64ª Reunião Anual da SBPC
E. Ciências Agrárias - 3. Recursos Florestais e Engenharia Florestal - 6. Recursos Florestais e Engenharia Florestal
PALIÇADAS VIVAS: UMA ALTERNATIVA PARA RECUPERAÇÃO DE ÁREAS DEGRADADAS POR EROSÃO
Joceline Maria da Costa 1
Ademir Martins Pereira Junior 2
Luciele Vaz da Silva 1
Willany Rayany Formiga de Melo 2
Sue Éllen Ester Queiroz 3
1. Graduado em Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
2. Graduando em Tecnologia em Gestão Ambiental do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
3. Profa. M.sc./ Orientadora - Departamento de Gestão Ambiental - Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí
INTRODUÇÃO:
A degradação do solo pode ser definida como o declínio da sua qualidade, causado pelo uso impróprio, resultando na diminuição ou mesmo perda da sua capacidade de desempenhar as funções que lhe são naturalmente designadas (POCH & MARTINEZ-CASASNOVA, 2002). Segundo CASSOL (1981) a cobertura vegetal intercepta as gotas de chuva, dissipa a energia cinética da queda e evita o seu impacto direto sobre a superfície, o que reduz o grau de desagregação do solo, evitando consequentemente o processo de erosão. A erosão antrópica, identificada como erosão acelerada, remove paulatinamente as camadas superficiais do solo, chegando a formar sulcos ou ravinas, quando o escoamento da água é torrencial (POLITANO et al., 1992). O método de paliçadas vivas, conhecido também como caniçadas ou live fascines, consiste na formação de fardos de material vegetativo enraizável instalados em trincheiras, formando uma série de banquetas no solo que diminuem a velocidade do escoamento superficial e ancoram os sedimentos, reduzindo a erosão (ARAÚJO et al., 2009), através da formação de uma barreira mecânica neste solo. Portanto, objetivou-se com o presente trabalho estudar a eficiência do uso de paliçadas vivas no controle de erosão para recuperação de áreas degradadas.
METODOLOGIA:
O estudo foi desenvolvido de março a dezembro de 2010. Realizado na área do Instituto Federal Goiano – Campus Urutaí. O solo para o estudo encontra-se degradado e com erosão na forma de sulcos. Na construção das paliçadas foram utilizados galhos da espécie Bambusa gracilis que foram amarrados e colocados nas trincheiras de 10 cm. A instalação das paliçadas foi feita na base da encosta e posteriormente encosta acima, segundo as recomendações de ARAÚJO et al. (2009). Para o dimensionamento das ravinas, inicialmente foi realizada uma avaliação das erosões em cada parcela. Após o primeiro evento chuvoso, foi realizada a segunda medição das dimensões das ravinas. Para avaliar a movimentação de solo na área, foram utilizadas estacas cravadas no solo. Em cada parcela foram instaladas três estacas graduadas, sendo uma na base, meio e topo da encosta. Foram realizadas duas avaliações, a primeira avaliação feita após a primeira chuva, com precipitação de 9 mm, a segunda após 40 dias da primeira avaliação, com precipitação de 364 mm, neste intervalo de tempo. Os resultados foram submetidos à análise de variância (ANAVA), pelo programa Sisvar 5.0 (FERREIRA, 2007), sendo que os dados de movimento de solo e as médias das dimensões das ravinas foram comparados pelo teste de Tukey a 5% de probabilidade.
RESULTADOS:
Através do dimensionamento das ravinas, observou-se que, na segunda avaliação houve diminuição dos valores de todas as variáveis avaliadas, enquanto que no controle observou-se aumento das dimensões. Observou-se também uma média de movimentação do solo de 1,1 cm nas parcelas com paliçadas, já nas parcelas sem tratamento foi quantificado uma movimentação média de 4,4 cm, representando uma redução de 75% de movimento de solo em relação ao controle. Esperava- se, na segunda avaliação que o movimento de solo fosse superior, pois ocorreram 11 eventos chuvosos a partir da primeira avaliação, porém quando comparadas, observou-se uma redução de movimento do solo. Isso devido à desagregação das partículas do solo e com a primeira chuva, logo após um longo período de estiagem, ocorreu um maior movimento de solo na primeira avaliação. Contudo, observa-se uma diminuição dos valores de todas as variáveis avaliadas para o tratamento quando comparado ao controle. Mesmo sem o enraizamento da espécie, foi verificado que ramos e folhas presentes nas paliçadas foram suficientes para a contenção das erosões, servindo como uma barreira física para diminuir a velocidade das enxurradas, diminuindo assim o movimento de solo no local.
CONCLUSÃO:
Com a implantação das paliçadas ocorreu uma diminuição das dimensões das erosões, tanto na largura, como no comprimento e espessura. As paliçadas também proporcionaram um menor movimento de solo na área, de até 75%, em relação ao controle. Estes resultados indicam que, com a instalação das paliçadas formou-se uma barreira física que impediu que o solo fosse carregado pelo escoamento superficial. Pode-se concluir que a instalação de paliçadas na área foi eficaz para diminuir a perda de solo através do escoamento superficial, apresentando-se como uma metodologia de baixo custo e praticidade de aplicação para recuperação de áreas degradadas com erosão do tipo ravinar.
Palavras-chave: Erosão hídrica, Ravina, Movimento de solo.