridade (= 13,68) e o Ponto 2 a maior (57,18). Os pontos 3, 5, 7 e 8 apresentaram, respectivamente, valores iguais a 21, 29, 54, e 26. Sendo os pontos 2 e 7 os com maior relevância para a conservação da biodiversidade e o 1 em situação mais crítica. É possível perceber que o gado tem grande reflexo na integridade do habitat e na porcentagem de floresta, não só no uso para a pastagem, mas também nas áreas de repouso, passagem e obtenção de recursos como água. Os dados demonstram que toda a área está em estado de fragmentação alto e assim necessita de urgência nas discussões políticas para a conservação do que ainda resta nas mesmas.
CONCLUSÃO:
As margens do rio Zutiua sofrem alto grau de fragmentação com baixa porcentagem de floresta (<60%). Há necessidade urgente da implementação de medidas de manejo e mitigação, garantindo um planejamento de áreas para conservação da diversidade local e manutenção dos remanescentes florestais. As melhores áreas para este trabalho são os pontos 2 e 7 e a pior área o ponto 1. Os fatores mais importantes da paisagem local é a distância da área de uso - pastagem e as distâncias da lagoa mais próxima e do lago do Zutiua. O conhecimento da estrutura da paisagem desta área promoveu subsídios para os governos locais iniciar projetos de conservação e revitalização de áreas degradadas em trechos específicos das margens do rio Zutiua. Um maior número de estudos e pontos amostrais na área seria importante para subsidiar ações governamentais muito mais eficientes.
Palavras-chave: Estrutura da Paisagem, Fragmentação, Maranhão.