64ª Reunião Anual da SBPC |
D. Ciências da Saúde - 3. Saúde Coletiva - 5. Saúde Coletiva |
SAÚDE MENTAL NA ATENÇÃO BÁSICA: CONCEPÇÃO DE MATRICIAMENTO PELA EQUIPE DE REFERÊNCIA E PELOS SEUS APOIADORES MATRICIAIS. |
Daniely Ildegardes Brito Tatmatsu 1,2 Ana Carolina da Costa Araújo 3 |
1. Doutoranda Programa de Pós-Graduação em Psicologia - UFSCAR 2. Profa. Orientadora - Dep. de Psicologia UFC 3. Psicóloga pela Universidade Federal do Ceará |
INTRODUÇÃO: |
Em função da recente inserção do Matriciamento como metodologia de trabalho pela Política Nacional de Saúde Mental, esta proposta deve ser abordada no intuito de gerar reflexões e questionamentos acerca desse arranjo organizacional no contexto dos serviços de saúde do país. O presente trabalho teve como finalidade descrever a concepção das ações de Matriciamento dos profissionais que compõem tanto as equipes de referência, na Rede de Atenção Básica, como seus apoiadores matriciais, na Rede de Saúde Mental, no município de Fortaleza. |
METODOLOGIA: |
O estudo caracterizou-se como uma pesquisa de campo de abordagem qualitativa. Foram realizadas dezoito entrevistas, através de um roteiro semi-estruturado, entre profissionais da atenção básica e dos serviços de saúde mental que se encontravam engajados nas atividades de Matriciamento em saúde mental em seis Centros de Saúde da Família e nove observações, as quais foram registradas em diário de campo. Este procedimento ocorreu entre os meses de junho a setembro de 2011. A análise dos dados foi feita pela técnica de análise de discurso. |
RESULTADOS: |
Entre os sujeitos entrevistados, predominaram profissionais do sexo feminino, com faixa etária média de 34,6 anos. O tempo de participação no Matriciamento demonstrou que essa é uma atividade recente para os serviços de saúde avaliados. Mesmo aqueles profissionais que participaram das atividades de Matriciamento desde a sua implementação no serviço, o fazem em média há três anos. No que se refere à concepção dos profissionais acerca do Matriciamento em saúde mental, a maioria dos entrevistados parece estar familiarizada com tal proposta, pois ao defini-la, abordam seus principais aspectos, tais como integralidade no cuidado, trabalho em rede, apoio técnico-assistencial e pedagógico e organização do fluxo entre os serviços que constituem a rede de saúde. O Matriciamento é percebido como uma ferramenta que pode auxiliar os profissionais a lidar com os aspectos psicológicos e sociais do usuário. No entanto, especialmente entre os profissionais da Atenção Básica, existe certa dificuldade em entender o Matriciamento de forma mais abrangente, restringindo-o a atividade predominantemente realizada em cada Centro de Saúde, tais como estudos de caso, consultas conjuntas, visitas domiciliares, etc. |
CONCLUSÃO: |
De uma maneira geral, foi possível perceber que a compreensão pelos profissionais de saúde acerca do Matriciamento em saúde mental ainda é um processo em construção. Há a necessidade de orientar as equipes de Saúde da Família com relação aos pressupostos da Reforma Psiquiátrica Brasileira, ao modelo de Atenção Psicossocial da Política Nacional de Saúde Mental e à estratégia de Matriciamento como via de articulação entre as Redes de Atenção Básica e de Saúde Mental. Em função disto, faz-se necessária também a manutenção do trabalho de sensibilização para o manejo adequado dos casos de saúde mental. No entanto, embora as mudanças aconteçam de forma gradual, é exatamente através delas que os objetivos do Matriciamento vão sendo alcançados e um novo olhar é lançado sobre o sofrimento psicológico nesse município. |
Palavras-chave: Matriciamento, Saúde Mental, Atenção Básica.. |