64ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 8. Fisioterapia e Terapia Ocupacional - 1. Fisioterapia e Terapia Ocupacional |
ESTUDO COMPARATIVO DA AMPLITUDE DE MOVIMENTO ARTICULAR DA COLUNA VERTEBRAL CERVICAL E MOTRICIDADE OROFACIAL EM IDOSOS: ASPECTOS FUNCIONAIS |
Natasha Cristine Caetano Quadrado 1 Sueli Lima Costa 1 Tereza Loffredo Bilton 2 Patrícia Jundi Penha 3 |
1. Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde – PUC/SP 2. Prof. Dra./ Orientadora - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde – PUC/SP 3. Prof. Ms/ Co-orientadora - Faculdade de Ciências Humanas e da Saúde – PUC/SP |
INTRODUÇÃO: |
Com o envelhecimento as estruturas dos discos intervertebrais se degeneram e o conteúdo médio de fluido e altura média do disco diminuem. Essas diminuições fazem com que as vértebras aproximem-se alterando as relações biomecânicas das articulações zigoapofisárias. A maior proximidade das vértebras produz um aumento da compressão que será aplicada às superfícies articulares. As articulações, portanto, tornam-se menos estáveis e menos móveis e os componentes articulares apresentam mudanças estruturais e funcionais durante o processo de envelhecimento. Essas alterações incluem o aumento de cross-links no colágeno e elastina, espessamento da membrana basal e mudanças na concentração do ácido hialurônico que irão alterar a atividade metabólica e aumentar a resistência dos tecidos conectivos. O resultado é rigidez tecidual e restrição da amplitude de movimento em idosos. Considerando que a cervical constitui elo mecânico entre segmentos superiores e inferiores e que as alterações biomecânicas ocasionadas pelo envelhecimento poderiam influenciar prejudicialmente a coordenação e a rapidez da propulsão do alimento da boca para o estômago, este estudo teve o objetivo de comparar a amplitude de movimento da coluna cervical com as funções orofaciais em idosos, estabelecendo suas relações. |
METODOLOGIA: |
Foram avaliados 33 idosos de ambos os gêneros com idades entre 60 a 69 anos (G1) e 85 anos a mais (G2). Os sujeitos submeteram-se a duas avaliações: motricidade orofacial (Exame Miofuncional Orofacial) e da cervical por meio da avaliação da amplitude de movimento articular (ADM). Para avaliação das funções orofaciais, foram feitas as medidas de face, movimentos mandibulares e oclusão dental, exames extra-oral e intra-oral, mobilidade, tônus, dor à palpação e as funções da respiração, mastigação e deglutição. Para avaliação da ADM usou-se o Flexímetro (Instituto Code de Pesquisas) e foram seguidas as padronizações descritas pelo CD ICP Software Solution do Instituto. Os movimentos avaliados foram flexão e extensão, inclinação lateral e rotação axial direita e esquerda. Os testes estatísticos utilizados para a comparação entre grupos foram post hoc de Tukey e Mann-Whitney. Adotou-se nível de significância estatística de 5%. |
RESULTADOS: |
Os resultados demonstraram que o G2 apresentou menor amplitude de movimento articular para todos os movimentos de cervical (extensão: 56,01˚±3,88 (G1) e 48,85˚±15,74 (G2) p<0,001; flexão lateral à direita: 41,10˚±9,04 (G1) e 23,44˚±5,41 (G2) p<0,001; flexão lateral à esquerda: 43,82˚±8,57 (G1) e 26,52˚±7,59 (G2) p<0,001; rotação axial à direita: 61,90˚±20,62 (G1) e 36,52˚±23,98 (G2) p= 0,003; e, rotação à esquerda: 62,49˚±20,27 (G1) e 38,96˚±24,82 (G2) p=0,005), com exceção da flexão (52,56˚± 11,17 (G1) e 47,00˚± 13,77 (G2) p = 0,421). Na motricidade orofacial não houve diferença significativa, entre os grupos, para nenhuma das variáveis testadas. |
CONCLUSÃO: |
O grupo de mais idosos apresentou menor ADM para todos os movimentos de cervical, com exceção da flexão, quando comparado com o grupo de 60 a 69 anos. Biomecanicamente, sabe-se que a cervical funciona como uma alavanca de primeira classe, em que o eixo fica entre a ação da força da gravidade e os músculos antigravitacionais (que são os extensores – trapézio, principalmente). Portanto, o movimento de flexão é favorecido pela ação da gravidade, pelo próprio peso da cabeça, além da musculatura flexora. Contudo, na avaliação do exame miofuncional pôde-se observar que para todas as variáveis avaliadas, não houve diferenças estatisticamente significantes entre os grupos de idosos com 60 e 69 anos e 85 e mais. Uma possível justificativa é que a preservação da ADM de flexão de cervical pode favorecer o fechamento da laringe, facilitando a deglutição, principalmente dos líquidos e, consequentemente, auxiliando na preservação das funções orofaciais. Dessa forma, os resultados desse estudo demonstraram que, embora o grupo de 85 anos e mais apresente menor amplitude de movimento articular para a maioria dos movimentos de cervical, esses achados não influenciaram nas funções orofaciais dos idosos avaliados. |
Palavras-chave: Idoso, Amplitude de movimento articular, Deglutição. |