64ª Reunião Anual da SBPC
C. Ciências Biológicas - 10. Microbiologia - 3. Microbiologia
PREVALÊNCIA E PERFIL DE SUSCEPTIBLIDADE AOS ANTIMICROBIANOS DE BACTÉRIAS ISOLADAS DE UROCULTURAS DE PACIENTES ATENDIDOS EM UM HOSPITAL DA REDE PRIVADA DE SÃO LUÍS - MA.
Guilherme Nunes do Rêgo e Silva 1,2,3
Ana Claudia Garcia Marques 1
Vânia Marinho de Oliveira 1,2
Igor Nunes do Rêgo e Silva 1
Sirlei Garcia Marques 1,2,4
Maria Rosa Quaresma Bonfim 2
1. Universidade Federal do Maranhão - UFMA
2. Universidade Ceuma
3. Laboratório Mendel
4. Profa. Dra./ Orientadora - Hospital Universitário - UFMA
INTRODUÇÃO:
A infecção urinária é um processo infeccioso, geralmente bacteriano, de alguma parte do trato urinário ou dos rins, com proliferação bacteriana na urina. A sua gravidade varia desde assintomática até grave e capaz de evoluir para septicemia e choque (PEDROSO; OLIVEIRA, 2007). Acomete indivíduos de qualquer idade e de ambos os sexos, podendo ser influenciada por uma série de fatores, que podem ser de origem biológica e/ou comportamental do hospedeiro, bem como de características infectantes dos uropatógenos (VIEIRA et al., 2007). O padrão ouro para o diagnóstico laboratorial destas infecções é a urocultura, a qual confirma o diagnostico da ITU, permitindo a identificação do microrganismo infectante e possibilitando a subsequente realização de teste de susceptibilidade aos antimicrobianos (HÖRNER et al., 2008; COSTA et al., 2010). As ITU estão entre as doenças infecciosas mais comuns na prática clínica, sendo apenas menos frequentes que as do trato respiratório (ANVISA, 2004; BARBERINO, 2010). Desta forma, objetivou-se identificar a prevalência e comparar os perfis de susceptibilidade de bactérias isoladas de uroculturas de pacientes atendidos no ambulatório e internados em um hospital da rede privada de São Luís – MA.
METODOLOGIA:
Realizou-se um estudo descritivo, retrospectivo, com variáveis quantitativas. A pesquisa foi realizada em um hospital da rede privada de São Luís – MA onde se considerou como população da pesquisa as bactérias isoladas das 387 uroculturas realizadas de pacientes internados e de pacientes atendidos no ambulatório do hospital durante o período de Julho de 2010 a Julho de 2011. Foram incluídos na pesquisa pacientes de ambos os sexos e de todas faixas etarias com ou sem uso de antimicrobianos e, excluiu-se da pesquisa aqueles cujos registros no Laboratório não continham dados suficientes a respeito das uroculturas e antibiogramas, descartando-se também as duplicatas, isto é, exames de um mesmo paciente, com o mesmo agente etiológico. Pacientes com uroculturas positivas, mas com crescimento polimicrobiano também foram excluídos do estudo. As amostras foram processadas de acordo com os Procedimentos Operacionais Padrão (POPs) do setor de Microbiologia do Laboratório, sendo semeadas em ágar CLED e MacConkey por meio de alça calibrada 1:1000. Utilizou-se uma ficha-protocolo para anotação dos dados coletados nos registros informatizados do Laboratório Mendel.
RESULTADOS:
Do total de 387 amostras, 221 representaram uroculturas ambulatoriais e 166 uroculturas de pacientes internados no hospital. No ambulatório observou-se um percentual de 22,6% de positividade enquanto no hospital o mesmo percentual foi apenas 13,2%. Em ambos os locais as amostras procedentes do sexo feminino representaram uma maior prevalência (76% e 59,1%, respectivamente), resultado esse concordante com outros autores (MULLER et al., 2008; DAMASCENO et al., 2011). A faixa etária de maior acometimento foi, em ambos os casos, a da terceira idade (>60 anos), na qual segundo HEILBERG (2003) a presença de patologias coexistentes como diabetes, acidente vasculares cerebrais, alterações na resposta imune e hospitalização e/ou instrumentação tornam a ITU mais predisponente. Quanto à etologia das ITU, obtivemos perfis semelhantes nos dois ambientes estudados, tendo Escherichia coli como o agente infeccioso mais prevalente, assim como encontrado em outros estudos (HEILBERG; SCHOR, 2003; COSTA et al., 2010; CUNHA et al., 2010). Os perfis de susceptibilidade aos antimicrobianos foram, de modo geral, semelhantes, tendo o sulfametoxazol/trimetoprim como o antibiótico mais resistente entre os principais utilizados para o tratamento das ITU.
CONCLUSÃO:
A positividade de uroculturas ambulatoriais foi maior quando comparadas às dos pacientes internados. Observou-se que, tanto no ambulatório como no hospital, os indivíduos inclusos na faixa etária da terceira idade (>60 anos) bem como os do sexo feminino foram os mais acometidos pelas ITU. E. coli foi a bactéria de maior prevalência e o sulfametoxazol/trimetoprim o antimicrobiano de maior resistência em ambas as populações estudadas. É de se esperar que os perfis de susceptibilidade das bactérias frente aos antimicrobianos evoluam para um quadro favorável para o tratamento das infecções, uma vez que o acesso a esses medicamentos tornou-se mais difícil (vigência da RDC nº 20 de 5 de Maio de 2011) e, consequentemente, minimizando a probabilidade das bactérias adquirirem resistência e de eventuais falhas terapêuticas, sobretudo nos tratamentos empíricos onde não se faz o uso do antibiograma. Desta forma, deve-se sempre que possível iniciar o tratamento da infecção mediante o resultado do antibiograma aliado aos dados clínicos do paciente e, por outro lado, dar continuidade a outros estudos voltados para a interpretação desses perfis de susceptibilidade a fim de gerar dados científicos que possam contribuir para uma terapia medicamentosa mais eficaz e racional.
Palavras-chave: Infecções do trato urinário, urocultura, resistência bacteriana.