64ª Reunião Anual da SBPC
F. Ciências Sociais Aplicadas - 8. Demografia - 1. Componentes da Dinâmica Demográfica
A Inversão da Pirâmide Etária Paulista
Carlos Eugenio de Carvalho Ferreira 1
Rosana Capassi 1
1. Fundação SEADE
INTRODUÇÃO:
O fenômeno do envelhecimento vem atingindo praticamente todos os países, com maior ou menor intensidade, e constitui processo sem paralelo na história da humanidade. É nos países economicamente mais desenvolvidos onde o envelhecimento populacional encontra-se mais avançado, mas tem se reproduzido rapidamente naqueles em desenvolvimento, sobretudo na Ásia e na America Latina.
O processo de transição demográfica da população brasileira e mais especificamente da paulista, está provocando rápida mudança na estrutura etária da população. Segundo projeções da Fundação Seade, a participação das faixas etárias mais jovens, no total populacional, está se reduzindo, enquanto a daquelas mais idosas vem se expandindo rapidamente.
Esse fenômeno alerta para o fato de que as demandas sociais no âmago da sociedade paulista estão paulatinamente se alterando e pendendo para um segmento da população até recentemente pouco visível.
METODOLOGIA:
A metodologia dos componentes demográficos, entendida como método analítico, é a mais adequada para projetar populações por idade e sexo, uma vez que permite certo controle sobre o resultado final, no qual os efeitos e as conseqüências na composição e volume da população podem ser explicados demograficamente. Essa metodologia considera a tendência passada das variáveis demográficas – fecundidade, mortalidade e migração – e a formulação de hipóteses de comportamento futuro. Estudos detalhados e aprofundados dos componentes da dinâmica demográfica e econômica paulista, no passado e no presente, orientam a formulação de hipóteses necessárias para a aplicação do modelo demográfico de projeções para o Estado de São Paulo. A aplicação do método dos componentes demográficos exige estimativas das funções de mortalidade, fecundidade e migração para a área-alvo a ser projetada. Para que essas estimativas sejam realizadas e reflitam a real dinâmica demográfica da área a ser projetada, é preciso contar com dados precisos e detalhados por idade e sexo.
RESULTADOS:
As projeções demográficas para 2050 indicam profunda transformação na estrutura etária da população de São Paulo. Com inversão na figura da pirâmide tradicional, em que a base tornou-se mais estreita do que o topo. Isso significa dizer que, ao contrário do que acontecia em 1950, as faixas etárias, a partir da base, vão aumentando sua participação em relação ao total da população. A evolução demográfica no período 1950-2050 torna evidente o impacto das transformações que ocorrem na estrutura etária da população paulista e a transferência progressiva da participação dos jovens para os idosos, em relação à população total. As relações entre os segmentos inativos da população e aqueles em idade ativa sofrerão, também, alterações contundentes, como é possível intuir com as tendências do envelhecimento.
A razão de dependência é um indicador do peso da população em idade inativa, em relação àquela em idade ativa. Observa-se que os menores níveis de dependência, durante o processo de transição demográfica paulista, situam-se entre 2000 e 2020, com valores entre 51% e 54%. Até 2030, a razão continuará relativamente baixa, com um nível próximo de 60%, que já vinha vigorando desde a década de 1990.
CONCLUSÃO:
O período analisado caracteriza-se pelo fato de o segmento jovem desacelerar seu crescimento e começar a se reduzir e o dos idosos, que vem crescendo, não ter atingido, ainda, volumes mais expressivos. Trata-se de situação singular durante o processo de transição demográfica, denominada “janela demográfica de oportunidades” ou “bônus demográfico”, por refletir uma conjuntura demográfica favorável ao processo de desenvolvimento socioeconômico. As pressões determinadas pelas necessidades dos segmentos inativos da população seriam relativamente menores e haveria, portanto, mais fôlego na sociedade para investimentos visando o desenvolvimento e adaptação à nova realidade demográfica que já começa a se delinear.
Em outros termos, considerando-se que as necessidades das crianças e dos idosos inativos são satisfeitas por intermédio de transferências provenientes da população economicamente ativa, a queda da razão de dependência liberaria recursos que poderiam ser utilizados em novos investimentos.
Por outro lado, o aumento progressivo do segmento populacional idoso exige da sociedade programas e políticas públicas setoriais específicas voltadas para o atendimento das necessidades dessa faixa etária e para garantir a equidade entre gerações.
Palavras-chave: Transição Demográfica